Antigamente, as pessoas guardavam dinheiro e alguns bens valiosos dentro do colchão. Algumas pessoas ainda têm o costume e escondem seus pertences. Imagine só que um norte-americano resolveu guardar uma Ferrari 250 GT Coupé Pininfarina dentro de um pequeno apartamento em Los Angeles (EUA) durante décadas. O veículo só foi descoberto recentemente por seu advogado, que contou a história ao site Petrolicious .
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É uma história tão surreal que não parece ser verdade. Um advogado ouviu que um de seus clientes teria guardado um carro dentro de um apartamento e começou a perguntar a respeito. O dono, que havia começado a vender seus pertences para poder se aposentar e mudar de estado, decidiu mostrar o veículo ao advogado. Quando chegou ao local, veio a surpresa: Era uma Ferrari 250 GT Coupé Pininfarina, uma versão muito rara, de apenas 355 unidades.
O dono do cupê tinha toda a documentação do veículo organizada em uma pasta. A Ferrari foi vendida diretamente para um morador da Califórnia chamado John von Neumann, que o vendeu para o segundo dono em 1975. Depois de oito anos aproveitando o esportivo, decidiu guarda-lo. Como Hollywood era uma região mais perigosa na época, decidiu guardar de uma forma que ninguém pudesse roubá-lo.
Como era dono de diversos apartamentos pela cidade, escolheu um pequeno que estivesse no térreo, abriu um buraco na parede, estacionou a Ferrari lá dentro e fechou o buraco. E lá ficou desde 1985. Segundo o advogado, a ideia veio de uma tirinha de jornal, na qual o protagonista teria feito o mesmo – o dono até colocou uma cópia dos quadrinhos junto com a documentação do veículo.
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A ideia era reformar o veículo, porém o serviço ficou pela metade. Para não chamar a atenção, o dono chegava ao ponto de desenhar as peças que queria comprar levar até uma loja para fazer o pedido. Era um plano tão mirabolante que, ao invés de destruir a parede e erguer outra, ele fez com que ela fosse capaz de mover-se para poder tirar o veículo lá de dentro quando quisesse.
Terceira vida
O advogado conseguiu comprar a Ferrari. Para tirar o cupê do apartamento, teve que contratar um pessoal para verificar a parede e cortar o cimento que foi passado sobre as frestas. Para sua sorte, as dobradiças ainda funcionavam. Como o processo de reforma ficou pela metade, o motor e a transmissão estavam fora do veículo. Os freios não funcionavam e os pneus estavam com pouco ar. Cinco pessoas tiveram que empurrá-lo para fora.
Livre de sua caverna, o cupê foi direto para uma loja especializada em restaurar Ferraris – estamos falando de Los Angeles, é lógico que tenha uma oficina dessas na cidade. Os mecânicos estão remontando o veículo com as peças que estavam guardadas no apartamento, para ter uma ideia do que está faltando ou se realmente está completo.
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O plano do advogado, no momento, envolve apenas reformar o veículo para que fique o mais original possível. Embora a documentação diga que a cor original fosse branca com o interior vermelho, o novo dono afirma que não acha que combine com o esportivo e pensa em pintar de outra cor – especialistas disseram a ele que, contanto que use um dos tons disponíveis no catálogo original, o modelo não perderá seu valor.
Não quer perder o valor vá fazer muita diferença. Embora não descarte a ideia de vender a Ferrari em algum leilão no futuro, o novo proprietário acredita que vai acabar ficando com o cupê esportivo. “Eu provavelmente vou acabar me apaixonando por ele e ficando, o que eu acho que vai acontecer de qualquer jeito”, explica.
A Ferrari 250 GT Coupé Pininfarina teve apenas 335 unidades produzidas. É uma edição especial, criada após Enzo Ferrari pedir ao estúdio italiano que desenhasse uma versão. Lançado em 1958, o cupê utilizava o mesmo motor que as demais versões, o 3.0 V12, embora com 242 cv, contra os 220 cv do original. Um modelo semelhante já foi vendido em leilão por € 580.000, o que dá R$ 2.267.684 na cotação atual.