A Renault suspendeu temporariamente a fabricação do SUV Captur no Brasil por conta da falta de componentes que afetam a sua produção, como os semicondutores, por exemplo. O modelo é produzido na unidade de São José dos Pinhais (PR) juntamente com Kwid, Stepway (vulgo Sandero), Logan, Duster, Oroch e o utilitário Master.
De acordo com uma entrevista concedida ao portal Automotive Business
, a empresa havia concedido férias coletivas para os funcionários desde a última segunda (13), e que só deve voltar hoje (17).
Vale lembrar que o Captur também era produzido na Argentina, mas foi descontinuado no início de março. Segundo o site Motor1 Argentina , a montadora francesa não só confirmou o fim da produção, como explicou que não tem previsões de sua volta ao mercado. O veículo da Renault era comercializado no país vizinho com duas opções de motor, 1.6 e 2.0, sendo que o último também foi oferecido no Brasil por anos, mas acabou substituído pelo 1.3 turbo.
“Como resultado do foco que colocamos em nossa linha de produção nacional, a atual linha Captur que comercializamos desde 2016 será temporariamente descontinuada”, diz o comunicado da publicação argentina. Questionada sobre um possível retorno ao mercado deles, a empresa acrescentou: “Por enquanto não, está sendo avaliado”.
Lançado no Brasil em 2017, o SUV chegou em duas versões. A Zen tinha motor 1.6 flex de 120/118 cv e câmbio manual , enquanto a mais cara Intense vinha sempre com o antigo 2.0 de 148/143 cv, um propulsor tão desatualizado quanto a transmissão automática de apenas quatro velocidades.
Ainda no mesmo ano, surgiu a Zen 1.6 equipada com câmbio automático CVT Xtronic . Com três versões disponíveis, o Captur fechou o 1º ano no com 13.742 unidades emplacadas, ou seja, 3,7 mil unidades a menos do que o irmão Duster (17.460), lançado sete anos antes.
Tratava-se de um projeto emergente. Ao contrário do Captur vendido na Europa
Ocidental
, um carro bem menor que usava a base do Clio,
o brasileiro era o mesmo Kaptur
da Rússia. Embora fosse maior do que o seu primo, o SUV foi construído sobre a plataforma do Duster
e, com isso, devia em sofisticação técnica.
A despeito dos 4,38 metros de comprimento e 2,67 m de entre-eixos , o Captur também é criticado quanto ao aproveitamento do espaço interno - somente o porta-malas de 437 litros é bom. Na época do lançamento, não agradou também pela direção pesada, ergonomia deficiente e acabamento pouco convincente para o preço. Só a beleza do design era inquestionável.
Nem mesmo a chegada da reestilização de 2021 animou as vendas. Olha que o carro passou a usar o esperado motor 1.3 turbo de 170/162 cv e ganhou direção elétrica, entre outras mudanças. De acordo com a Fenabrave , associação que reúne os concessionários do País, o SUV emplacou 8.304 unidades em 2021, e apenas 3.007 emplacamentos em 2022 - uma diferença de 5.297 exemplares.
Consultamos algumas lojas autorizadas da marca em São Paulo sobre os estoques do Renault Captur e pelo menos dois dos consultados foram categóricos e afirmaram que não contam com o carro desde janeiro: “A falta de estoque do modelo zero-quilômetro é geral. Aqui só temos unidades seminovas”.
Já nas unidades do Paraná, o grupo Globo Renault vendeu apenas uma desde o começo do ano e ainda restam dois carros, sendo uma versão Iconic 23/24 em São José dos Pinhais, cidade onde fica a fábrica em que o SUV é produzido, e outra Iconic em Curitiba, sendo essa uma do modelo 22/23.
No caso do Rio de Janeiro, consultamos algumas lojas e uma delas, a Azzurra Renault , não vendeu nenhuma unidade do SUV, mas afirmou que está para chegar um Captur Iconic 23/24.
Se oficialmente a Renault nega o fim do Captur, os números de venda provam o contrário. Em 2022, o SUV emplacou 3.007 unidades,
uma queda brusca em comparação aos mais de oito mil carros vendidos em 2021.
Claro que o SUV nunca foi um sucesso absoluto, mas esse baixo desempenho, somado às férias na fábrica e os registros de um novo SUV
, evidenciam que o fim de linha está próximo.
Consultamos a montadora sobre a falta de estoque nas matrizes espalhadas pelo Brasil que disse: "A produção do Captur continua, no entanto seguimos gerenciando os impactos pela falta de componentes".