Concessionárias voltam a abrir as portas, mas terão que se adaptar aos novos tempos para sobrevirem na nova era em que vivemos
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Concessionárias voltam a abrir as portas, mas terão que se adaptar aos novos tempos para sobrevirem na nova era em que vivemos



Depois de 70 dias de fechamento por causa da pandemia de Covid-19, as concessionárias do município do Rio reabriram seus salões de vendas na última quarta-feira. Durante esse período, apenas as oficinas dos estabelecimentos estiveram abertas.

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O baque foi grande mas já se nota uma retomada:

— Vendemos apenas 35 carros zero-quilômetro em abril, mas esse número subiu para 70 em maio. Antes do coronavírus, a média era de 300 por mês — revela Ricardo Antonio Freire, diretor comercial da Simcauto, concessionária Chevrolet que tem quatro lojas no Rio e uma em Nova Iguaçu. — Por mais que se mostre carro no site, o cliente quer ver de perto. Avaliação do usado também é muito melhor de forma presencial.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê que as vendas dos veículos em 2020 serão 40% menores que em 2019. A maioria dos fabricantes estima que só no primeiro trimestre de 2021 os números voltarão aos níveis pré-pandemia. Os mais de dois meses de lojas fechadas, porém, criaram uma demanda reprimida.

— Ficamos surpreendidos no primeiro dia de reabertura — conta Renato Visco, diretor operacional do grupo AB Abolição, que tem 13 concessionárias entre VW, Honda, Nissan, Mercedes, Volvo, Harley-Davidson e Man.

Sinais vitais

A maior procura no momento é por modelos mais caros, segundo Lello Pepe Filho, do grupo Azzurra, que tem oito concessionárias Fiat, Jeep e Renault:

— Esta semana tivemos a bolsa subindo e o dólar caindo. Isso é música para nossos ouvidos. O dinheiro retorna ao mercado, especialmente das marcas premium . Os sinais vitais estão voltando.

Como todos os fabricantes anunciaram o reinício da produção para o fim de maio e o início de junho, será preciso livrar-se do estoque “engasgado” desde março para girar capital e receber carros novos. A quem não perdeu o emprego e tem algum dinheiro em caixa, esta pode ser uma boa hora para comprar. Tanto as lojas quanto as marcas estão bancando promoções.

A Jeep, por exemplo, adia a primeira prestação para 2021, e não cobrará as duas revisões iniciais. Tática parecida adota a Nissan: primeira parcela para daqui a um ano, com uma revisão grátis a quem der o carro usado como entrada.

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— Todo mundo quer fugir da prestação. O comprador quita as parcelas restantes de seu usado, dá o carro na troca do zero-quilômetro e só começará a pagar no ano que vem — apregoa Visco.

Até a Honda, pouco afeita a promoções, está oferecendo bônus de até R$ 5 mil em alguns modelos.

— Promoções para desovar modelos 2019/2020 que restam nas lojas , dão descontos de 25% para pessoa jurídica — diz Lello.

Já os modelos importados estão sendo vendidos pelo “dólar antigo”, ou seja: de antes de a escalada da moeda americana alcançar os R$ 5. Os próximos carros certamente chegarão bem mais caros.

Nas lojas, observa-se o “novo normal”. Há mais distância física nos atendimentos, escalas de vendedores mais espaçadas, agendamentos virtuais antes do atendimento na loja, higienização constante dos carros e, claro, todo mundo na concessionária usando máscaras descartáveis.

— Nosso negócio nunca teve aglomeração, mas aumentamos os espaços entre as cadeiras e mesas, e redobramos os procedimentos de limpeza — explica Freire.

Limpeza dá lucro

Higienização da Hyundai com ozônio e uma série de procedimentos para sanitização da parte interna dos veículos começa a ser oferecida
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Higienização da Hyundai com ozônio e uma série de procedimentos para sanitização da parte interna dos veículos começa a ser oferecida


O próprio temor de infecção tem levado os fabricantes a pedirem novos padrões de higiene nas lojas e, ainda, a lucrar com novos serviços.

A Ford, por exemplo, passou a oferecer um um trabalho de “desinfecção” em que são higienizados 50 pontos do carro, por R$ 129. A Renault, em breve, anunciará um programa parecido.

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— Achava que o mundo ia acabar, que haveria uma quebradeira, que seria preciso fazer muitas demissões, mas está tudo voltando ao normal. Não vejo um cenário muito sombrio — afirma Lello.

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