A coluna de hoje, véspera de feriado de Finados, faz uma homenagem a centenas de marcas finadas, aquelas que não resistiram à acirrada competição na efervescente indústria automobilística. Mas o lema da coluna AutoBuzz não é o futuro do setor automotivo? Sim, mas para projetar o futuro é preciso entender o passado. E o processo de nascimento e morte de marcas continua a pleno vapor, sobretudo em países como a China. Outro foco são as especialistas em carros elétricos, como a Tesla ou a recém-criada divisão Polestar, da Volvo. Pode ter certeza que muitas surgirão nos próximos anos, mas várias vão estar no obituário em não muito tempo.

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Além das marcas finadas , há também as marcas moribundas, que lutam contra o fim inexorável. Neste rol estão a italiana Lancia, as inglesas Lotus e MG, as japonesas Datsun e Isuzu e até a brasileira TAC, que faz o jipe Stark. Como a lista de marcas defuntas é infindável, vamos homenagear todas elas por meio dessas 10 que selecionei, de forma bastante representativa:

1 - Saab (Suécia, 1945-2012)

Saab 900
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Saab 900


A gigante sueca não teve a sorte da rival Volvo, que foi revigorada após a venda para a chinesa Geely. A melhor fase da Saab foi nos anos 70 e 80, quando esteve sob o controle da também sueca Scania. Foi quando surgiu o modelo 900, campeão de vendas da marca, sucesso até nos EUA. O começo do fim foi a venda para a GM em 1989, quando se perdeu no extenso leque de marcas do grupo americano. Várias tentativas de evitar a falência falharam no início desta década.

 2 - Pontiac (EUA, 1926-2010)

Pontiac GTO 1964
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Pontiac GTO 1964


De todas as marcas do grupo GM que encerraram as atividades, esta é a que mais machucou os fãs. E o motivo é o icônico GTO, pioneiro dos muscle cars , lançado em 1964. Outros modelos como o Firebird, de 1967, ajudaram a fixar a imagem esportiva da marca sangue-quente do grupo. Infelizmente, ela encerrou as atividades na reestruturação pós-crise da GM, juntamente com marcas como Oldsmobile, Saturn e Hummer.

3 - De Tomaso (Itália, 1959-2015)

De Tomaso Pantera
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De Tomaso Pantera


A Itália foi um celeiro de marcas esportivas, muitas vivas até hoje, como Ferrari, Lamborghini, Maserati, Alfa Romeo e Pagani. Das que sucumbiram, a mais importante foi a De Tomaso, criada pelo ex-piloto argentino e empresário Alejandro De Tomaso. O cupê Pantera foi um ícone dos anos 70, com mais de 6 mil unidades vendidas. A marca chegou a tentar a sorte na F1 no início dos anos 60, sem sucesso. No auge, a empresa comprou a Innocenti, outra saudosa marca italiana, criadora da Lambretta. Um empresário italiano chegou a ressuscitar a De Tomaso no início desta década, exibiu protótipos, mas acabou preso, o que acarretou o fim da fabricante.

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 4 - Simca (França, 1934-1978)

Simca Chambord
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Simca Chambord


Essa marca francesa deixou  fãs saudosos no Brasil, pois teve operação por aqui nos anos 50 e 60. Ela produziu clássicos como Aronde, 1000 e o luxuoso sedã Vedette (vendido no Brasil como Simca Chambord). Em 1970, foi comprada pela americana Chrysler, na mesma época em que seus modelos saíram de linha no Brasil (o que rendeu até música da banda de rock Camisa de Vênus). Em 1978, foi vendida para a PSA Peugeot-Citroën, mas seus carros ganharam o logotipo da Talbot (outra extinta marca francesa). Foi o melancólico fim da Simca.

 5 - Maybach (Alemanha, 1909-2013)

Maybach 57
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Maybach 57

Nem tudo onde a Mercedes-Benz põe a mão vira ouro. O melhor exemplo foi a frustrada tentativa de fazer a marca Maybach desafiar as inglesas Rolls-Royce e Bentley. A Maybach foi uma das mais bem-sucedidas marca alemãs no início do século 20, mas não se reergueu após a Segunda Guerra. Em 1960 foi comprada pela Daimler-Benz, e ficou hibernando até 1997, quando foi relançada como marca de superluxo. Após o fracasso, o nome foi mantido apenas como versões topo da linha Mercedes Classe S.

