Fábricas vão começar a voltar a funcionar gradualmente a partir de maio, mas terão que enfrentar grandes desafios daqui para frente
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Fábricas vão começar a voltar a funcionar gradualmente a partir de maio, mas terão que enfrentar grandes desafios daqui para frente

A paralização da indústria automotiva por causa da pandemia do novo coronavírus causa impactos em várias fases do do negócio automotivo, como força de trabalho, capital de giro, tratamento remoto aos clientes, aumento de custos e queda na produção. Diante disso, a Bright Consulting faz as previsões dos números do setor de veículos não apenas para 2020, mas para os dois anos seguintes, como pode ser visto no quadro abaixo.

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Em linhas gerais, em 2020, estima-se que as vendas de veículos em 2020 ficarão em 2.295.000 ante 2.665.583 de 2019, o que representa uma queda de 13,9%. E a produção fechará 2.341.000 contra 2.803.841 do ano passado, ou seja baixa de 16,5%. Entretanto, a partir de 2021, a consultoria prevê uma gradual recuperação, mas isso deverá depender da ajuda de crédito.


2019 2020 2021 2022
Vendas no varejo 2.665.583 2.295.000 2.547.582 2.738.462
Produção 2.803.841 2.341.436 2.2590..87 2.77.988


Todas as montadoras colocaram seus funcionários em férias coletivas, algumas delas estendidas até início de junho. Começam as negociações de layoff com esquemas de redução parcial de jornada e remuneração. Algumas fabricantes estudam esquemas de trabalho alternado entre equipes de produção. Veja abaixo as datas de retomada na produção das fabricantes.

Quadro
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Em abril, os emplacamentos somaram 16.191 unidades até o dia 14, mas é provável que existam mais vendas não transformadas em emplacamento por conta do fechamento dos DETRAN´s em função do isolamento. O peso de vendas diretas subiu para 54% do volume, com boa proporção para locadoras. Dependendo da liberação do isolamento em algumas cidades de maior população, o volume emplacado poderá ser um pouco superior.

Os governos federais e estaduais vieram em socorro ao mercado estendendo prazos de pagamento de tributos, ao oferecer financiamentos subsidiados para pequenas e médias empresas, aporte de recursos para pessoas de baixa renda sem carteira assinada e flexibilização da legislação trabalhista. Porém, a maioria dessas soluções apenas desloca os pagamentos para frente. O próprio poder público terá dificuldades em resgatar os negócios mais combalidos pela redução na arrecadação de impostos causada pela queda na atividade econômica.

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Lançamentos durante este período, como os novos Chevrolet Tracker e Renault Duster , correm o risco de ficarem esquecidos após o reinício das atividades, o que forçará as empresas a fazerem um segundo investimento para o relançamento. Novos produtos terão seus cronogramas adiados em até 180 dias, até que seja possível reorganizar os processos de manufatura e campanhas de lançamento e que haja clientes disponíveis a comprar.

Nissan Versa é dos vários modelos que tiveram o lançamento adiado no Brasil, onde fabricantes vão rever seus planos
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Nissan Versa é dos vários modelos que tiveram o lançamento adiado no Brasil, onde fabricantes vão rever seus planos


Com o potencial sucesso das medidas de isolamento social e o achatamento da curva de contágio, espera-se um gradual relaxamento das restrições à circulação e ao trabalho não essencial, algo que ainda não se demonstrou nos números. A Bright Consulting trabalha com início da retomada das atividades do comércio de veículos e da produção das montadoras no início de maio.

Revisamos nossa previsão de vendas de abril de 31 para 43 mil unidades e mantivemos os volumes de emplacamento de maio e junho, o que faz o 2º trimestre atingir 341,3 mil unidades – uma queda de 37% em relação ao primeiro trimestre de 2020. Nossa previsão de produção não se alterou, pois já considerava extensões de férias coletivas e os estoques de 266 mil unidades do final de março atendem o mercado dos próximos dois meses, obviamente com alguma deficiência no mix de veículos.

Espera-se que haja, por parte do governo, flexibilização na qualificação das montadoras às regulações de eficiência energética e segurança do programa Rota 2030 e de emissões PL7 e PL8 do Proconve. Achatar a curva das metas para evitar aumento de custos em um momento futuro de recuperação do mercado parece ser razoável.

O grande risco aqui seria a postergação de datas cujos efeitos à saúde pública e à economia seriam imensos. Corte imediato de todos os custos possíveis, redução de investimentos e engavetamento de expansões estão na ordem do dia.

Juntamente com as medidas de curto prazo endereçadas à falta de liquidez e sobrevivência das empresas, é fundamental que a indústria e o governo aproveitem o momento para acordar sobre a desoneração de impostos sobre produtos hoje importados, objetivando a localização da produção, que podem não gerar arrecadação num primeiro momento, mas certamente fortalecerão o mercado de trabalho e a escala necessária à melhoria da competitividade.

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O momento exige rapidez e soluções ousadas. Adiar as decisões de corte de custos, redução de investimentos, paralisações de reformas e ajustes na folha de pagamento podem significar a diferença entre sobreviver ou não após a pandemia, voltando a aumentar as vendas de veículos .

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