Gostaram das motocicletas de filmes mostradas na outra semana? No meu caso, eu gostei tanto de fazer a lista que estou aqui novamente com mais algumas delas. Ainda com mais tempo livre do que eu gostaria, acabei começando uma segunda lista por acaso, procurando nas plataformas de filmes por streaming uma história – antiga, de preferência – interessante. Além das motocicletas e dos automóveis, também curto demais música e cinema.
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Entre alguns com motos de filmes interessantes, acabei descobrindo o filme The Black Rider, de 1954, em preto e branco e sem legendas, sem dublagem e sem título local. Mistura de Vigilante Rodoviário, Hitchcock (fase inglesa) e Scooby-Doo, o filme é um tanto ingênuo, porém bem amarrado, com uma história bacana e muitas motocicletas. Passa-se no interior da Inglaterra dos anos 50, com o vilão passeando encapuzado pilotando uma BSA Bantam, que tem motor dois tempos e que é chamado, na história, de motor silencioso. Isso porque ele quer fazer parecer que é um espírito montado em um cavalo.
Há um clube de motociclistas no vilarejo – eles têm Norton, Triumph, Matchless, Excelsior, BSA e até uma Douglas Vespa (a Douglas montava a Vespa na Inglaterra) – e se divertem promovendo gincanas com as motos, daquelas em que os participantes têm que levar um ovo na colher, sem quebrá-lo. E se unem para desmascarar a trama, bem à la Scooby-Doo.
Outro filme cujas motocicletas são fundamentais no enredo é Quadrophenia, de 1979, notório pela trilha sonora do The Who (e outros grandes nomes do rock dos anos 60). Uma trama meio pesada, envolvendo os jovens que se dividiam entre os Mods, pilotando Vespas e Lambrettas excessivamente customizadas, e os Rockers, que nos anos 60 circulavam pelos cafés londrinos com suas Norton, BSA e Triumph também customizadas, justamente o que criou o estilo Café Racer, tão em voga nos dias atuais.
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O protagonista, vivido pelo pouco conhecido ator Phill Daniels, pilota uma Lambretta. Seu companheiro Ace Face, que pilota uma Vespa, é nada menos do que Sting, um pouco antes de ficar mundialmente famoso com o conjunto The Police.
Filmes cuja história gira em torno da rebeldia que as motocicletas pareciam incitar são muitos, nos anos 60 e 70. Em Os Anjos Selvagens (Wild Angels, de 1966), protagonizado por Peter Fonda – antes de Easy Rider –, os motociclistas desafiam a polícia da Califórnia. Já em Os Demônios do Volante (Hell Angels On Wheels, 1967), um pacato motociclista, vivido por Jack Nicholson, entra para a famosa gangue e descobre, a duras penas, a brutalidade das ações do grupo. O título em português mostra como o Brasil estava longe dos acontecimentos motociclísticos em meados dos anos 60, já que no lugar de “volante”, deveria ter-se usado o termo “guidão”.
Em Rebeldia Violenta (Rebel Rousers, filmado em 1967 e lançado em 1970), Jack Nicholson é o líder de uma gangue que disputa a preferência da mocinha com um grupo de motociclistas de uma cidadezinha costeira. O tira-teima acaba em uma corrida de morte, é claro!
Alguns filmes são muito acima da média. Antes de estrelar Baretta, o ator Robert Blake vive um policial rodoviário do Arizona que investiga um homicídio, no ótimo Electra Glide In Blue (A Polícia da Estrada, 1973). Apesar de o filme levar o nome de um dos modelos mais conhecidos da norte-americana Harley-Davidson, o personagem principal chega a dizer “Eu odeio a motocicleta que me obrigam a usar. Não há nada pior do que este elefante debaixo da minha bunda!” Corroborando essa idéia, o vilão Bob Zemko, vivido por Peter Cetera, líder da banda de rock Chicago, usa uma Honda CB 450 DOHC K6 de 1973.
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Há filmes de terror com motos (Psychomania, 1973), piegas (One Week, 2008), e um policial espanhol violento (Uno Verano Para Matar, 1972), este último com uma história de vingança e a utilização de motocicletas de produção local, como a Ossa.
Filmes de guerra também costumam mostrar motocicletas, como o famoso Glória Feita de Sangue (Paths Of Glory, 1957), que se passa no front da Primeira Guerra Mundial. A curiosidade é que a motocicleta que transporta o Coronel francês Dax, personificado pelo ator Kirk Douglas, é uma alemã Mars A20 de 1921, modelo posterior ao término do conflito.
Juntando motocicletas com outro assunto muito, muito interessante, O Cavaleiro do Tempo (Time Rider, 1982) conta a história do personagem de Fred Ward, um um piloto de cross country que vai treinar no deserto com sua Yamaha XT 500 de 1977 e passa por uma máquina do tempo experimental, indo parar no velho oeste. Causando alvoroço em uma época em que os pistoleiros não conheciam as motocicletas, ele acaba se envolvendo com sua bisavó.
Filme ruim, também tem. Harley-Davidson e Marlboro Man, de 1991, reúne uma dupla de canastrões modernos, Mickey Rourke e Don Johnson (Miami Vice, lembra?), que saem por aí em duas Harley-Davidson FXR Low Rider, a do Marboro original e a do Harley levemente customizada.
A crítica é favorável, mas eu não gostei do filme, que tem de bom apenas o nome chamativo e a dupla de machões do cinema. Um detalhe interessante é a motocicleta da polícia, uma Honda PC 800 Pacific Coast 1989. Eu cruzei a costa oeste dos Estados Unidos com essa motocicleta exatamente nesse ano.
Por fim, uma motocicleta que me intrigou muito na minha infância, a BatMotocicleta. No seriado humorístico Batman & Robin, de 1966, o herói mascarado, em algumas vezes, sai com sua Yamaha YDS3 Catalina, equipada com side car. Eu sempre achei que era uma motocicleta maior, mas era só imaginação de criança.
No segundo ano da série, a bela BatGirl circula exclusivamente com sua Batgirl Bike, a mesma moto só que um ano mais nova do que a do Batman, uma Yamaha YDS5 250 de 1967. O mais interessante é que, mesmo sem saber qual moto era, eu tinha uma igual em casa mesmo, pois meu pai tinha uma Yamaha YDS5 250 comprada em 1969. Tá, chega de cinema e as motos de filmes . Na próxima semana falaremos de motocicletas.