Sede da Tesla no Texas teve carros incendiados em março
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Sede da Tesla no Texas teve carros incendiados em março

O CEO da Tesla, Elon Musk, voltou a causar alvoroço nas redes sociais. Desta vez, a declaração foi incisiva e com endereço certo. Em resposta a uma publicação do influenciador Mario Nawfal, empresário afirmou:

“Aqueles que financiaram os ataques contra a Tesla irão para a prisão.”

A fala se refere a uma série de ações violentas contra sedes da montadora nos Estados Unidos, incluindo incêndios e ameaças com artefatos explosivos. Os atos foram classificados oficialmente como “terrorismo doméstico” pelo FBI.

No final de março, por exemplo, uma concessionária da Tesla em Austin, no Texas, precisou ser evacuada após relatos de bombas no local. Um esquadrão antibombas confirmou a presença de dispositivos incendiários suspeitos.

Terrorismo doméstico

Advogada e mestre em Direito, Paula Civolani disse em entrevista ao Portal iG Carros que a classificação como sendo um ato de terrorismo tem peso jurídico e estratégico.

“Nos Estados Unidos, o termo ‘terrorismo doméstico’ se aplica quando há intenção de intimidar a população ou influenciar políticas públicas com o uso de violência. Isso permite que o FBI assuma a investigação e ative recursos federais robustos, como o Joint Terrorism Task Force”, explica.

Ela complementa que o uso de explosivos e a natureza coordenada dos ataques ultrapassam o limite de vandalismo:

“O crime comum se torna ameaça nacional quando há padrão de repetição, uso de recursos como bombas e potencial de causar dano econômico ou civil significativo.”

Ataque simbólico à marca?

Para o professor de Relações Internacionais Vladimir Feijó, embora não exista um tipo penal específico para terrorismo doméstico no código penal americano, a utilização do termo cumpre uma função estratégica.

“Evocar a expressão terrorismo com o aditivo interno ou internacional é muito emotivo para o cidadão americano médio comum, muito ainda afetado pelo 11 de setembro de 2001 e toda a guerra ao terror que veio na sequência”, disse o especialista ao iG. 

Diretor do FBI, Christopher Wray, se posicionou sobre os recentes ataques
POOL
Diretor do FBI, Christopher Wray, se posicionou sobre os recentes ataques

O Subcomitê DOGE da Câmara dos Representantes, ligado a temas de segurança digital, solicitou formalmente que o FBI e o DOJ investiguem a fundo esses possíveis vínculos com ONGs, ativistas e até doadores políticos que estariam envolvidos.

Tesla, Musk e o novo mapa de riscos corporativos

Para Paula Civolani, o caso Tesla é um exemplo claro de como marcas com forte posicionamento ideológico ou ligadas a figuras públicas controversas se tornam alvos preferenciais.

“Quando empresas como a Tesla se tornam alvos de grupos ideológicos, enfrentam riscos em múltiplas dimensões como ataques físicos, cibernéticos e reputacionais que precisam de uma estratégia de preparação e mitigação de riscos”, destaca. 

Ela afirma que é necessário um plano robusto de segurança corporativa e estratégias de inteligência:

“O simbolismo corporativo se tornou particularmente potente em nosso ambiente polarizado. Empresas não são mais vistas apenas como entidades comerciais, mas como extensões de ideologias, valores políticos e causas sociais específicas”

Em 2024, manifestantes invadiram concessionária da Tesla e jogaram tinta em um Cybertruck
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Em 2024, manifestantes invadiram concessionária da Tesla e jogaram tinta em um Cybertruck

A especialista conclui dizendo que a Tesla não é apenas fabricante de carros, mas representa a figura de Elon Musk e suas posições políticas controversas. 

E a preocupação se estende além das fronteiras dos EUA.

“Há um risco de escalada internacional decorrente de diversos fatores, dentre eles, o efeito imitativo considerando a presença global da empresa e a divulgação dessas informações por meio das plataformas de mídias sociais”, alerta a advogada. 

Precedente perigoso?

Tanto Feijó quanto Civolani concordam que a resposta das autoridades pode criar precedentes relevantes.

“Se ficar impune, esse tipo de ataque pode mandar a mensagem que esse tipo de violência criminosa é permitida como manifestação política”, diz Feijó.

“Esta classificação não é meramente semântica, ela desbloqueia um arsenal federal completo de recursos investigativos e permite enquadramento legal muito mais severo”, acrescenta Paula.

Para Feijó, o caso também escancara a divisão na sociedade americana:

“Empresas vinculadas a figuras controversias como Peter Thiel, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, e outras que se posicionam em temas divisivos como energia, tecnologia, mídia e finanças, e representação política provavelmente precisarão reavaliar suas estratégias de segurança diante deste novo cenário”


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