
A disparada nos preços de carros zero quilômetro tem levado muitos brasileiros a optarem por modelos mais antigos. Dados da Fenauto mostram que veículos com 13 anos ou mais lideraram as vendas em novembro de 2024, representando 36% do mercado, o que levanta questões sobre o custo do seguro para esses automóveis.
"O valor do seguro não depende apenas da idade do carro, mas de uma combinação de fatores. Veículos mais antigos podem ter apólices mais acessíveis por serem menos visados para roubo e apresentarem custos de reparo mais baixos", explica Domingos Rizzo, Diretor de Operações da seguradora Pier.
Entre os principais fatores que impactam no valor do seguro estão o índice de roubo do modelo, região de circulação, uso do veículo, idade e histórico do motorista. A disponibilidade de peças também influencia diretamente no custo e tempo de reparo, afetando o valor final da apólice.
Números revelam variação de preços
Dados do mercado mostram diferenças significativas nos valores de seguros entre carros novos e antigos. Um Volkswagen Gol 2020 tem seguro médio de R$ 1.890,41, enquanto o mesmo modelo de 2010 custa R$ 1.088,88, uma redução de 42%.
Para o Hyundai HB20, a diferença é de 25% entre um modelo 2021 (R$ 1.977,90) e um 2012 (R$ 1.474,57). Essa tendência de queda no valor conforme o carro envelhece se repete na maioria dos modelos populares, com variações entre 30% e 50%.

Surpreendentemente, veículos com 6 a 10 anos de uso apresentam o maior índice de seguro em relação ao valor do bem (6,8%), mais que o dobro dos carros zero quilômetro (3,3%). Isso ocorre porque esses seminovos ainda têm alto índice de roubo, mas valor de mercado menor.
Nem todo carro antigo tem seguro barato
A categoria do veículo também influencia significativamente no preço da apólice. Modelos populares antigos como Gol, Uno e Palio podem ter seguro relativamente caro mesmo com valor de mercado baixo, pois são visados para desmanche e peças.
Já sedãs médios antigos como Honda Civic e Toyota Corolla até 2010 tendem a ter seguros proporcionalmente mais baratos por combinarem baixo índice de roubo e manutenção acessível. Carros importados antigos, por outro lado, costumam ter seguro caro devido ao custo e dificuldade de reposição de peças.
Para veículos com mais de 20 anos, existem apólices especiais destinadas a carros antigos e clássicos, geralmente usados em exposições ou passeios esporádicos. Essas coberturas costumam ser mais baratas proporcionalmente, considerando o baixo uso e o perfil diferenciado do proprietário.
Como escolher a melhor cobertura
"Para carros com mais tempo de uso, pode ser interessante optar por coberturas mais básicas e essenciais, evitando pagar por serviços que talvez nem se apliquem à realidade do veículo", recomenda Rizzo, da Pier.
Corretores de seguros indicam que, para veículos muito antigos e de baixo valor, muitas vezes compensa contratar apenas cobertura contra terceiros, incêndio e roubo. Isso porque o custo do seguro completo pode se aproximar do valor do próprio carro.
O crescimento de 13% no mercado de usados em 2024 tem pressionado as seguradoras a criarem produtos mais flexíveis. Muitas empresas já oferecem opções customizadas para atender o perfil de quem compra carros antigos, reduzindo o custo das apólices e tornando o seguro mais acessível.
"Algumas seguradoras podem oferecer coberturas mais enxutas. É essencial comparar não só o preço, mas os serviços incluídos, para também não ter surpresas em momentos de necessidade", finaliza o diretor da Pier, ressaltando a importância de uma análise completa antes da contratação.