
A Jaguar Land Rover (JLR) sofreu um ataque cibernético que causou prejuízo de R$ 13 bilhões e suspendeu suas operações por cinco semanas.
O incidente, ocorrido em setembro, afetou os sistemas de tecnologia da informação e interrompeu a produção em suas três fábricas no Reino Unido, provocando uma queda de 27% na produção de automóveis do país, com pouco mais de 51 mil unidades fabricadas no mês.
O número é o menor para setembro desde 1952, segundo a Sociedade dos Fabricantes e Comerciantes de Motores (SMMT).
Segundo estimativas, o ataque causou um prejuízo de £1,9 bilhão (cerca de R$ 13,6 bilhões) e é considerado o evento cibernético mais danoso economicamente da história do Reino Unido.
Um levantamento do Centro de Monitoramento Cibernético (CMC) apontou que cerca de 5 mil empresas foram afetadas e que a recuperação total deve ocorrer apenas em janeiro de 2026.
A SMMT afirmou que o ciberataque à Jaguar Land Rover foi o principal responsável pela retração da indústria automotiva britânica em setembro, já que outros fabricantes mantiveram níveis estáveis de produção.
“ O desempenho de setembro não surpreende, dado o colapso total de produção no maior empregador automotivo do Reino Unido após um incidente cibernético ”, disse o diretor-executivo da SMMT, Mike Hawes, segundo informou a BBC. Ele acrescentou que, embora a situação esteja melhorando, o setor “ ainda enfrenta enorme pressão ”.
O total de veículos produzidos no Reino Unido caiu 35,9% em relação ao mesmo mês de 2024, para cerca de 54,3 mil unidades. As exportações, que representam a maioria da produção, também recuaram 24,5%, afetando principalmente envios para a União Europeia, Estados Unidos, Turquia, Japão e Coreia do Sul.
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Riscos ao setor
A Jaguar Land Rover, segunda maior montadora do Reino Unido em volume de produção, atrás apenas da Nissan, informou que suas fábricas estão retomando as atividades de forma gradual.
O diretor comercial da Autotrader, Ian Plummer, avaliou que o impacto foi “ grave, mas de curto prazo ”, segundo a BBC. Ele comparou o cenário à pandemia de Covid-19: “ Depois da paralisação e dos atrasos, deve haver um aumento na demanda e nas vendas ”.
Plummer afirmou ainda que as marcas da JLR “ lideram o número de interessados mensais no Autotrader ”, o que indicaria “ demanda reprimida, apesar da produção paralisada ”.
Incertezas sobre incentivos fiscais
A SMMT alertou que o plano do governo britânico de elevar a produção doméstica para 1,3 milhão de veículos por ano pode estar em risco caso a chanceler Rachel Reeves encerre os incentivos fiscais oferecidos aos Esquemas de Propriedade de Carros por Funcionários (ECOS).
“ A indústria pede intervenções rápidas para reforçar sua competitividade”, afirmou Hawes, segundo a BBC, destacando que manter esses programas “seria um alívio imediato ”, além de fortalecer a cadeia de suprimentos e impulsionar o setor.