A chuva de SUVs médios que está caindo no Brasil nos últimos seis meses é sinal de novos tempos. A pandemia no país já dura mais de 15 meses, o desemprego está alto, bem como a inflação, a cotação do dólar, o clima de insegurança e o risco de faltarem cada vez mais modelos nas lojas, com fábricas trabalhando com alto índice de ociosidade, acima de 50%.
Agora, mais do que nunca, tendo em vista que as matrizes das fabricantes estão enfrentando grandes desafios na nova era da mobilidade , a palavra de ordem é eficiência para sobreviver. Some-se a isso uma mudança radical no mercado de automóveis novos no Brasil, que em 2020 teve o pior volume de vendas nos últimos 14 anos, fechando em 1.950.889 unidades.
Com a classe média afetada pela crise econômica, o ticket médio aumentou, assim como a necessidade das fabricantes de conseguirem mais lucro por unidade vendida, uma vez que o volume de vendas caiu e a margem dos compactos se tornou bem desfavorável com uma série de custos que levaram o preço de um Chevrolet Onix Joy a mais de R$ 60 mil sem nenhum opcional.
Antes líderes absolutos nas vendas, os hatches compactos representam apenas 22,3% do total em maio último, pelo dados da Fenabrave, ante nada menos que 42,1% dos SUVs. Hoje em dia, a grande maioria que antes podia comprar um carrinho simples, agora está tendo que recorrer às locadoras ou aos motoristas de aplicativos . Ou seja, trocando em miúdos, passou a se destacar uma elite que está disposta a pagar mais de R$ 150 mil em um carro para a família.
Novos paradigmas
Aí é que entram os SUVs médios . De janeiro até o final deste mês de junho já teremos ao todo seis lançamentos: VW Taos, Ford Bronco Sport, Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, Honda CR-V e Peugeot 3008 GT , este último com chegada às lojas agendada para a última semana. Exceto pelo Corolla Cross , os outros vêm equipados com motores turbinados, centrais multimídia com telas de alta resolução (algumas com acesso à internet) e até sistema de condução semiautônoma, depedendo da versão.
Se antes, as apostas recaíam sobre os SUVs compactos, agora, os médios chegam para atender à demanda do novo principal público alvo que compra carro novo no Brasil. Não é à toa que continarão sendo oferecidas mais novidades no segmento. Depois do novo Jeep Compass renovado, o modelo vai passar a ter uma versão híbrida, que será importada. Além disso, a marca americana vai lançar o Commander, de sete lugares, no fim do ano.
Para fazer frente a ele, a VW deverá trazer o novo Tiguan , também no segundo semestre, com capacidade de levar sete ocupantes e, provavelmente, com um pacote de equipamentos que deverá incluir sistema de frenagem de emergência, assistente de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo. Para não conflitar com o novo Taos, o novo SUV de luxo deverá ser importado com o poderoso motor 2.0 turbo de 230 cv e 35,5 kgfm de torque, com câmbio automatizado de 7 marchas.
Ao contrário do que acontece na Europa, Estados Unidos e nos pricipais países asiáticos, a maoria dos novos SUVs médios que estão chegando ao Brasil não será oferecida nas versões híbridas , que os tornam menos sedentos por combustível e mais amigos do meio ambiente. É que ainda falta muita infraestrutura para carregar as baterias dos sistemas elétricos até mesmo nas principais capitais do país, principalmente nas rodovias. "E la nave va"...