Um Gol que quebrou recorde mundial rodando 25 mil km sem parar, uma Kombi que nunca saiu da fábrica e um Golf de competição usado apenas internamente são algumas das raridades exibidas no novo anexo da Garagem Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP).
Com 13 veículos que nunca chegaram às ruas ou têm trajetórias improváveis, o espaço amplia a coleção histórica da marca e revela episódios pouco conhecidos da indústria automotiva brasileira.
O Gol que não desligou o motor por nove dias
Em janeiro de 2003, três unidades do Gol Power 1.6 encararam um desafio extremo: rodar sem interrupção até alcançar 25 mil km no Autódromo de Interlagos.
A prova durou nove dias, com revezamento de 15 pilotos e paradas apenas para abastecimento, trocas rápidas de pneus e revisão mecânica.
O carro exposto é o mesmo que cruzou a marca às 12h23 do dia 15 de janeiro daqeuele ano.
Com adesivos originais ainda colados, a unidade carrega o desgaste real de uma façanha que mobilizou 120 pessoas entre técnicos e fiscais.
A experiência rendeu à Volkswagen um recorde mundial de Endurance e uma peça histórica hoje preservada.
O Golf GTI criado nos bastidores da fábrica
Enquanto os Gols circulavam em Interlagos, outro carro incomum surgia longe das pistas oficiais.
Em 1999, engenheiros da planta Anchieta criaram o Golf GTI Competição como projeto extracurricular, inspirado nas corridas europeias.
O modelo ganhou pintura prata com faixas azuis, rodas importadas da Volkswagen Motorsport, gaiola de proteção homologada pela FIA e até escape lateral.
Com motor 1.8 turbo de 150 cv, nunca foi vendido – era um brinquedo de engenheiros apaixonados por velocidade, feito para rodar apenas dentro dos muros da fábrica.
Kombi Série Prata: a despedida de um motor lendário
Último veículo no mundo com motor boxer refrigerado a ar, a Kombi Série Prata marcou o fim de uma era em 2005.
Apenas 200 foram fabricadas; a unidade do acervo foi retirada da linha sem emplacamento e preservada intacta.
Com pintura prata exclusiva, bancos com revestimento especial e plaqueta numerada, se tornou objeto de desejo de colecionadores.
Para muitos, representa não só a despedida de um motor, mas o encerramento de um capítulo da própria história industrial brasileira.
Brasília que “falava alemão”
Fabricada em 1974, uma Brasília vermelha passou quase uma década no Auto Museu Volkswagen, em Wolfsburg, Alemanha, onde foi exibida como símbolo do primeiro hatch brasileiro.
Com pouco mais de 46 mil km rodados, voltou ao Brasil em 2024, ainda com interior monocromático caramelo e motor 1.600 a ar.
Ao regressar, ganhou o Certificado de Veículos Clássicos da marca – espécie de passaporte oficial de raridades.
Polo e cinco décadas em exposição
O espaço ainda reúne todas as gerações nacionais do Polo, de 2002 a 2024, incluindo o GTS Concept 2018 e o Polo Track que substituiu o Gol.
A linha mostra como o hatch, lançado originalmente na Europa em 1975, atravessou cinco décadas até liderar as vendas no Brasil em 2025.
O anexo integra o Programa de Visitas da fábrica Anchieta, com tour guiado de 2h30 que passa pela linha de montagem e termina na Garagem Volkswagen. O agendamento pode ser feito gratuitamente no site da marca.