A semana começou agitada para todo o mercado nacional, que teme o início de um processo de desindustrialização do Brasil. A crise econômica e a pandemia causada pelo novo coronavírus impõem barreiras que tornam as operações no país impraticáveis.
Segundo um estudo publicado pelo IBGE, 716.000 empresas fecharam as portas no Brasil apenas nos três primeiros meses de pandemia. Este número promete se agravar em 2021, principalmente na indústria automotiva. Partindo disso, a reportagem do iG Carros relembra 5 fabricantes de veículos que já produziram no Brasil, mas optaram por encerrar as operações.
1 - Ford
A indústria nacional ainda está digerindo a decisão da Ford de abandonar a produção nacional, declarando o fim de Ka, Ka Sedan e EcoSport. A marca fechará as fábricas de Camaçari (BA), onde os veículos eram produzidos, e a linha de motores e transmissões de Taubaté (SP).
Com o fim da produção dos modelos da Ford no Brasil, feitos por aqui por mais de 100 anos, a participação de mercado da marca deverá cair ainda mais. Considerando as vendas de automóveis e comerciais leves, a Ford ocupa hoje em dia quinta posição, com 7,14% ,atrás de Toyota (7,07%) e Renault (6,75%), segundo o balanço de 2020 da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos). Ambas deverão ultrapassar a Ford, que corre o risco de ficar com apenas o oitavo lugar em vendas no País em poucos meses.
2 - Troller
A Ford também é proprietária da Troller , montadora de veículos aventureiros sediada na cidade de Horizonte (CE). O fim da produção dos modelos está marcado para o último trimestre de 2021, afetando cerca de 470 trabalhadores.
Segundo o colunista Victor Ximenez, do Diário do Nordeste, o governo do Ceará busca investidores para manter a fábrica da Troller em Horizonte, o que poderia garantir sua sobrevivência. A informação não foi negada pela fabricante americana.
A Troller foi fundada em 1995 pelo empresário cearense Rogério Farias, com foco na produção de veículos aventureiros. Ao longo de seus primeiros dez anos, a marca se destacou com o lançamento dos modelos RF Sport e T4, atraindo a atenção da Ford em 2007.
A Ford manteve as operações da Troller em Horizonte, mas incorporou departamentos de marketing, pós-vendas e atendimentos à fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Este complexo também foi fechado em 2019 como parte da reestruturação global, colocando fim na vida do hatch Fiesta e da linha de caminhões.
3 - Mahindra
Apesar de ser uma das maiores fabricantes de veículos da Índia, a Mahindra não foi bem sucedida em sua passagem no Brasil. A marca desembarcou por aqui em 2007, com foco na produção de SUVs, mas praticamente entrou muda e saiu calada.
Representada pelo Grupo Bramont, a Mahindra importava suas carrocerias da Índia para que os veículos fossem montados em Pouso Alegre (MG) – um estilo e produção muito comum, chamado CKD.
A grande diferença da Mahindra é que os modelos não saíam prontos de Pouso Alegre. Eles eram transportados de caminhão até Belém (PA), e de lá eram encaminhados para Manaus (AM) onde as carrocerias eram acopladas ao chassi. Por conta da crise econômica de 2015, a Mahindra decidiu interromper as importações.
4 - Alfa Romeo
A marca italiana Alfa Romeo chegou a fabricar o sedã 2.300 no Brasil a partir de 1974. Foi o carro mais moderno do País na época, equipado com itens como freios a disco nas quatro rodas, motor com dois comandos de válvulas e câmbio de cinco marchas. Com apelo esportivo, contava com 140 cv de potência e tração traseira, o que ajuda numa tocada mais animada e condizente com a imagem fabricante.
Passados três anos, o sedã 2.300 recebeu mudanças no desenho, tanto por fora quanto por dentro, mas as operações da Alfa Romeo começaram a ser controladas pela Fiat, que fabricava o carro em Betim (MG). Antes de deixar de ser produzido no Brasil, em 1986, o sofisticado sedã ainda recebeu mais uma reforma no desenho e tinha até cortinas de veludo entre os equipamentos.
Nos 12 anos que a Alfa Romeo
produziu o belo e esportivo sedã 2.300 no Brasil a marca vendeu cerca de 30 mil unidades, sendo em torno de 1.000 exportadas até para a o mercado europeu no final da década de 70. Depois do fim da produção, a marca italiana teve idas e vindas no Brasil e saiu de vez do País em 2006.
5 - Romi
O Isetta começou a ser produzido pelas Indústrias Romi S.A. em 1956, em Santa Bárbara d’Oeste (SP), sendo o primeiro veículo com fabricação nacional. O compacto, desenvolvido originalmente pela empresa italiana Iso Automotoveicoli, foi lançado com motor de dois tempos e uma única porta frontal.
O Isetta foi modernizado em 1959, ganhando motor de quatro tempos de origem BMW, mas as vendas não embalaram. A Romi parou de produzir o modelo em 1961, seguindo suas operações com foco em máquinas agrícolas no Brasil até os dias de hoje.