
O Salão do Automóvel 2025 reúne lançamentos para todos os perfis, mas poucos contrastes chamam tanto a atenção quanto o carro mais barato e o mais caro, considerando apenas marcas expositoras oficiais, não estandes com carros de importadores ou colecionadores, como o Dream Lounge.
De um lado está o compacto elétrico BYD Dolphin Mini, vendido a partir de cerca de R$ 120 mil. Do outro, o Yangwang U9 Xtreme, hipercarro de aproximadamente R$ 14 milhões. Ambos pertencem à BYD, mas representam universos completamente distintos dentro da mesma indústria.
BYD Dolphin Mini: o carro mais barato do Salão do Automóvel
O Dolphin Mini se consolidou como um dos principais modelos de entrada entre os elétricos vendidos no Brasil. Sua proposta é clara: oferecer uma porta de acesso à mobilidade elétrica para consumidores que buscam mais tecnologia e economia no deslocamento diário.

O compacto utiliza um motor elétrico de 75 cv e torque de 13,8 kgfm. A bateria LFP tem cerca de 38 kWh e garante autonomia próxima de 280 km no uso urbano. A aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em torno de 15 segundos e a velocidade máxima é limitada a 130 km/h.
O preço atual é de R$ 118.990, mas o público PCD pode adquiri-lo por valores abaixo de R$ 100 mil.
Yangwang U9 Xtreme: mais caro do Salão, mais rápido do mundo
Se o Dolphin Mini é o símbolo da popularização dos elétricos no Brasil, o Yangwang U9 Xtreme está no extremo oposto da mesma vitrine. Enquanto o compacto aposta na economia e na simplicidade para facilitar o dia a dia, o hipercarro da divisão premium da BYD existe para demonstrar até onde a tecnologia elétrica pode chegar.

O U9 Xtreme é atualmente o carro de produção mais rápido do mundo, título conquistado ao atingir 496,22 km/h em pista fechada na Alemanha. O feito coloca o modelo em uma categoria inédita entre veículos elétricos e inaugura um novo patamar tecnológico na indústria automotiva.
A produção global é limitada a apenas 30 unidades, e o Brasil receberá somente uma delas, adquirida por um empresário e piloto.
A versão Xtreme utiliza uma arquitetura elétrica de 1.200 volts, superior à já avançada plataforma do U9 convencional. A bateria Blade, de fosfato-ferro-lítio, opera com taxa de descarga ultrarrápida, permitindo entregar a potência necessária para as acelerações violentas do hipercarro. O conjunto inclui quatro motores de ultra-alta rotação, que chegam a 30 mil rpm e somam mais de 3.000 cv.
A suspensão DiSus-X também foi recalibrada para suportar as tensões extremas em altíssimas velocidades, garantindo estabilidade aerodinâmica em retas longas e precisão nas mudanças rápidas de direção. Pneus semisslick de competição e um pacote aerodinâmico específico completam o conjunto.
Chineses mudando o jogo
A convivência entre o Dolphin Mini e o Yangwang U9 Xtreme no mesmo evento sintetiza uma mudança estrutural que já se reflete no mercado brasileiro e internacional. A engenharia chinesa deixou de ser vista como alternativa secundária e assumiu protagonismo na transição elétrica global.
Nos últimos anos, as montadoras da China cresceram de forma acelerada. Em 2024, a BYD superou a Tesla no último trimestre em vendas globais de veículos elétricos. Na Europa, marcas chinesas já respondem por cerca de 8% do mercado de elétricos, com expectativa de dobrar esse índice até 2030. No Brasil, a BYD encerrou 2024 como líder nacional em carros elétricos e, em 2025, já está entre as dez marcas mais vendidas. A GWM também avançou e aparece entre as quinze primeiras, superando fabricantes tradicionais.