Ford EcoSport Shadow
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Ford EcoSport Shadow


Um dos SUVs mais conhecidos da história do Brasil é o bom e velho Ford Ecosport, que trazia em seus modelos um design aventureiro e cheio de personalidade.

Desenvolvido pela engenharia da Ford no Brasil, o utilitário começou a ser feito em 2003, em Camaçari (Bahia), para atender quem queria um carro urbano com postura aventureira.

A estreia inaugurou o segmento de compactos altos por aqui, levou a liderança regional por anos e virou referência para rivais.

Até 2011, o modelo somava 700 mil unidades acumuladas na região, segundo a fabricante; em 2012, chegou a segunda geração global; e, em 2021, a montagem brasileira foi encerrada.

Houve, porém, contrapontos: desempenho tímido na Europa no início e fim das vendas nos EUA e na Índia em 2022.

Nesta reportagem, o  Portal iG Carros  apresenta mais um capítulo da série  “Geração sobre rodas”,  que revisita a história dos modelos mais icônicos da indústria automotiva, da primeira à última geração.

Primeira geração (2003–2012) | Projeto Amazon e a estreia do pioneiro

Apresentado sob o codinome “Projeto Amazon”, o primeiro EcoSport nasceu sobre a plataforma B3 do Fiesta/Fusion europeu, com tração dianteira e proposta de uso urbano com altura de SUV compacto.

Ford EcoSport
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Ford EcoSport

A cabine elevada, o estepe externo e o custo de manutenção baixo viraram assinatura do modelo.

A linha começou com motores Zetec-Rocam 1.0 superalimentado e 1.6, além do Duratec 2.0 16V. Exportações receberam ainda 1.4 turbodiesel.

A transmissão manual era padrão; o 2.0 podia ter câmbio automático de 4 marchas ou tração nas quatro rodas com engate eletrônico do eixo traseiro.

A aceitação foi imediata no Brasil, Argentina e México. Em 2006, o 1.0 sobrealimentado saiu de cena e o portfólio se concentrou nos 1.6 e 2.0 a gasolina/etanol, com versões que iam do básico ao 4WD, mirando quem rodava fora do asfalto leve.

Reestilização de 2007 | Visual alinhado às picapes da marca

No fim de 2007, o utilitário passou por um face-lift profundo. A dianteira foi redesenhada para se aproximar das picapes da marca, e traseira, para-choques e interior receberam novidades.

Ford EcoSport
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Ford EcoSport

O painel foi todo retrabalhado, com materiais de melhor qualidade e ergonomia revisada. As lanternas ganharam novo arranjo e a grade frontal ficou mais imponente.

A atualização manteve o modelo competitivo até a troca de geração, preservando a identidade de “compacto alto” que ele próprio havia estabelecido no mercado.

Segunda geração (2012–2022) | Globalização e novas fábricas

Lançada no Brasil em julho de 2012, a segunda geração (projeto B515) migrou para a plataforma global B da Ford e foi desenhada para atuar em vários continentes.

Ford EcoSport Active
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Ford EcoSport Active

Além de Camaçari, houve produção em Chennai (Índia), Rayong (Tailândia), Chongqing (China) e, depois, Craiova (Romênia).

A gama de motores ficou mais ampla conforme o país: 1.0 EcoBoost turbo, 1.5 Dragon, 1.6/2.0 Sigma e 1.5 turbodiesel, com câmbios manuais e automáticos de 6 marchas. Em mercados selecionados, manteve-se a opção de tração integral com o 2.0.

A estratégia levou o utilitário a estrear na Europa em 2014 e, mais tarde, na América do Norte (ano-modelo 2018), mantendo o estepe externo como item opcional em países como EUA e Canadá.

Atualizações 2017–2018 | Multimídia, acabamento e estreia nos EUA

O face-lift apresentado no Salão de Los Angeles (2016) elevou o patamar do interior e da conectividade.

O painel ganhou central multimídia com tela “flutuante” de até 8”, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, além de maior isolamento acústico.

Para os EUA, a gama estreou em 2018 com 1.0 EcoBoost (FWD) e 2.0 aspirado (AWD), sempre com automático de 6 marchas. Na América do Sul, seguiu a oferta de 1.5/1.6/2.0 flex conforme o país.

Essas melhorias mantiveram o compacto competitivo diante da enxurrada de SUVs urbanos, reforçando itens de segurança ativa como controle de estabilidade e assistência de partida em rampa.

Segurança e equipamentos | Notas de crash-test e itens de série

Em março de 2013, a configuração básica latino-americana recebeu 4 estrelas para adultos e 3 para crianças no Latin NCAP; após atualização, obteve 5 estrelas para adultos e manteve 3 para crianças em novembro de 2013. Na Europa, ficou com 4 estrelas no Euro NCAP em 2013.

Entre os recursos difundidos na linha estavam direção elétrica, controles de tração e estabilidade, sensores de estacionamento, sistema multimídia SYNC, além de airbags frontais (e, em versões superiores, laterais e de cortina).

A oferta de tecnologias variou conforme o mercado e o ano-modelo, mas o conjunto sempre privilegiou facilidade de uso urbano com versatilidade de porta-malas e bancos rebatíveis.

Descontinuação (2021–2022) | Fechamento de plantas e fim de linha

Em 11 de janeiro de 2021, a montadora anunciou o fechamento de fábricas no Brasil; com isso, a produção local foi encerrada de imediato.

O modelo seguiu vindo importado, conforme estoques e origem, até a reorganização global.

No exterior, a Ford descontinuou a montagem na Índia no fim de 2021; no Vietnã, no início de 2022; e na Romênia, no fim de 2022, com vendas europeias a partir de estoque até 2023.

A retirada ocorreu diante da mudança de estratégia mundial da marca e da chegada de substitutos indiretos em alguns mercados, como o Puma na Europa e a Maverick como nova porta de entrada na América do Norte.

Legado

O utilitário ajudou a criar - e liderar - o nicho de SUVs compactos no Brasil, combinando posição de dirigir elevada, manutenção simples e ampla rede de serviços.

A fórmula foi replicada por várias marcas, impulsionando a “onda SUV” dos anos 2010.

Para quem viveu sua fase áurea, ele representou o “carro único” da família: prático na cidade, valente no piso ruim e econômico nas versões 1.5/1.6.

Nas configurações 2.0 e 4WD, ofereceu ainda um tempero extra para estradas de terra.

Mesmo fora de linha, segue forte no mercado de usados, com vasta oferta de peças e clubes de fãs ativos, consolidando-se como um capítulo fundamental da história recente da indústria nacional.

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