As marcas francesas, assim como boa parte dos franceses, costumam gerar polêmica. Quem for revirar um pouco a história da Peugeot, Citroën e Renault verá uma série de modelos ousados, para o bem e para o mal. Se por um lado tiveram a ideia genial de lançar o primeiro carro com tração dianteira (o Tracion Avant), em 1934, nunca lidaram muito bem com caixas de câmbio.
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Hoje em dia, modelos da Peugeot, Citroën e Renault têm componentes bastante confiáveis, desenvolvidos com o que há de melhor no setor automotivo. Quer um exemplo? O motor 1.6 THP (Turbo High Pressure), que no Brasil também é oferecido em alguns modelos como flex, foi feito em conjunto com a BMW. Rende bem e está instalado em modelos como os SUVs 2008, 3008 e 5008.
Na parte de transmissão, principalmente na questão da caixa de câmbio, cujo histórico das marcas francesas não é dos mais favoráveis, boa parte dos modelos da Peugeot, Citroën e Renault usa sistemas da japonesa Aisin. Anteriormente, as três tiveram problemas com câmbios, desde o modelo 11, de meados dos anos 50, até a famosa caixa AL4, que vinha na minivan Scénic e, depois de receber algumas mudanças, chegou no Captur 2.0, não mais oferecido no Brasil.
Em fóruns, blogs e afins, não é difícil encontrar reclamações da suspensão de alguns modelos de marcas francesas, mas isso também ficou no passado, pelo menos na maioria dos casos. Atualmente, as três marcas francesas têm carros feitos no Brasil e bem adaptados às (más) condições de boa parte do piso das vias do País.
Marcas francesas, iguais ou diferentes?
Às vezes, o preconceito contra as marcas francesas chega ao ponto que acharem que os carros de Peugeot, Citroën e Renault usam são todos iguais, feitos com as mesmas peças. De fato, no início da década passada, as versões 1.0 16V do Clio e do 206 tinham o mesmo motor (salvo pequenas adaptacões de cada marca), mas hoje, isso mudou. No Brasil, a PSA (Peugeot Sociedade Anônima) nem vende mais carros 1.0.
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Nos modelos compactos, o 208 vem com o 1.6 FlexStart, o primeiro motor com bicos injetores aquecidos, o que dispensa o famoso "tanquinho" da partida a frio. E o 1.6 da Renault é completamente diferente: trata-se do Sce, um dos mais modernos da categoria, com bloco e cabeçote de alumínio, além de variadores de fase no comando de válvulas para ajudar no rendimento do motor em uma faixa mais ampla de utilização.
Aliás, as parcerias das marcas francesas também mudaram bastante. A Renault trabalha junto com a Dacia e a Nissan, da qual usa algumas tecnologias e componentes. Tanto o Captur quanto o Duster, por exemplo, usam o câmbio automático XTronic, do SUV Kicks. E as marcas da PSA começaram a desenvolver projetos com a alemã Opel, marca que foi da GM e que desde meados de 2017 é controlada pelos franceses.
Claro, no caso dos modelos Peugeot e Citroën , existem vários componentes em comum, inclusive a plataforma, uma vez que são marcas que fazem parte de um mesmo grupo. Mesmo assim, cada marca tem sua particularidade, seja quando o assunto é design, acerto do conjunto , padrão de acabamento, entre outros itens. A marca do leão segue uma linha mais esportiva e a do "double chevron" adota ares mais voltados ao conforto.
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Por tudo isso, fica respondido: não, as marcas francesas não são todas iguais. E mais: os franceses de hoje não são os mesmos, embora tenham sido obrigados de deixar meio de lado toda a ousadia de projetos como do DS19, que fez uma Revolução Francesa" no meio automotivo, num mundo em que soluções simples, de baixo custo e com o máximo de eficiência estão na ordem do dia.