
O Departamento de Trânsito e Segurança nas Estradas dos Estados Unidos (NHTSA) apontou que motoristas que usam o celular durante a condução têm até quatro vezes mais risco de se envolver em acidentes.
O alerta chega em meio a um aumento de 10% nas mortes em rodovias brasileiras em 2024, fenômeno que especialistas relacionam ao excesso de velocidade e a falhas de comportamento.
De acordo com Fabrício Fachini, consultor de segurança viária do CEPA, a combinação de tráfego em alta, fiscalização insuficiente e distrações ao volante explica o crescimento da letalidade.
Segundo ele, a velocidade atua como “amplificador” dos erros, especialmente em colisões frontais e saídas de pista, e a resposta deve incluir fiscalização contínua e limites coerentes com cada trecho.
Distração e sobrecarga nos hospitais
O impacto não se restringe às estradas. Fachini afirmou que os atendimentos de vítimas no SUS cresceram 44% em São Paulo em 2024, sobrecarregando emergências e aumentando filas de cirurgias.
Para ele, cada lesão grave evitada representa economia de leitos e equipes.
“É custo-efetivo investir em prevenção focada em comportamento, especialmente na velocidade e na proteção aos mais vulneráveis”, disse.
O especialista destacou que motociclistas permanecem como o grupo mais exposto. A taxa de 6,3 mortes por 100 mil habitantes, segundo ele, reflete a alta exposição diária e a pouca proteção física.
“As medidas mais efetivas combinam fiscalização de velocidade e álcool, uso correto do capacete e qualificação prática do condutor”, completou.
Velocidade como fator crítico
Questionado sobre a maior causa de fatalidades, Fachini afirmou que a variável mais determinante é a velocidade, pois reduz a margem de reação e eleva a energia do impacto.
O consultor destacou ainda que distração e álcool frequentemente coexistem, agravando os acidentes.
“Onde a gestão de velocidade é consistente, há menos colisões frontais e saídas de pista e, sobretudo, menor letalidade”, afirmou.
Ele também criticou o efeito limitado de campanhas sazonais como o Maio Amarelo.
Para surtirem efeito, as ações devem ser permanentes, com planos anuais de educação, simulados mensais e indicadores robustos.
“Assim, campanhas deixam de ser apenas um mês do tema e passam a ser parte de um ciclo de melhoria contínua”, disse.
Impacto para empresas e metas até 2030
No setor corporativo, Fachini ressaltou que empresas que adotam políticas consistentes de direção segura reduzem sinistros e custos operacionais.
Ele afirmou que o tripé formado por política, treinamento e gestão de dados é decisivo para aumentar a disponibilidade da frota e melhorar resultados financeiros.
O especialista também defendeu que o Brasil precisa alinhar metas claras até 2030.
A principal, segundo ele, é reduzir pela metade as mortes nas estradas, com entregas verificáveis, como a queda nas colisões frontais nas 100 rotas mais letais e a fiscalização aleatória de álcool.
Fachini defendeu ainda a criação de um painel público trimestral com dados de óbitos, feridos graves e custos assistenciais por município e rodovia.