Táxis autônomos causam confusão em São Francisco
Reprodução/Tiktok/@chii_rinna
Táxis autônomos causam confusão em São Francisco

Um engarrafamento incomum em São Francisco reacendeu a discussão sobre os limites da direção autônoma. Três carros da Waymo, empresa de tecnologia controlada pela Alphabet, ficaram presos em uma rua sem saída no bairro de North Beach no último fim de semana, gerando um impasse que viralizou nas redes sociais.

Moradores registraram o momento em que dois veículos autônomos se tocaram levemente ao tentar manobrar em uma via estreita e inclinada. Um terceiro robotáxi, ao descer a rua, também ficou bloqueado, deixando um carro de um residente sem possibilidade de sair da garagem. As imagens mostram curiosos observando a cena, enquanto os faróis de emergência dos veículos piscavam sem que nenhum deles tomasse a iniciativa de resolver o problema.


Situação simples, resultado inesperado

Para motoristas habilitados, a resolução do impasse seria relativamente simples: uma manobra cuidadosa de ré e reorganização do fluxo bastariam para liberar a via. Mas, para o sistema autônomo, a combinação de rua estreita, aclive e falta de espaço lateral gerou uma situação sem saída literal e operacional.

Técnicos da empresa afirmaram que os veículos fizeram contato leve ao tentar múltiplas manobras e classificaram o episódio como “oportunidade de aprendizado”. Um funcionário precisou intervir manualmente para que um dos robotáxis recuasse, permitindo que os demais retomassem seu trajeto.


O caso alimenta uma dúvida crescente: se os veículos ainda se confundem em cenários cotidianos, como podem sustentar operações mais complexas em larga escala?

Histórico de falhas aumenta pressão sobre reguladores

Este não é um caso isolado. Nos últimos meses, veículos autônomos da Waymo foram alvo de críticas após atropelarem animais, ignorarem ônibus escolares e errarem procedimentos básicos em situações de fiscalização. Em um episódio recente, policiais tiveram de parar um robotáxi que fez uma conversão proibida durante uma operação de trânsito.

Esses registros reforçam a percepção de que, embora os algoritmos tenham avançado, ainda encontram dificuldades em situações que exigem leitura rápida de contexto, algo que motoristas humanos, mesmo inexperientes, costumam executar com maior flexibilidade.

Segundo autoridades locais, São Francisco concentra o maior número de incidentes reportados com carros autônomos nos Estados Unidos. Especialistas afirmam que isso ocorre porque as ruas da cidade funcionam como um “laboratório natural”: ladeiras acentuadas, pistas estreitas, tráfego intenso e imprevistos constantes testam os limites da tecnologia.

Expansão rápida, questionamentos mais fortes

A Waymo, que já opera milhares de veículos na região, recebeu autorização recente para ampliar sua frota e circular também por rodovias e aeroportos importantes da Califórnia. A empresa pretende tornar a operação completamente autônoma, sem motoristas de segurança, em praticamente todo o estado.

No entanto, esse crescimento acelerado vem acompanhando de inquietação pública. Pesquisas realizadas por universidades americanas mostram que boa parte dos moradores de cidades com alto volume de robotáxis se declara desconfortável com a operação plena de veículos sem motorista. A desconfiança cresce especialmente após incidentes que mostram limitações óbvias da tecnologia, como o da rua sem saída.

Reguladores estaduais e federais enfrentam pressão crescente para definir limites mais rigorosos. O debate envolve desde responsabilidade civil até protocolos de paralisação do serviço quando houver riscos para pedestres ou outros motoristas.

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