Algumas pessoas só estão confortáveis quando andam de carro zero quilômetro. Outras até têm dinheiro para tal, mas ficam tentadas a adquirir um seminovo de patamar superior. É neste ponto que emergem as dúvidas sobre a relação custo-benefício. Comprar um carro premium é arriscado? Vale o status? É melhor economizar combustível com um veículo "basicão"?
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Em uma nova série de análises para 2020, a reportagem do iG Carros colocará dois modelos de mesma marca no ringue para definir se vale a pena investir no seminovo ou no zero quilômetro. Na primeira etapa, optamos por dois modelos da Volkswagen: o Voyage 1.6 MSI automático com cheiro de novo (R$ 63.870) e o Jetta 1.4 Comfortline 2016 com quatro anos de uso (R$ 64.590). Qual negócio é melhor?
Conforto e Segurança
Ao comparar o sedã compacto com um veículo médio que é objeto de desejo, precisamos ressaltar que o Jetta trará muito mais status que o Voyage. Ainda que o modelo seja montado sob uma plataforma antiquada, o sedã médio não perdeu a pompa de carrão. Isso pode ser comprovado por suas proporções, com 4,65 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 2,65 m de entre-eixos. No porta-malas, são 510 litros de capacidade.
O Voyage é mais contido em suas proporções. São 4,21 metros de comprimento (- 44 cm), 1,65 m de largura (- 12 cm) e 2,46 m de entre-eixos (- 19 cm), além do porta-malas de 480 litros. Vale lembrar que o Voyage não possui sistema de ancoragem Isofix para cadeirinhas de bebê, indo contra sua proposta familiar para o casal que acabou de ter um filho. Não há encosto de cabeça para o ocupante que vai no meio do banco traseiro, tampouco cinto de três pontos.
O Jetta tem quatro airbags (frontais e laterais), controle de estabilidade e tração, sistema Isofix, assistente de partida em rampa e até regulagem de altura dos faróis. Além da direção assistida que facilita na hora de manobrar, a VW também inclui sensores de estacionamento traseiros.
Neste quesito, o Jetta é a melhor opção para famílias com bebês por conta do Isofix. O bom espaço interno para quem vai sentado no banco traseiro também pode agradar os adolescentes. Mas um casal sem filhos ainda poderia se virar bem com o Voyage, que traz freios ABS e airbags frontais previstos por lei.
Equipamentos
Como um veículo premium , o Jetta tem bancos revestidos de couro, rodas de liga-leve aro 16 e ar-condicionado automático. No Voyage, o revestimento é de tecido e as rodas ainda têm calotas. Para adquirir as rodas de liga-leve aro 15, o cliente terá que desembolsar mais R$ 3.150 pelo pacote Urban Completo, que também inclui faróis de neblina e retrovisores com sinalização. Neste caso, o valor do sedã compacto sobe para R$ 67.020.
A central multimídia Composition Touch surge no Voyage automático em um pacote que custa R$ 2.100, acrescentando volante multifuncional e paddle shifts para trocas de marcha. O motorista poderá fazer o espelhamento da tela do celular pelos sistemas Android Auto e Apple CarPlay (via cabo USB), reproduzindo a interface de Waze, Spotify e outros aplicativos. O Jetta Comfortline de 2016 ainda não contava com este recurso, obrigando o proprietário a utilizar as conexões Bluetooth ou cabo auxiliar para ouvir música.
O Jetta é mais equipado que o Voyage, mas se você é daqueles que não abandona o celular nem para as refeições, talvez prefira o sedã compacto. A conectividade já é um dos critérios de compra do público mais jovem, e isso pesa a favor do Voyage.
Dirigibilidade e mecânica
Estamos comparando dois modelos de mecânicas muito consolidadas. O motor 1.4 TSI do Jetta é o mesmo que equipa Golf , T-Cross , Tiguan e sua nova geração em 2020. Em 2016, ele ainda não bebia etanol - portanto, diferentemente do Voyage, o proprietário ficará restrito à gasolina. São 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque, distribuídos às rodas pela transmissão Tiptronic de seis marchas.
