Fabricação de Volkswagen Golf eHybrid 2024
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Fabricação de Volkswagen Golf eHybrid 2024

As tensões em torno da governança da Volkswagen voltaram ao centro do debate entre acionistas durante uma assembleia geral anual da montadora realizada na sexta-fera (16).

Investidores expressaram preocupações crescentes sobre a falta de independência no conselho e sobre a concentração de poder nas mãos das famílias controladoras Porsche e Piech. As informações são da agência de notícias Reuters. 

A principal crítica recai sobre o presidente-executivo Oliver Blume, que ocupa simultaneamente os cargos de CEO da Volkswagen e da Porsche AG.

O acúmulo de funções é alvo de questionamentos desde que a Porsche passou a ser negociada em bolsa, em setembro de 2022.

Um dos investidores, Ingo Speich, da Deka Investment, chegou a fazer um "apelo urgente" para que Blume desista de um dos cargos. 

Para ele, há uma série de conflitos de interesse na estrutura da empresa que gera "graves danos à reputação e enormes perdas financeiras". 

No último ano, as ações da Volkswagen recuaram aproximadamente 25%, de 140,40 euros para 105,60 euros — equivalente a R$ 891,43 e 670,48, respectivamente, na cotação atual.

Com isso, o desempenho é inferior tanto ao índice automotivo europeu quanto ao DAX, principal indicador da bolsa de Frankfurt, conforme dados da Bolsa de Valores de Londres.

O cenário financeiro também se deteriora. Em abril, a companhia sinalizou que poderia atingir apenas o limite inferior da margem de lucro anual projetada.

A montadora enfrenta desafios simultâneos em mercados estratégicos: tarifas mais rígidas nos Estados Unidos, concorrência agressiva na China e elevação dos custos operacionais na Europa.

Concentração de poder

As famílias Porsche e Piech exercem controle efetivo sobre a Volkswagen por meio da holding Porsche SE, que detém a maioria dos direitos de voto da empresa com sede em Wolfsburg.

Wolfgang Porsche, presidente dos conselhos de supervisão da Porsche SE e da Porsche AG, refutou a tese de que falhas na governança estejam por trás do mau desempenho da montadora.

Para ele, a queda no valor das ações se deve ao alto custo operacional e à performance fraca da companhia.

Ainda assim, ao menos quatro investidores importantes alertaram para lacunas graves na composição do conselho, especialmente no que diz respeito a competências estratégicas como eletrificação e digitalização. 

Blume e Hans Dieter Poetsch, presidente do conselho fiscal, defenderam a permanência da dupla função como estratégica, e alegam sinergias nos programas de corte de custos conduzidos pelas duas empresas. A declaração não convenceu parte dos acionistas. 


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