A crise econômica mundial na indústria automobilística agravada pela falta de semicondutores e a consequente alta dos preços dos carros novos têm mostrado aos consumidores alternativas como o de modelos seminovos e usados.
Só para se ter uma noção, uma pesquisa feita no período de janeiro de 2020, início da pandemia da covid-19, e maio de 2022, a tabela da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) tem demonstrado uma evolução de preços, tanto de modelos novos quanto de seminovos e usados.
Enquanto os preços de veículos novos, nesse período, subiram 68,6 %, o de seminovos de até três anos tiveram uma alta de 70,8% e o de usados, entre 3 a 10 anos, a evolução atingiu os 56,7%.
Dentro desse crescimento, vale como destaque o segmento de SUVs que estão em crescimento dadas as inúmeras vantagens como espaço interno, praticidade, robustez e segurança. Só para exemplificar, a procura é 22,9% maior em relação aos sedãs e mais 7,3% na comparação com os hatchbacks.
Apesar disso, no início de 2022, a oscilação do câmbio e outros fatores macroeconômicos que influenciam nos preços dos combustíveis , por exemplo, resultaram em um mercado menos aquecido, segundo o vice-presidente de Consumer Solutions da Creditas, Fábio Zveibil.
"A previsão para o segundo semestre é que o mercado de seminovos e usados em todos os segmentos seja mais otimista com a estabilização das taxas cambiais que poderá gerar uma expectativa positiva em relação ao fechamento do ano", prevê o especialista.
Confira a seguir uma entrevista com Fábio Zveibil, VP de Business Development da Creditas, sobre as suas apostas e perpectivas do mercado de seminovos e usados para os próximos anos.
Como você enxerga o mercado de seminovos e usados com mais de 10 anos de uso para o segundo semestre?
Esperamos um segundo semestre mais estável em termos de números de transações e preços. Apesar da demanda continuar alta após a normalização da economia, o aumento das taxas de juros e dos preços dos combustíveis dificultam a manutenção dos altos volumes e preços crescentes observados nos últimos 18-24 meses.
Conforme dados da Creditas Auto, o segmento de SUVs está tendo uma procura superior de 22,9% em relação aos sedãs. Como eles, teoricamente, consomem mais combustível, um fator decisivo na procura, você acredita que mesmo assim esse mercado deve crescer, apesar das altas constantes no preço do combustível?
A procura por SUVs tem como principal motivação a estrutura do veículo. São automóveis mais robustos e, consequentemente, mais adequados para famílias. Por isso, esse modelo atinge uma parcela de clientes que prioriza esse tipo de característica em um veículo ao mesmo tempo que as categorias de sedãs e hatchbacks são mais procuradas por clientes que procuram economia, seja no valor do veículo ou no uso de combustível.
Hoje quem busca por um carro seminovo ou usado, procura por financiamentos ou prefere comprar à vista? Em média, quanto tempo eles financiam esses seminovos e usados? Os financimentos tendem a aumentar no setor de usados?
Após um ano de operação, constatamos que, aproximadamente, 60% das transações realizadas em nossa operação foram financiadas. O prazo médio do financiamento é de 36-48 meses.
Com o processo de retomada da economia e, consequentemente, o reaquecimento do mercado de seminovos e usados , entendemos que a busca por automóveis volte a crescer e, com isso, o financiamento também.
Com o cenário bastante preocupante da falta de insumos na indústria automobilística mundial e fábricas fechando as portas ou paralisando seus turnos, você acredita que a frota brasileira daqui a 20 anos será mais velha em relação ao último dado que temos de que é de 10 anos?
Nos últimos dois anos, a instabilidade na fabricação dos modelos novos, causada principalmente pela escassez de insumos , levou a uma valorização dos seminovos e usados. Vimos o mercado priorizando serviços de reforma e revisão, com o objetivo de modernizar esses processos e conservar esses modelos.
Esse é um setor muito dinâmico e que tem suas evoluções de acordo com o cenário macroeconômico e os modelos usados e seminovos tendem a ter um espaço cada vez maior na frota ativa brasileira.