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O Jetta sempre chamou atenção entre os veículos novos e seminovos pelo comportamento esportivo, mesmo na versão 1.4. De acordo com a VW, o sedã pode acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 8,6 segundos antes de atingir a velocidade máxima de 200 km/h. O consumo catalogado pelo Inmetro é de 10,4 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada.
Abrindo o capô do Voyage, você encontrará o mesmo 1.6 MSI de quatro cilindros que já equipou a versão de entrada do Golf em meados de 2015. São 120 cv de potência e 16,8 kgfm de torque, gerenciados pela transmissão automática de seis marchas. Por conta do baixo peso (apenas 1.050 kg, contra 1.298 kg do Jetta), o Voyage ainda assegura certa agilidade, acelerando de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos - conforme a fabricante.
Quando abastecido com etanol, o compacto pode aferir 8 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada. Com gasolina no tanque, os números vão para 11,1 kml e 14,3 km/l, respectivamente.
Os números não mentem. Enquanto o Voyage tem uma pegada mais urbana para levar os filhos na escola, ir ao trabalho ou fazer compras, o Jetta se mostra mais adequado para quem curte viajar sem aperto e sofrimento nos fins de semana.
IPVA
Considerando o Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores de 4% para Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (os mais caros do Brasil), o motorista terá que pagar R$ 2.103 para o Voyage e R$ 2.705 para o Jetta - de acordo com os valores divulgados pela Tabela Fipe. Ou seja, o IPVA do Voyage é 22% mais em conta que o do Jetta. Valor considerável, que pode pesar no bolso e fazer muita diferença na hora de fechar a compra.
Seguro
Em uma cotação realizada pela corretora Meu Seguro Auto para um homem casado na faixa dos 30 anos com filhos pequenos, residente de São Paulo, o melhor valor que obtivemos para o Voyage foi de R$ 2.298 para a cobertura completa (roubo, furto,enchente, etc).
Para o Jetta, o valor ficou na faixa dos R$ 3.200 - ou seja, quase R$ 1 mil mais salgado que o do modelo compacto. No cálculo de porcentagem, o seguro do Jetta é 30% mais elevado.
Pneus
Também cotamos o preço dos pneus em revendedores online. Um jogo de quatro pneus da Pirelli para o Voyage (nas medidas 175/70 R14, com calota) custa R$ 1.086. Para o Jetta, o melhor valor que consultamos para quatro unidades Dunlop 225/45 R17 foi de R$ 1.690. Ou seja, os pneus para o Voyage são 36% mais em conta.
Depreciação
De acordo com a tabela Fipe, a depreciação do Jetta 1.4 Comfortline 2016 foi de 5,50% em 2019. Assim que deixar a concessionária, o Voyage 1.6 automático perderá 14,2% de seu valor. A partir dos números, pode-se concluir que o Jetta já passou pela era mais abrupta de sua desvalorização - que já está estabilizando. Comprar o Voyage implicará em menor valor na hora da revenda, algo que os compradores de veículos zero quilômetro já estão acostumados.
O preço do status
Depois de tantos tópicos, as cartas estão lançadas à mesa. O Jetta trará mais status, segurança e espaço interno, mas cobrará alto por isso. Os valores de seguro, IPVA e pneus mostram que é um carro que exige certo esforço para ser mantido - mas talvez os números compensem ao considerar a desvalorização.
O valor de qualquer automóvel despenca nos dois primeiros anos. Quem compra carro zero quilômetro dificilmente irá rodar ao ponto de ter que trocar os pneus, mas sofrerá com as revisões nas concessionárias que costumam ser inflacionadas. Por outro lado, mesmo que você leve seu Jetta seminovo em uma oficina de sua confiança, serviços em veículos premium costumam ser bem mais caros.
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Conclusão
Também é preciso analisar o perfil do cliente. Se você tem filhos pequenos que ainda usam cadeirinhas de fixação, fuja do Voyage . Caso o objetivo seja rodar na cidade para as tarefas do dia a dia, o compacto pode compensar mais que o Jetta. Mas levando em conta a relação entre a desvalorização abrupta de 14% do Voyage no primeiro ano de uso, talvez a conta fique melhor para o Jetta, um carro mais espaçoso, seguro e que consegue aliar bom desempenho com baixo consumo.