 6 - Rover (Inglaterra, 1878-2005)

Rover P6 1964
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Rover P6 1964


O maior conglomerado automotivo inglês teve uma trajetória das mais confusas em mais de um século de existência. A Rover nasceu fazendo motos, mas se notabilizou produzindo carros entre 1904 e 1967, quando foi vendida para a Leyland Motors (dona da também extinta Triumph). Alguns anos depois, esse grupo se fundiu à British Motors, dona das marcas Austin, Morris, MG e Jaguar. Confuso, não? Em 1986 a Britsh Leyland quebrou, e o que sobrou do conglomerado foi rebatizado como Rover Group, mas sem sucesso. No início deste século, as marcas mais valiosas foram vendidas a grupos estrangeiros (Mini, Jaguar, Land Rover, Leyland Trucks e MG), e a marca Rover, uma das mais populares da Grã-Bretanha, foi desta para uma melhor.

7 - AMC (EUA, 1954-1988)

AMC Javelin
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AMC Javelin

Houve um tempo em que as Big 3 americanas (GM, Ford e Chrysler), foram Big 4. Por quatro décadas, a American Motors Corporation brigou com as gigantes. A AMC nasceu da fusão das marcas Nash e Hudson. Além da marca AMC, o grupo ainda tinha as marcas Jeep e Eagle. Dois esportivos dos anos 70, Javelin e AMX, são dos modelos mais celebrados for saudosos fãs até hoje. A crise do petróleo dos anos 70 afetou profundamente a empresa, que teve parte das ações adquiridas pela Renault em 1979. Em 1987 a Chrysler comprou as ações junto à Renault e incorporou a AMC a seu portfólio, mas só levou adiante a marca Jeep.

 8 - DeLorean (EUA/Irlanda do Norte, 1975-1982)

DMC De Lorean
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DMC De Lorean

A DeLorean teve apenas um modelo produzido, o exótico DMC-12. Embora a sede da empresa fosse em Detroit, a fábrica, por um acordo comercial, foi construída em Belfast, na Irlanda do Norte. O sonho durou pouco, mas cerca de 9.000 DMC-12 foram produzidos e se tornaram peças de coleção após sua célebre participação como máquina do tempo na trilogia De Volta para o Futuro. A marca representa o sonho de pequenos fabricantes, sempre frustrado, de desafiar as Big 3 americanas. Outro ícone do gênero é o Tucker, de 1948, que teve pouco mais de 50 unidades produzidas, mas rendeu um belo filme em Hollywood.

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 9 -Trabant (Alemanha Oriental, 1957-1990)

Trabant
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Trabant

Símbolo da chamada Guerra Fria, a Trabant (marca da fabricante VEB) teve mais de 3 milhões de unidades produzidas, com poucas evoluções em mais de três décadas. Hoje há até passeios turísticos a bordo do espartano modelo pelas ruas de Berlim e Leipzig. A marca não resistiu à derrocada dos regimes comunistas após a queda do Muro de Berlim, em 1988, e da reunificação das duas Alemanhas. A exemplo da Trabant, várias marcas do leste europeu desapareceram, como a Yugo/Zastava (da extinta Iugoslávia) ou a polonesa FSO. Entre as sobreviventes do bloco estão a russa Lada e a romena Dacia (controladas pela Renault-Nissan) e a tcheca Skoda (VW).

 10- Gurgel (Brasil, 1969-1996)

Gurgel BR 800
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Gurgel BR 800


A Gurgel foi a maior e mais importante marca genuinamente brasileira. Resistiu bravamente quase três décadas, mas não sucumbiu à abertura do mercado aos importados, nos anos 90. Teve mais de 30 mil carros produzidos, alguns muito à frente do seu tempo, graças ao seu visionário fundador, João Conrado do Amaral Gurgel. Ele anteviu tendências de minicarros (BR 800, Supermini e Moto Machine), SUVs urbanos (X12 e Tocantins) e até modelos elétricos, como o Itaipu. Foi a marca ícone dos fora-de- série nacionais, como as também finadas Puma, Miura, Envemo, Santa Matilde, Farus, Hofstetter e dezenas de outras marcas finadas.

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