Especialistas apontam Elon Musk como um dos responsáveis pela queda nas vendas
Divulgação
Especialistas apontam Elon Musk como um dos responsáveis pela queda nas vendas

Muito além dos fatores econômicos que cercam a Tesla no mercado automotivo nos últimos meses, a queda no número de vendas também pode ser creditada à falta de inovação, ao crescimento de concorrentes e à figura de Elon Musk atrelada à política. 

No primeiro trimestre, as vendas da marca americana caíram em 13% comparado ao mesmo período de 2024. Os 336.681 veículos emplacados mostram a maior queda, entre janeiro e março, desde 2022. 

De acordo com a empresa de Elon Musk, a baixa se dá em razão da transição para uma versão mais popular dos carros da marca. Porém, analistas do mercado ouvidos pelo iG discordam.

Concorrentes de peso e falta de inovação

Com rivais como a chinesa BYD oferecendo modelos mais baratos e atualizados, e com a marca mantendo uma linha considerada datada por analistas europeus, a Tesla enfrenta forte perda de competitividade.

BYD é tida como uma das principais concorrentes da Tesla pelo mundo
Divulgação/BYD
BYD é tida como uma das principais concorrentes da Tesla pelo mundo

O Portal iG Carros conversou com o diretor de Relações Institucionais da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e diretor executivo da Tupi Mobilidade, Davi Bertoncello.

Ele afirmou que a marca enfrenta problemas para se sobressair diante da concorrência acirrada. 

“Hoje, a Tesla está menos inovadora no portfólio, menos agressiva em preço, e com imagem cada vez mais contaminada por fatores externos ao produto”, completou Bertoncello.

Para inovar, é necessário investimento. E é exatamente onde entra um novo problema para a Tesla. 

Risco para investidores

Também em entrevista ao Portal iG nesta quarta-feira (09) , o advogado tributarista, bacharel em Economia e doutor em Direito, Caio Bartine, identificou mais empecilhos. Segundo ele, o comportamento de Musk diante das crises representa um risco para quem investe na empresa. 

Além de CEO da Tesla, Musk ocupa um cargo estratégico no governo de Trump
Reprodução/X
Além de CEO da Tesla, Musk ocupa um cargo estratégico no governo de Trump

O especialista entende que há uma exposição excessiva que compromete a segurança dos investimentos e obriga os gestores de fundos a redobrar a atenção, para não colocarem o dinheiro dos investidores em risco.

“A partir de certo ponto, o mercado reage impondo penalizações indiretas: exclusão de índices de sustentabilidade, rebaixamento de nota em agências de risco, e até desinvestimento forçado por cláusulas de governança”, explicou ao iG.

No mercado, há um limite de tolerância e, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, Musk está próximo dele. 

A percepção de que a liderança de Musk se tornou um passivo reputacional, ou seja, negativo, e não mais um ativo estratégico abre espaço para movimentos de substituição dos executivos, de reestruturação societária ou pressão de acionistas por mudanças radicais. 

“O mercado tolera excentricidades, mas não aceita que elas comprometam retorno e estabilidade”, ressaltou o economista.

A figura de Elon Musk


O CEO da marca ocupa um cargo estratégico no governo dos EUA e está atrelado à imagem de Trump e à atual administração, que vêm sendo alvos de críticas constantes, principalmente quando o assunto é economia.

Nos últimos meses, Musk é tido como um dos conselheiros de Trump
Reprodução/Instagram
Nos últimos meses, Musk é tido como um dos conselheiros de Trump

“Quando Elon cruza a fronteira entre liderança empresarial e militância política, ele transfere para a Tesla o ônus de suas escolhas. Isso gera polarização, boicotes e uma erosão gradual da confiança institucional”, afirmou Davi. 

Bertoncello, da ABVE,  ainda frisou que, nos mercados globais, o capital foge da imprevisibilidade: “A imagem do líder, nesse caso, não é só um ativo — é também um possível passivo’’.

Caio demonstrou um pensamento similar sobre a situação atual da empresa liderada por Musk e destacou que ele, enquanto uma figura atrelada à marca, pode piorar a situação.

“O componente simbólico é decisivo: a imagem de vanguarda, que por anos sustentou o premium price da Tesla, encontra-se corroída por crises internas, declarações do CEO e deterioração da percepção pública”, enfatizou.

No Brasil, o cenário é diferente

Apesar da queda significativa nas vendas dos veículos da Tesla e os fatores citados pelos especialistas acima, o economista Bruno Corano explicou ao Portal iG Carros que os fatores políticos não influenciam o público brasileiro na busca por um carro da marca. 

Tesla tem ganhado espaço no mercado brasileiro nos últimos anos
Divulgação/Tesla
Tesla tem ganhado espaço no mercado brasileiro nos últimos anos

Para ele, o preço e o câmbio podem representar uma queda na importação, mas não os aspectos políticos. 

“Essa crise não impacta o público alvo no Brasil. O que tem impacto são os problemas ao mercado de elétricos, dificuldade de revenda por questões técnicas, mas não pela imagem”, destacou o economista. 

Bruno entende que a empresa ainda tem muita capacidade financeira para se manter no mercado, mas caso não consiga estabilizar a concorrência de preços ao longo dos próximos meses, pode ter problemas com falta de peças: “Acredito que a competição vai até melhorar o mercado para a Tesla”, completa. 

Para o economista, o mercado brasileiro tem muita abertura para outras marcas de elétricos, como a BYD e a GWM, que têm um público diferente ao da Tesla. Os concorrentes diretos da marca de Elon Musk no país, segundo Bruno, seriam as BMW e Volvo


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!