A McLaren estava voando baixo na Fórmula 1 no início dos anos 1990. Ao longo da última década, a fabricante britânica conquistou seis títulos na competição com os lendários Alain Prost , Niki Lauda e Ayrton Senna , e tudo indicava que a equipe poderia alçar voos mais expressivos.
O chefe da McLaren, Ron Dennis, começou a ter sonhos megalomaníacos que infelizmente não se concretizaram. Sua ideia era projetar o carro mais rápido do mundo e colocar Ayrton Senna ao volante para bater o recorde. O modelo chegou a ser projetado, evidentemente utilizando o know-how que a marca adquiriu na Fórmula 1 ao longo de anos tão vitoriosos.
O objetivo de Dennis era desenvolver um veículo a jato que pudesse superar a barreira do som – feito que o piloto Andy Green, da força aérea britânica, conquistou em 1997 após atingir a velocidade inimaginável de 1.227,985 km/h. Até os dias de hoje, o Thrust SSC , modelo supersônico pilotado por Green, mantém o recorde de veículo terrestre mais rápido da história.
Um sonho possível
Em dezembro de 1993, a McLaren organizou uma coletiva de imprensa misteriosa em sua sede, na cidade de Woking (Inglaterra), onde câmeras de vídeo e gravadores não eram permitidos. Foi nesta ocasião que Ron Dennis revelou aos jornalistas que a marca estava projetando um veículo supersônico , como motor a jato.
A McLaren também revelou um esboço do veículo, que já tinha nome oficial. Se chamaria Maverick , e Ron Dennis garantiu que teria um de seus pilotos da Fórmula 1 na cabine. O objetivo era quebrar o recorde de velocidade alcançado em 1983, porém com estilo. Nessa época, vale lembrar, nenhum veículo terrestre havia superado a velocidade do som.
A informação de que Senna estaria na cabine do carro mais veloz da história era quente dentro da McLaren , mas quando o plano de seu desenvolvimento foi revelado à imprensa, o piloto brasileiro já havia sido contratado pela Williams .
O McLaren Maverick
O Maverick seria desenvolvido por uma divisão especial da fabricante, chamada McLaren Advanced Vehicles . O modelo era bem diferente do Thrust SCC, que quebrou o recorde de veículo terrestre mais rápido da história em 1997. Ele seria três vezes mais leve, duas vezes menor e teria apenas um propulsor.
O novo modelo da McLaren seria feito de fibra de carbono e kevlar, evitando o uso de alumínio. A expectativa dos engenheiros era de que o Maverick pudesse bater o recorde apostando mais na aerodinâmica do que no motor.
O Maverick também teria um recurso exclusivo: um assento ejetável para o piloto em emergência. Se os computadores de gerenciamento detectassem perda de aderência por parte do Maverick , o piloto seria cuspido do veículo com um pára-quedas.
O motor do Maverick seria o RB199 , que equipava o caça britânico Panavia Tornado (muito utilizado na Guerra do Golfo) com capacidade de desenvolver mais de 38 mil cavalos de potência. Se tivesse visto a luz do sul, o Maverick teria sido o McLaren mais potente de todos os tempos.
A McLaren chegou a desenvolver alguns protótipos, mas os planos acabaram esfriando. Fontes próximas à fabricante alegam que Ron Dennis ficou muito abalado com a morte de Ayrton Senna em 1994 – mas como o piloto brasileiro já estava correndo pela Williams quando o Maverick foi anunciado, ele dificilmente teria qualquer envolvimento no projeto.
A explicação mais aceita aponta que a McLaren ficou sem dinheiro para efetuar o projeto, que custaria milhões de libras para ser executado. Na metade dos anos 90, todo o orçamento da fabricante britânica estava direcionado à Fórmula 1 .
Recorde em apuros
O recorde de veículo terrestre mais rápido do mundo conquistado pelo Thrust SCC em 1997 está em apuros, uma vez que a fabricante Grafton LSR está desenvolvendo um novo veículo com o mesmo objetivo: o Bloodhound LSR .
Ao volante, Andy Green, responsável pelo próprio recorde no Thrust SCC, tentará quebrar a marca de 1.227 km/h. Segundo os engenheiros do Bloodhound , o modelo teria capacidade para atingir 1,609 km/h.