Depois de passado por uma das maiores crises da sua história, a indústria automotiva no Brasil está cansada de viver de altos e baixos e da falta de planejamento. Por isso, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) propõe um novo regime automotivo a partir de janeiro de 2018 baseado em uma série de medidas para o desenvolvimento do setor e estabelecer um planejamento de longo prazo que viabilize os tão necessários investimentos para que a indústria nacional se desenvolva como um todo.
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De acordo com o presidente da Anfavea, Antônio Megale, "nós (a índústria automotiva) sempre vivemos de curto prazo porque nunca tivemos um planejamento de longo. Para que haja investimentos é preciso ter um tempo de maturação e de previsibilidade", disse ele. E a chamada Rota 2030, como tem sido chamado o novo regime automotivo , vem com objetivo de tornar a indústria automotiva no Brasil mais competitiva diante de outros mercados, o que vai favorecer a exportação e a qualidade dos produtos que serão oferecidos no País em vários aspectos, entre os quais segurança, eficiência energética, desempenho e relação entre custo e benefício.
São várias as propostas apresentadas pela Anfavea ao Governo Federal, que se baseam em nove pilares:
-recuperação da base de fornecedores
- localização de tecnologia
-relações trabalhistas
- eficiência energética
- Pesquisa e desenvolvimento
- segurança
- inspeção veicular
- logística
- tributação
Principais medidas
Entretanto, destacam-se alguns pontos mais importantes. Um deles é o fim dos 30 pontos percentuais de IPI para carros importados, que vai acabar no início de 2018, talvez de forma gradual, o que ainda não foi definido. " De qualquer forma, o modelo baseado na maior exposição do Brasil no comércio mundial é o mais promissor e não o voltado apenas ao consumo", comentou Megale. Com isso, o preço de alguns modelos vindos de outros países deve baixar. Além disso, estão estudando uma simplificação na cobrança de impostos e na redução de IPI de carros híbridos e elétricos que não são fabricados no Brasil, entre os quais o Toyota C-HR, que deverá ser importados da Turquia.
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Outro item interessante das propostas da Rota 2030 fica por conta da visão de longo prazo do que deverá ser equipamento de segurança nos carros. Um dos novos itens será o controle eletrônico de estabilidade, que será obrigatório no Brasil a partir de 2020 para modelos zero-quilômetro inéditos ou que passarem por grandes mudanças. E em 2022 para todo e qualquer carro novo que sair das linhas de montagens das fabricantes.
O que também está sendo avaliado é fazer uma inspeção veicular bem feita na frota nacional já que os dados ligados à frota circulante sem condições de trafegar com segurança são alarmantes no Brasil. Apenas na cidade de São Paulo, a maior do País, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), são feitas 700 intervenções em veículos com problemas mecânicos por dia, o que dá 35 mil unidades por ano. Outro dado impressionante é que entre 20% e 30% da frota paulistana é ilegal, ou seja, não está com os tributos em dia, cheia de multas e sem condições adequadas.
A agenda proposta pela Anfavea é bem extensa e tem levado a reuniões semanais com o governo para chegar a um denominador comum. As primeiras definições do novo regime automotivo, que começam a entrar em vigor em janeiro do ano que vem, deverão ser anunciadas no final de agosto. E além do que já foi comentado até agora também deverá ser definida mais rapidamente a questão dos incentivos à pesquisa, desenvolvimento e engenharia. É importante que a formação acadêmica, o ensimo técnico, o intercâmbio profissional dentre diversos outros pontos tenham papel fundamental para o desenvolvimento para o profissional do futuro no Brasil.
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Conclusão
As propostas da chamada Rota 2030 são bastante extensas e abrangentes e buscam passar a limpo do setor automotivo nos próximos anos em busca de competitividade diante do mercado global e na qualidade dos produtos oferecidos no Brasil. Além disso, procura estabelecer uma certa previsibilidade para atrair investimentos e conquistar a confiança como um todo. Porém, será necessário um grande esforço por parte do governo e de toda a cadeira automotiva para que as mudanças necessárias se viabilizem.
Até mesmo a polêmica questão de renovação de frota foi abordada nas propostas do novo regime automotivo, baseada no uso da sucata para fomentar a indústria da reciclagem. Resta saber se haverá o engajamento necessário e as mudanças de cultura no País, para que o Brasil volte a ocupar um lugar de destaque entre os cinco principais mercados de veículos no mundo com o novo regime automotivo, a partir do início de 2018.