Logo após a Ford brasileira ter adquirido a Willys Overland do Brasil , não demorou muito para lançar um carro com propostas familiares, econômico, moderno e ainda que tivesse um bom desempenho.
A Willys e a Renault então depois de formada a parceria, desenvolvia o projeto "M" de carro médio. Lá na França daria origem ao R12 , um carro que fez muito sucesso naquele país.
Aqui, sua carroceria ganhava um desenho diferente em relação ao irmão francês, mais adequado ao gosto do brasileiro. A plataforma e o conjunto mecânico foram projetados pela fábrica francesa, que era líder de vendas naquele país.
Desta maneira, em 1968 o Corcel chegava ao mercado nacional disputando um novo segmento com a concorrência, já que antes as únicas opções da montadora americana eram Ford Galaxie 500 e os utilitários F100.
O compacto de três volumes bem definido compreendia um estilo comportado, disponibilizado apenas na versão com quatro portas, motivo este que eram vistos sempre nas praças como táxi.
O espaço era consideravelmente agradável, suficiente para quatro ocupantes, porém o mesmo não podia dizer de seu motor de 1.289 cm³
, ou 1,3 litro
, porém era mais convidativo se for comparado ao seu concorrente direto, o
Renault Gordini
,
com míseros 845cc
, lançado no mesmo ano do exemplar da Ford.
De linhas um tanto quanto conservadoras, porém sem perder o estilo atual para os padrões da época, o Ford Corcel era uma excelente opção para quem queria conforto, economia e ao mesmo tempo um bom acabamento, longe de qualquer crítica da imprensa especializada.
A frente exibia faróis circulares estampadas por uma enorme grade que os envolvia. No canto direito do capô, estava localizado o logo da Ford denunciando a sua origem.
Falando nisso, o capô ainda contava com um sistema exclusivo de abertura ao contrário dos carros convencionais, justamente para evitar o destravamento do mesmo, evitando assim sérios acidentes.
Os pequenos para-choques, assim como a grade eram cromados, uma forte tendência dos veículos da época. Na traseira, destacava as lanternas formando um conjunto harmônico com o resto da carroceria.
O bocal para abastecimento estava camuflado pelo suporte da placa de licença a qual para abastecer bastava puxar a placa localizando assim a tampa do mesmo.
As pequenas rodas nas medidas 13 x 4,5 pol ( opcionais: 13 x 5 pol ) recebiam calotas parciais cromadas que combinavam com o resto do conjunto. As rodas calçavam pneus, 6,45 - 13 ( opcionais: 185/70 SR 13 ).
Internamente, os bancos possuíam um desenho que inspirava conforto para quem os visse. Nas portas prevaleciam as maçanetas internas cromadas e a manivela do acionamento dos vidros, um sinal de que naquele tempo se valorizava o acabamento interno.
O porta-malas era espaçoso, suficiente para abrigar duas grandes malas de viagem. A visibilidade era um dos grandes trunfos, graças as quatro portas e a amplo campo de visão, principalmente nas manobras.
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Com estes atributos, o compacto da Ford , logo alcançou um bom desempenho nas vendas. Só para se ter uma ideia, no primeiro mês de produção foram vendidos 4.500 carros , e perto de 50 mil já em 1969, graças a inovações tecnológicas, até então inéditas no Brasil, como, por exemplo, o circuito selado de refrigeração e coluna de direção bipartida, itens que a forte concorrência ( Renault Gordini e VW Zé do Caixão ) deixava a desejar.
O motor de quatro cilindros posicionado longitudinalmente, fixado com cinco mancais de apoio do virabrequim tinha 1,3 litro e apenas 68 cv brutos de potência. Apenas para frisar o Dauphine/Gordini usava apenas três mancais, daí a razão do compacto da Ford ser mais resistente.
Porém, o desempenho do motor não era suficiente para o peso de 930 kg do Corcel de acordo com o resultados obtidos mais tarde durante testes de aceleração.
No ano de 1969, a Ford disponibilizava a versão duas portas, denominada c upê de estilo mais esportivo. O carro era basicamente o mesmo, com exceção da ausência das duas portas extras.
Com este detalhe, a visibilidade ficou um pouco afetada, devido a coluna “C” ser ligeiramente mais inclinada. Assim como a versão quatro portas, a de duas portas também era possível abaixar os vidros traseiros, conferindo mais conforto aos ocupantes.
O sucesso do Corcel na versão Cupê de duas portas foi tão grande, que na geração II, lançada em 1978 junto com a Belina – só era disponibilizado nesta configuração, abolindo de vez a versão com quatro portas.
A chegada do Corcel II
Em 1971 com o sucesso de vendas ( 127 mil unidades
), a Ford
amplia a sua gama com a versão GT
, uma proposta aos jovens da época que buscavam esportividade. As principais diferenças eram: grade dianteira e capô na cor preta fosca, teto revestido de vinil, rodas esportivas, faixas pretas laterais, faróis de longo alcance redondos.
O grande destaque ficava pela carburação dupla e coletores especiais, porém seu desempenho ainda deixava a desejar em relação a sua vocação esportiva.
Então a Ford disponibilizou um novo motor para o seu GT, passando a se chamar Corcel GT XP (extra performance ou desempenho extra).Agora o motor com 1,4 litro rendia bons 85 cv cumprindo a tarefa de 0 a 100 km/h em 17 segundos. A sua velocidade máxima ultrapassava facilmente a barreira dos 145 km/h.
Dois anos mais tarde, a linha Corcel e Belina ( lançada em 1970 ), ganhavam uma leve reestilização como grade, faróis e lanternas e capô, mas a maior mudança mesmo era o seu motor mais forte, uma heresia trazida de seu irmão mais vitaminado, o GT XP.
Em 1975 era lançado o Corcel LDO. Era o mesmo carro, porém com requintes como painel, portas e bancos monocromáticos, rodas do GT, teto de vinil e grade cromada, entre outras peculiaridades.
Assim a linha Corcel resistiu até 1977, quando a Ford já divulgava as primeiras imagens da segunda geração do modelo, ganhando a denominação “II” referindo-se a segunda reestilização que o modelo sofria.