
Lançado no Brasil em 1997, o Ford Ka nasceu como um subcompacto de 3 portas com design ousado, atravessou três gerações, ganhou versões hatch de 5 portas e sedã, se tornou um dos carros mais vendidos do país em diversos anos e se despediu do mercado nacional em 2021, após o encerramento da produção local.
Em quase 25 anos de história por aqui, o Ka acompanhou mudanças de gosto do público, leis de segurança e estratégias globais da marca: começou minimalista e urbano, cresceu em espaço e equipamentos, e terminou como projeto mundial.
Nesta reportagem, o Portal iG Carros apresenta mais um capítulo da série “Geração sobre rodas”, que revisita a trajetória dos modelos mais icônicos da indústria automotiva, da primeira à última geração.
1ª geração (1997–2007) | O “New Edge” que virou referência urbana

O Ka estreou com a linguagem de design New Edge, linhas arredondadas e proposta claramente citadina.
Sempre de 3 portas, privilegiava manobrabilidade e baixo custo de uso. O interior era simples, com bom aproveitamento de espaço para o tamanho do carro, mas porta‑malas reduzido.
Ao longo do ciclo, ofereceu motores pequenos voltados a economia, com evoluções de potência e consumo.
Houve séries e pacotes que adicionavam itens visuais e um acerto um pouco mais firme de suspensão nas versões “esportivadas”.
Entre as atualizações, reestilizações de meia‑vida modernizaram para‑choques, faróis e acabamento.
Em termos de segurança, em linha com o segmento da época, itens como airbag e ABS eram raros ou opcionais apenas no fim do ciclo.
No quesito concorrência, brigava com urbanos enxutos ( Celta, Uno Mille e, em parte, Gol de entrada), se destacando pelo visual diferente e direção ágil na cidade.
2ª geração (2008–2013) | Projeto brasileiro, foco no custo‑benefício
Totalmente redesenhado para a realidade do Mercosul, o Ka ganhou carroceria mais encorpada, acabamento simplificado e custos de produção e manutenção contidos. Seguiu de 3 portas, mas ficou mais espaçoso e prático.
A linha de motores era focada em economia, com opção mais forte para quem precisava de agilidade urbana/rodoviária.
Além das versões básicas, apareceram variações com apelo “aventureiro” e “Sport” (visual, rodas e acertos) para manter o produto atraente sem encarecer demais.
Airbags e ABS ainda não eram padrão – a obrigatoriedade nacional só chegaria em 2014.
O posicionamento agressivo de preço manteve o Ka competitivo entre os populares, mesmo sem oferecer 5 portas.
3ª geração (2014/2015–2021) | Global, 5 portas, sedã e mais tecnologia
O Ka virou projeto global. Chegou o hatch de 5 portas (lançado comercialmente em 2014, linha 2015) e, na sequência, o Ka Sedan – ampliando o alcance junto a famílias e frotas.
O modelo contava com nova base, direção mais leve e eficiente, e motores de 3 cilindros com foco em consumo; acima, opções mais fortes para uso rodoviário.
Em termos de equipamentos, a linha evoluiu com direção elétrica, conectividade SYNC, ar digital em versões superiores e, a partir das reestilizações, disponibilidade de controle de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa em pacotes/versões.
Já em 2018, a linha recebeu a versão Freestyle. A variação com suspensão elevada, apliques e calibragem própria surfou a onda “aventureira light”.
Ainda entre 2018 e 2019, as versões mais básicas ganharam frente e traseira redesenhadas, melhorias de acabamento e reforços de segurança.
Em vários anos, o Ka figurou entre os líderes do mercado, competindo diretamente com Onix, HB20 e Gol.
O modelo tinha tanta fama que foi exportado. Em alguns países, foi vendido como Ka+ (Europa) e Figo (Índia).
A saída da produção de veículos da Ford no Brasil encerrou a fabricação local; o Ka deixou o catálogo nacional no mesmo ano.
Legado
O Ford Ka democratizou a mobilidade urbana no fim dos anos 1990, sustentou a presença da marca no segmento de entrada durante mais de duas décadas e, na fase final, ampliou a proposta com hatch 5 portas, sedã e pacote tecnológico mais completo.
Mesmo após o fim da produção, segue forte no mercado de seminovos, lembrado pelo baixo custo de uso e pela evolução que acompanhou as exigências do consumidor brasileiro.