A Ford levou certo tempo para trazer o Fiesta ao Brasil. Lançado na Europa em 1976, o modelo só estreou por aqui em 1995, quando já tinha 19 anos de mercado. O modelo compacto foi responsável pela modernização da linha de compactos da marca, colocando a Ford na vanguarda do fim da década de 90.
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Mas com tanto tempo de vida no exterior, faria sentido trazê-lo antes? Talvez não, partindo do pressuposto de que o Escort vendia feito água durante esse período. Quando o Fiesta foi lançado em 1995, o Escort Hobby 1.0 servia de “quebra-galho”, até que um veículo mais moderno chegasse.
Novo conceito de modernidade
O mercado automotivo brasileiro vivenciou um momento de muita intensidade em meados de 1995. Os clássicos Gol da geração quadrada, Chevette Júnior e Escort Hobby foram descontinuados para dar lugar a produtos mais requintados. A Volkswagen arredondou as linhas do hatch compacto, incorporando uma nova linguagem de design ao Gol - que viria a ser conhecido como “bolinha”. A Chevrolet trouxe a nova geração do Corsa , com projeto alemão e sistema de injeção eletrônica, à época, raridade no segmento.
O Fiesta não estreou como nacional. Durante o primeiro ano, a Ford importou o modelo da Espanha com motor 1.3 da família Endura. Em 1996, veio a nacionalização total em São Bernardo do Campo (SP) e o lançamento da versão 1.4 Zetec com o defeituoso módulo EEC-V.
Em 1999, já como modelo 2000, os antigos 1.3 Endura e 1.4 Zetec saem de linha para dar lugar aos novos 1.0 e 1.6 da saudosa família Rocam.
Subindo o sarrafo
Em 2003, a Ford apresentou a segunda geração do Fiesta nacional, sendo esta a quinta geração global. O modelo que mais lembrava um subcompacto cresceu em todas as suas proporções, assumindo a forma de um hatch muito bem resolvido. Até hoje, foi a geração que mais vendeu, ganhando sobrevida mesmo após o lançamento do New Fiesta.
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A segunda geração nacional era oferecida em três versões, sendo a 1.0 Personnalité a mais básica. A intermediária 1.0 Supercharger foi a primeira a contar com compressor mecânico como equipamento de série. Por fim, o pacote mais caro era o Class, vendido exclusivamente com motor 1.6 Rocam .
Tudo novo
O New Fiesta foi apresentado como conceito durante o Salão de Frankfurt de 2007. Chegou às lojas da Europa no ano seguinte, com grande foco no Reino Unido - onde sempre foi um dos carros mais vendidos. No Brasil, o hatch chegou com dois anos de atraso, em 2010, sendo importado do México antes de voltar a ser nacional em São Bernardo do Campo (SP).
Essa geração chamou muita atenção pelo visual disruptivo e esportivo, além do bom grau de refinamento interno - tópico que a Ford não conseguiu manter na hora de nacionalizá-lo. Em seus primeiros anos, era vendido com motor 1.5 de 111 cv e 1.6 de 128 cv, que também poderia vir equipado com o problemático Powershift. Durante seu facelift de meia-vida, o modelo também ganhou motor 1.0 Ecoboost.
Fim da produção
Em fevereiro de 2019, surge a bomba. A Ford anunciou que iria encerrar as operações na longeva planta de São Bernardo do Campo, colocando um ponto-final à produção de seus caminhões e o Fiesta.
Foram 24 anos no mercado brasileiro, evidenciados pela entrega de um ótimo produto. O Fiesta demorou para chegar, mas sempre tentou se manter atual na comparação com o que era apresentado no resto do mundo. Chega a ser difícil apontar qual foi o seu melhor momento no Brasil, mas nós, particularmente, gostamos da segunda geração nacional e do primeiro New Fiesta mexicano.
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Futuro
O site americano Automotive News entrevistou o vice-presidente de gerenciamento da linha de produtos da Ford, Jim Baumbick, em meados de 2019. Na ocasião, o executivo cravou que a Ford teria um novo compacto global na categoria do Fiesta em meados de 2022. De acordo com a publicação, protótipos já estariam sendo avaliados pelo conselho da marca. Resta saber se, um dia, teremos o Fiesta no mercado outra vez no Brasil.