Quarenta anos após o acordo entre pai e filho, o Mustang voltou a brilhar, preservando marcas do tempo e detalhes originais de fábrica
Reprodução/Hagerty
Quarenta anos após o acordo entre pai e filho, o Mustang voltou a brilhar, preservando marcas do tempo e detalhes originais de fábrica

Em 1982, Matt Jennings tinha apenas 12 anos quando convenceu o pai a não vender o Ford Mustang Boss 302 1970 da família. O acordo era simples: ele só ficaria com o carro se concluísse a faculdade.

Quatro décadas depois, o clássico voltou a rodar, intacto em detalhes e carregado de memórias.

A entrega das chaves aconteceu na formatura, dez anos após o pacto. O carro, no entanto, exigiu restauração completa, concluída apenas em 2022, mantendo marcas originais e histórias vividas em viagens, oficinas e garagens.

O acordo improvável

Matt cresceu em Indiana, nos Estados Unidos,  cercado por carros e ferramentas. O pai, Chuck Jennings, era piloto de arrancada e fiel à Ford desde a juventude.

Ainda em Indiana, o clássico com pintura azul Acapulco já carregava a personalidade única que o tornaria peça rara entre os entusiastas da Ford
Reprodução/Hagerty
Ainda em Indiana, o clássico com pintura azul Acapulco já carregava a personalidade única que o tornaria peça rara entre os entusiastas da Ford

Ao descobrir que o Mustang comprado novo em 1970 seria vendido, o garoto reagiu: "Você não pode vender esse carro", relembrou em entrevista ao portal Hagerty.

Chuck propôs um desafio: "Se forme na faculdade, aí você pode ficar com ele".

Para um pré-adolescente, dez anos parecia uma eternidade. Mas Matt levou a promessa a sério.

Estudou Administração na Universidade de Valparaíso, em Indiana, e, em 1992, ouviu as palavras que esperava desde a infância.

"Na minha formatura, meu pai não apertou minha mão. Ele só me deu as chaves do Boss", conta.

Anos de espera e preservação

Antes do Boss, Chuck fez história nas pistas com esta perua Falcon 1962, equipada com motor 289 e preparada para arrancadas de alta performance
Reprodução/Hagerty
Antes do Boss, Chuck fez história nas pistas com esta perua Falcon 1962, equipada com motor 289 e preparada para arrancadas de alta performance

O presente, no entanto, estava longe de ser funcional. Na década de 1970, Chuck havia retirado o motor original para testá-lo em um Ford Falcon de corrida.  Após danos mecânicos, o propulsor foi desmontado e guardado.

O Mustang recebeu um motor 289 e câmbio automático, ganhou pintura azul Acapulco e serviu como carro reserva da família até o início dos anos 1980, quando foi aposentado.

O carro acompanhou a mudança para a região de Chicago em 1986 e permaneceu guardado por décadas.

"Guardei cada porca, parafuso e fio que tirei. Sabia que um dia ele seria restaurado", diz Chuck.

Enquanto isso, Matt construía carreira e família, sem tempo ou recursos para o projeto.

Raridade sobre rodas e memórias preservadas

Em 2018, pai e filho decidiram iniciar a restauração completa. O Relatório Marti confirmou que o veículo era um dos apenas quatro Boss 302 de 1970 produzidos sem opcionais e o único com a combinação de cor externa azul médio metálico e bancos de vinil pretos.

O lendário V8 de 302 polegadas cúbicas, renovado por Matt e Chuck Jennings, mantém especificações originais, mas com ajustes para rodar melhor nas ruas
Reprodução/Hagerty
O lendário V8 de 302 polegadas cúbicas, renovado por Matt e Chuck Jennings, mantém especificações originais, mas com ajustes para rodar melhor nas ruas

O carro tinha cerca de 69 mil quilômetros, sendo quase metade rodados com o motor provisório.

As peças originais foram recuperadas, mas algumas raridades, como bielas e coletor de admissão de competição, permaneceram guardadas.

"Eles eram valiosos demais para serem machucados", afirma Matt.

A restauração foi concluída em 2022, já na Flórida, para onde Matt se mudou com a esposa.

O carro recebeu novo carpete, escapamento e suspensão, mas manteve a pintura feita nos anos 1970 e marcas do tempo: um rasgo no banco do motorista e o emblema frontal com a cauda quebrada, acidente ocorrido quando Matt ainda era criança.

“Vou deixar o Boss do jeito que me lembro do final dos anos 70, incluindo as manchas e alguns amassados na porta”, explica. “Toda vez que dirijo, ele me traz de volta ao passado.”

Mais que um carro

Guardado por décadas na garagem da família, o Mustang acumulou poeira, peças soltas e histórias à espera de um retorno à estrada
Reprodução/Hagerty
Guardado por décadas na garagem da família, o Mustang acumulou poeira, peças soltas e histórias à espera de um retorno à estrada

O Boss 302 voltou a rodar ao lado de outros clássicos da família, como um De Tomaso Pantera e um Thunderbird 1955. Mas, para Matt, nenhum tem o mesmo peso simbólico.

O carro carrega viagens de infância, disputas entre irmãos pelo banco da frente e o cumprimento de uma promessa que atravessou 40 anos.

Para Chuck, que entregou as chaves ao filho ainda na cerimônia de formatura, o valor é intangível.

"Na minha formatura, meu pai nem apertou minha mão imediatamente. Ele só me deu as chaves do Boss", contou Matt. 

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