A maioria das fabricantes automotivas da Europa já se preparam para o futuro, quando as novas leis de emissões de poluentes irão banir motores a gasolina e diesel em 2035 , salvo exceção de montadoras de volume baixo. Apesar de não se enquadrar na taxa de volume, a Renault seguirá desenvolvendo esses motores.
A fabricante francesa está presente ao redor do mundo, e nem todos os países terão infraestrutura o suficiente para substituir de uma vez os combustíveis derivados do petróleo.
Segundo o recém revelado plano ‘Em direção a 2030’, a Renault entende que ainda há espaço para motores a combustão , e suas marcas terão focos distintos.
A Alpine , divisão focada em competição e veículos esportivos se tornará 100% elétrica, a marca Ampere será responsável por desenvolver tecnologias elétricas e softwares, a Mobilize ficará responsável por serviços financeiros em novas formas de mobilidade e energia.
Se na Europa o plano ‘ Renaulution ’ envolve investir em agregar mais valor aos produtos da marca e aumentar a lucratividade, o grupo Renault planeja a criação de ‘joint-venture’ em parceria com a chinesa Geely , proprietária da Volvo , Smart e Lotus, e também da Aramco , empresa petrolífera da Arábia Saudita.
“Esta parceria com a Aramco vai elevar nossa empresa conjunta de motores a outro patamar. A entrada da Aramco traz à mesa um know-how único que vai ajudar a desenvolver inovações de ruptura nas áreas de combustíveis sintéticos e hidrogênio”. Afirmou Luca de Meo, CEO do Grupo Renault.
Em entrevista para o portal CarsGuide, Glen Sealey, responsável pela divisão australiana da Renault, afirmou que os motores a combustão ainda têm relevância , especialmente longe da Europa.
“Na África, em muitas partes da Ásia, e também na Austrália os motores a combustão são necessários. Essa motorização, somada com os híbridos, deve corresponder a 50% das vendas ao redor do mundo mesmo em 2040. Desenvolver tecnologias eficientes é a chave para o futuro.”
Enquanto algumas fabricantes pensam em oferecer apenas veículos elétricos , outras marcas como a Toyota , por exemplo, sabem que sua operação global não permite adotar exclusivamente um padrão de motorização.
Apesar de ser pioneira no desenvolvimento de motores híbridos com o Prius , Akio Toyoda, que deixará a presidência da marca japonesa em abril, sempre foi favorável a explorar o máximo de opções e tecnologias possíveis .
A GM por exemplo, que descarta veículos híbridos, está investindo 918 milhões de dólares para preparar a nova geração de motores V8 e também componentes para carros elétricos .
Se as marcas só olharem para Europa, China e Estados Unidos, podem perder lucros significativos. Fiat e Chevrolet são as principais montadoras em volume de vendas no Brasil em 2023, e apesar de contarem com representantes elétricos, todo seu volume de vendas é praticamente a combustão interna em nosso país.