Segundo o último levantamento da Associação Brasileira de Blindagem, o Brasil é campeão em veículos blindados. A entidade diz que o País tem uma frota de mais de 160 mil modelos – em 1995, carro blindado era raro, com apenas 388 unidades em todo o Brasil. Não é difícil passar em frente a uma revenda e encontrar vários modelos com algum tipo de blindagem à venda. Pelo preço, pode parecer uma boa alternativa para fugir da violência, mas é necessário tomar muito cuidado. Confira nossas dez dicas para escolher direito.
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Documentação correta
Todo carro blindado tem uma documentação especial feita pela empresa que realizou o serviço. É necessário aval das forças armadas e essa autorização fica junto com os documentos. Desde 2008, todo carro blindado deve ter a descrição no documento do veículo – dê preferência para esses modelos, por ter uma garantia de que serviço foi feito, ao invés da palavra do vendedor ou do dono.
Empresa de confiança
Todo carro acompanha o Certificado de Blindagem. Pegue o nome da empresa no documento e pesquise a respeito, para conseguir uma opinião geral sobre a experiência com a blindadora, além de descobrir se a companhia ainda está regularizada conforme as leis vigentes. Vale sempre dar um pulo em sites de reclamação como Reclame Aqui, para descobrir como a empresa age sobre a garantia.
Revisão da blindagem
Ao contrário da crença popular, blindagem não tem prazo de validade. O que pode acontecer com um usado é que, em caso de acidente, uma peça da carroceria tenha sido substituída sem receber a blindagem, como uma porta ou um vidro. Fale com a revenda ou o dono e faça um acordo para levar o veículo onde possa ter a blindagem revisada, para garantir que esteja tudo em ordem.
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Garantia vigente
Como dissemos, a blindagem não tem um prazo em que deixa de funcionar. As empresas costumam oferecer uma garantia padrão de três anos. Dependendo do serviço e da blindadora, o prazo pode chegar a até 15 anos. Verifique qual foi a garantia e se ainda está em vigência, se a blindadora ainda existe e se as revisões periódicas estão em dia (não confundir com as revisões mecânicas das concessionárias).
Qual é a blindagem
Ser blindado não basta. A capacidade de proteção varia de acordo com o nível da blingadem. No Brasil, existem seis tipos: I, II-A, II, III-A, III e IV. O nível I aguenta tiros de armas calibre .22 e .38, além de ataques com ferros e pedras. Conforme o número sobe, a blindagem fica ainda mais resistente. A mais comum em carros civis é a III-A, feita para suportar tiros de uma submetralhadora Uzi (com balas de 9mm) ou uma Magnum .44. O nível III é de uso restrito, com uma autorização especial do Exército para casos especiais, enquanto a blindagem IV é exclusiva para as Forças Armadas e chefes de Estado.
Faça um test-drive
Calma, guarda essa arma que não é para testar a blindagem. Todo carro blindado fica até 230 kg mais pesado, por causa do material utilizado. Dirija o modelo para ter uma ideia de como ele se comporta nas ruas. O peso a mais pode danificar a suspensão e o sistema de direção. Veja se está torto ou balançando demais nas curvas, comportamento que pode indicar um problema. Ruídos incomuns dentro da cabine também chamam a atenção para possíveis defeitos, como o câmbio e componentes da tração. Os pneus também merecem atenção, sem bolhas ou marcas de reparo, já que eles são especiais e usam a tecnologia run-flat, que permite rodarem mesmo se forem furados.
Vidros em ordem
Dê mais atenção aos vidros do carro. Eles recebem várias lâminas especiais para aguentar o impacto de tiros, que podem começar a desgrudar. Verifique se há algum sinal de delaminação, como bolhas de ar maiores do que 2 cm². É possível arrumar a delaminação. Se estiverem trincados ou com grandes manchas brancas que vão das bordas para o centro, é sinal de contaminação, sendo necessário trocar o vidro. Outra preocupação é com o sistema elétrico. Devido ao peso, pode deixar de funcionar com o tempo.
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Interior bem cuidado
Só de entrar no carro já é possível ter uma ideia da qualidade do trabalho que foi feito para blindar o veículo. Algumas empresas fazem o trabalho de qualquer jeito, sem encaixar direito as peças de acabamento ou, em alguns casos, sem colocar de volta após a blindagem. Verifique se o acabamento está inteiro e se não foi colocado algum parafuso sobre os revestimentos de coluna ou forrações da porta. Um cheiro de umidade pode indicar que entrou água nas portas ou em volta do para-brisa, o que afeta a durabilidade da aramida, fibra sintética usada na blindagem.
Vedado e ventilado
Um carro blindado deve ficar fechado da melhor forma possível. Abra e feche as portas, para garantir que o funcionamento está correto. Veja se elas estão devidamente alinhadas com a carroceria. Se estiverem encostando na soleira, é sinal de problemas nas dobradiças ou, nos piores casos, na estrutura. Ligue o ar-condicionado e veja se está em ordem, pois é um item essencial – o veículo vai circular sempre com os vidros fechados e a blindagem faz com que o interior retenha mais calor do que o normal.
Cuidado com a mecânica
Mesmo com todo o conjunto mecânico em ordem, vale escolher o carro blindado com cuidado. Evite modelos manuais, devido ao risco de errar uma troca de marcha pelo nervosismo na hora da fuga. Procure um modelo com cIambio automático que faça trocas rápidas – ou seja, evite automatizados de uma única embreagem. Fique de olho em qual é o motor, já que o carro irá perder desempenho pelo peso extra da blindagem.