Apontar os precursores de uma tecnologia sempre gera polêmica. Os americanos, por exemplo, esbravejaram quando Santos Dumont foi apontado como o pai da aviação durante a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Da mesma forma, não é muito claro se o primeiro celular da história foi inventado pela Motorola, em 1983, ou se o telefone portátil Dyna Tech mostrado dez anos antes em Nova York é o merecedor do título. Isso não acontece entre os carros pioneiros.

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É muito claro quando um modelo é o primeiro de sua classe a inaugurar uma tecnologia. O Del Rey, por exemplo, foi o primeiro com luz direta no cluster entre os carros fabricados no Brasil. Anos depois, o Gol GTI estreou a injeção direta de combustível, algo inédito até 1988. Partindo disso, a reportagem do iG elege cinco carros pioneiros em suas tecnologias que foram fabricados no Brasil.

1-  SUV compacto: Ford EcoSport

Ford EcoSport é um dos carros pioneiros por ter sido o primeiro SUV de sucesso a utilizar a receita dos dias de hoje
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Ford EcoSport é um dos carros pioneiros por ter sido o primeiro SUV de sucesso a utilizar a receita dos dias de hoje

A Ford foi pioneira em diversas tecnologias no Brasil. O primeiro carro automático fabricado por aqui foi o Galaxie LTD, no fim da década de 1960. Anos depois, no final da década de 70, surgiu o compacto Corcel II, como o primeiro veículo nacional com o moderno câmbio de cinco marchas. Mas todos os méritos vão para o lançamento do EcoSport , inaugurando o conceito dos SUVs compactos, em 2003.

Levou um tempo até que as rivais se tocassem de que a estratégia valia ouro. Basta utilizar a plataforma de um hatch compacto (no caso, o Fiesta) para lançar um carro mais encorpado e espaçoso. A receita foi utilizada quase uma década depois, uma vez que HR-V compartilha sua base com o Fit. Além disso, o SUV T-Cross é feito sob a mesma base do Polo, e por aí vai. Atualmente, o EcoSport emplaca muito menos que seus principais rivais. Mas por conta da década em que esteve à frente da categoria, o modelo da Ford ainda ostenta o posto de SUV mais vendido da história do País.

2 -Central multimídia de série: Chevrolet Onix

A lista dos carros pioneiros não poderia ficar sem o Chevrolet Onix, primeiro fabricado no Brasil com central multimídia
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A lista dos carros pioneiros não poderia ficar sem o Chevrolet Onix, primeiro fabricado no Brasil com central multimídia

Em um mundo cada vez mais conectado, uma boa central multimídia virou critério de compra. A Chevrolet enxergou a tendência em meados de 2012, e decidiu investir no sistema MyLink para o Onix , o primeiro veículo fabricado no Brasil com central multimídia. O MyLink se mostrou muito à frente de seu tempo, com opções de reprodução de mídia e conectividade com o celular.

Os anos se passaram, e o MyLink continua sendo um dos melhores sistemas multimídia de sua categoria. Apesar de ainda não integrar TV Digital (algo que o HB20 já faz há um tempo), ele também aposta na conectividade OnStar. Trata-se de um sistema concierge de assistência de condução, sendo o primeiro da categoria entre as quatro grandes fabricantes do Brasil.

3 - motor 16 válvulas: Fiat Tempra

Fiat Tempra inaugurou os motores de 16 válvulas entre os carros pioneiros dos anos 90
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Fiat Tempra inaugurou os motores de 16 válvulas entre os carros pioneiros dos anos 90

A válvula de admissão deve enviar a quantidade máxima de ar para dentro do motor. Dessa forma, assim que a válvula é aberta, há uma mistura do ar com o combustível para a explosão que acontece no movimento dos pistões. Assim funciona o “coração” de um automóvel.

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Até 1993, todos os carros fabricados no Brasil tinham duas válvulas por cilindro (uma para admissão, outra de escape). Com a temperatura elevada, elas acabam ficando sobrecarregadas precocemente. Eis que chega o Fiat Tempra , com o moderno motor de 16 válvulas (quatro por cilindro), proporcionando mais eficiência na queima do combustível, admitido mais ar na câmara de combustão. Ainda que um motor de oito válvulas seja melhor na arrancada, a unidade com 16 válvulas terá melhor desempenho em rotações mais altas.

4- motor flex: VW Gol

De início, as pessoas torceram o nariz para o VW Gol Total Flex, mas o compacto entra para a lista dos carros pioneiros
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De início, as pessoas torceram o nariz para o VW Gol Total Flex, mas o compacto entra para a lista dos carros pioneiros

O sistema flex parece simples mais de quinze anos depois de sua apresentação, mas não foi bem assim em meados de 2003. Administrar dois combustíveis com octanagens diferentes foi um verdadeiro desafio para a Volkswagen, que precisou acertar temperatura, pressão e a quantidade de combustível dentro da câmara. Vale lembrar que o etanol também leva oxigênio em sua composição, e é naturalmente mais corrosivo que a gasolina.

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Seu motor 1.6 AP era capaz de desenvolver 97 cv com gasolina e 99 cv com álcool. Alguns meses depois,  depois do Gol Total Flex, chega a primeira geração do Fox, com motor da linha EA.  Para refrescar a memória, as primeiras unidades flex foram muito criticadas por não alcançarem os mesmos níveis de eficiência de seus modelos convencionais. Mas os brasileiros acabaram abraçando a ideia, e os motores flex já aparecem hoje em dia até mesmo em carros premium e híbridos.

5 - motor flex sem tanquinho: Peugeot 208

Modelos flex sempre tiveram o problema do tanquinho. Isso mudou a partir do Peugeot 208, um dos  carros pioneiros
Divulgação/Peugeot
Modelos flex sempre tiveram o problema do tanquinho. Isso mudou a partir do Peugeot 208, um dos carros pioneiros

Os motores flex geraram outro problema para os brasileiros: os infames tanquinhos para partida a frio. O combustível vegetal não consegue se misturar tão bem com o ar em baixas temperaturas, abaixo de 15 graus centígrados. Por isso, é preciso injetar um pouco de gasolina, que é mais volátil e consegue emulsionar bem como ar, para para o motor ser ligado quando estiver frio. Curioso é que até em países em que é vendido o etanol E85 (com 15% de gasolina), já não é preciso ter o tanque auxiliar.

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Mas, com 100% de etanol no tanque, sem a injeção de gasolina, não seria possível dar a partida em dias frios, daí a necessidade de um reservatório com combustível fóssil para facilitar a partida. O Peugeot 208, por outro lado, foi o primeiro carro flex do Brasil a não contar mais com o infame tanquinho de partida a frio. No lugar dele, a marca francesa investiu em bicos injetores aquecidos, que elevam a temperatura do etanol e permitem uma partida sem a necessidade da gasolina entre os carros pioneiros .

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