É inegável que os carros modernos estão muito tecnológicos. Alguns modelos já nem possuem o tradicional esquema de interior de um carro comum, que consiste em um painel de instrumentos e uma área destinada para controles de som, multimídia e climatização, por exemplo. Segundo a seguradora Allianz , isso contribui para o aumento de acidentes por distração ao volante.
"Usar um smartphone enquanto dirige tornou-se uma parte normal da vida cotidiana. Ao mesmo tempo, o número de possíveis distrações nos veículos está aumentando. Embora muitos motoristas estejam cientes do perigo, eles não transferem essa percepção para a condução do dia a dia. É isso que está no cerne do problema e pode ser fatal. A distração ao dirigir não deve ser um hábito”, diz Lucie Bakker, diretora de Sinistros da Allianz Versicherungs-AG.
Embora os sistemas de multimídia permitem a leitura de mensagens e a resposta das mesmas por comandos de voz, o estudo conclui que cada vez mais os motoristas usam os smartphones ao volante para escrever ou ler mensagens:
“O estudo da Allianz mostra que a proporção de motoristas que pegam seus smartphones para ler ou enviar um texto aumentou quase dois terços entre 2016 e 2022, de 15 para 24%. Esse desenvolvimento é preocupante e perigoso. Qualquer pessoa que envie mensagens de texto enquanto dirige aumenta o risco de um acidente em mais de 50%”, pontua Christoph Lauterwasser, head do Allianz Center for Technology (AZT).
De acordo com a pesquisa, a porcentagem de entrevistados que possui um carro com uma tela central controlando sistemas de multimídia, saltou de cerca de 30% em 2016 para 50%. Metade dos entrevistados afirmaram que se distraem ao operar as telas .
Sistemas de condução autônoma aumentam o risco de acidentes
Segundo a Allianz , os condutores aproveitam de sistemas de condução autônoma como piloto automático e sistemas que mantém o carro na faixa para liberar as mãos do volante por períodos mais longos. Em casos onde o rádio precisa ser operado pelo computador de bordo, o risco de acidente aumenta para 89% .
A seguradora alemã afirma ainda que cada vez os condutores utilizam os smartphones para jogar, ouvir música e ver fotos enquanto dirigem.
"Telefones celulares ou outros dispositivos eletrônicos portáteis estão sendo cada vez mais usados para jogar, selecionar músicas, ver fotos, navegar na internet ou outros propósitos. Em nossa pesquisa de 2016, apenas 6% admitiram realizar essas atividades enquanto dirigem. Em 2022, um em cada cinco (22%) afirmou fazer isso", declara Lauterwasser.
Desde 2021, a “distração” está incluída nos relatórios de acidentes policiais na Alemanha. Segundo o Federal Statistical Office, em 2021 foram 8.233 feridos em acidentes provocados por distração ao volante. No todo, foram 117 mortes causadas por esse tipo de acidente, representando 5% de todas as vítimas fatais de acidentes de trânsito no país.
Nos primeiros dez meses de 2022, o número de acidentes causados por distrações ao volante com ferimentos aumentou 23,5% em relação ao mesmo período em 2021.
Jovens são os mais distraídos
A pesquisa apontou ainda que os motoristas entre 18 e 24 anos de idade estão mais propensos a se distraírem enquanto estão ao volante. 30% dos entrevistados nesta faixa etária declararam que usam o smartphone enquanto dirigem. Considerando toda a pesquisa, esse número caiu para 16%.
Entrevistados não gostam de sistemas que monitoram o motorista
Alguns carros já contam com sistema de monitoramento do comportamento do condutor , chegando até a verificar os olhos do motorista. Boa parte dos entrevistados ainda desconfiam dessa tecnologia, apenas 39% aprovam esse tipo de monitoramento .
"Ainda há um argumento a ser feito para o monitoramento do motorista, não deve ser sobre controle e restrições, mas sobre suporte. As mais recentes tecnologias de veículos e tráfego permitem avisar aos motoristas quando eles estão distraídos. Esse feedback só pode contribuir para uma mudança positiva de comportamento. Devemos fazer uso desses desenvolvimentos para tornar o tráfego rodoviário mais seguro para todos nós”, diz Christoph Lauterwasser.