Carlos Tavares, da PSA, e Mike Manley, da FCA; gigantes formam o Grupo Stellantis
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Carlos Tavares, da PSA, e Mike Manley, da FCA; gigantes formam o Grupo Stellantis

A fusão entre os grupos PSA e FCA foi o evento mais importante da indústria automotiva global em 2020. A nova gigante Stellantis inclui 12 fabricantes, integrando as marcas Fiat , Jeep , Peugeot , Citroën , Dodge , Ram e Opel . Mas segundo analistas consultados pelo site americano Autoblog , algumas devem ser extintas nos próximos anos.

Carlos Tavares, CEO do Grupo PSA , tem fama de ser um executivo com pouca tolerância a produtos que não sejam lucrativos. Este é o caso da Chrysler , fabricante americana controlada pela FCA.

A marca conta com apenas quatro veículos em sua linha nos Estados Unidos, incluindo o sedã 300, as minivans da família Pacifica (com opção a gasolina e híbrida) e o monovolume de luxo Voyager. No Brasil, a Chrysler não oferece mais veículos novos, e continua atendendo apenas serviços de pós-venda nas concessionárias.

Crise da Fiat na Europa

Fiat não é lucrativa na Europa, apesar de ser a maior empregadora da Itália; fábricas devem fechar nos próximos meses
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Fiat não é lucrativa na Europa, apesar de ser a maior empregadora da Itália; fábricas devem fechar nos próximos meses

A fusão entre os grupos foi aprovada na União Europeia antes do Natal. Carlos Tavares passará a ter controle da Stellantis a partir do fim de janeiro, com grande foco na reestruturação no velho continente. Todas as fábricas da Fiat na Europa estão operando com capacidade reduzida, e analistas sugerem que Tavares deve declarar o fim de algumas plantas nos próximos meses.

“A Europa tem sido uma máquina de jogar dinheiro fora para a FCA, onde os carros do grupo francês fazem sucesso. O problema é que a Fiat é uma das maiores empregadoras da Itália”, avalia Stephanie Brinley, analista financeira do grupo Markit, consultada pelo Autoblog. Segundo a especialista, a Stellantis se encontra em uma encruzilhada.

Carros de luxo de Maserati e Alfa Romeo devem ser eletrificados em breve
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Carros de luxo de Maserati e Alfa Romeo devem ser eletrificados em breve

A Itália deve manter a produção de carros da Maserati e Alfa Romeo, mas a FCA precisa de dinheiro para investir na produção de modelos híbridos e elétricos. Só assim as operações fariam sentido, de acordo com a analista Michele De Palma. 

“A Fiat tem capacidade para produzir 1,5 milhão de carros por ano na Itália. Mas apenas algumas centenas de milhares de unidades estão sendo produzidas desde antes da pandemia”, avalia. 

Na Polônia, a FCA também produz o Ypsilon, único modelo da Lancia na Europa. A marca também corre risco de ser extinta pela gestão de Carlos Tavares, uma vez que nunca foi lucrativa na região.

O início da Stellantis deve marcar o fim de fábricas na Itália, Alemanha e Estados Unidos, segundo o analista Karl Brauer, da iSeeCars. “Você não pode ser eficiente se manter toda a escala em ambas as companhias. Já vimos isso antes. Os grupos devem integrar suas plataformas para economizar em todos os continentes”

Jeep, Ram e o mercado asiático

Jeep e Ram são lucrativas nos Estados Unidos; marcas devem facilitar entrada da PSA na região
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Jeep e Ram são lucrativas nos Estados Unidos; marcas devem facilitar entrada da PSA na região

Falando especificamente das operações na América do Norte, os analistas consultados pelo Autoblog afirmam que Jeep e Ram não correm perigo. “As fabricantes são muito lucrativas, e devem permanecer intocadas no primeiro momento”, afirma Stephanie Brinley.

Os analistas também ressaltam que Carlos Tavares tem interesse em vender carros da Peugeot , Citroën e Opel nos Estados Unidos. Segundo o executivo, todas as fabricantes do mundo devem ter produtos na América do Norte, mas os especialistas enxergam a possibilidade da Peugeot se instalar nos Estados Unidos como algo “quase impossível”.

Para Ferdinand Dudenhoeffer, do Centro de Pesquisa Automotiva da Alemanha, a Stellantis deve focar na Ásia, onde ambos os grupos continuam fracos. “O grande mercado do futuro está na Ásia. Ela vai dominar a indústria automotiva”, diz o especialista. “Você precisa de sinergia para lucrar e economizar, mas se não estiver no mercado mais importante do mundo, estará perdendo o ponto mais importante”.

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