
O diretor de design da Mercedes-Benz, Gorden Wagener, afirmou na segunda-feira (09), em Munique, na Alemanha, que o uso de inteligência artificial (IA) no desenho de veículos tem mais atrapalhado do que ajudado.
Segundo ele, os protótipos criados por sistemas artificiais “não entregam bons resultados” e tornam difícil surpreender o público na IAA Mobility, um dos maiores salões de automóveis do mundo.
Segundo o portal Jalopnik, Wagener explicou que a montadora alemã já testou a tecnologia em estúdios de design nos últimos anos, mas apenas para tarefas secundárias, como a criação de planos de fundo em imagens.
O executivo avaliou que 99% das renderizações geradas são “estranhas ou sem identidade de marca” e que, por isso, a empresa não avançou na adoção do recurso.
Impacto no setor automotivo
O designer destacou que a proliferação de imagens de carros criados por IA nas redes sociais levou a um efeito colateral para a indústria.

Para ele, o público já se acostumou com modelos irreais, exagerados e sem limites técnicos, o que esvazia a função dos carros-conceito apresentados em feiras globais.
“Eu entro no Insta e é só... mais um. Você fica entediado, sabe", disse Wagener, citado pelo Jalopnik.
Segundo ele, esse cenário gera um desafio para os estúdios de design, que precisam entregar propostas inovadoras, mas viáveis, sem competir com a fantasia da máquina.
Reação da Mercedes
A estratégia recente da montadora tem sido reforçar a herança de design e apostar em linhas mais sóbrias.
O novo GLC elétrico foi citado por Wagener como exemplo de um veículo com identidade própria, distinto sem ser “exagerado ou escandaloso”.
Embora reconheça que a IA possa trazer avanços pontuais no futuro, o executivo defendeu que a criatividade humana continuará essencial no processo de desenvolvimento.
“Ainda não vimos nenhuma criação de valor real feita por máquina no nosso setor”, afirmou.
Desafios para o futuro
O posicionamento do diretor da Mercedes mostra um debate mais amplo sobre os limites da inteligência artificial em áreas criativas.
Enquanto setores como o audiovisual e o marketing exploram rapidamente a tecnologia, o design automotivo ainda resiste à automatização completa.
Além da estética, projetos de veículos precisam considerar aerodinâmica, segurança e custos industriais — fatores que a IA não domina plenamente.
No entanto, empresas concorrentes podem adotar posturas diferentes nos próximos anos, seja para acelerar processos internos, seja para atender a pressões de mercado.
O impacto real só deve ser medido nos próximos ciclos de lançamentos, quando ficará claro se a tecnologia terá espaço no design de ponta ou seguirá restrita a funções secundárias.