Já pensou como será o cenário automotivo global em 2030? Esse foi tema de um seminário (mediado por AutoBuzz) durante o VE Latino-Americano, feira de veículos elétricos que começou na segunda e se encerra hoje (19/9) em São Paulo. A consultoria McKinsey apresentou dados inéditos de sua última pesquisa global sobre o tema, que desta vez incluiu o Brasil.
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No cenário apresentado, de 80% a 90% dos celulares no mundo terão ao menos um aplicativo de serviços de ridesharing, como o Uber. Com isso, a frota desses serviços será multiplicada por 10 em relação à frota atual. A totalidade dos carros novos em 2030 será totalmente conectada. Robôs-táxis (autônomos, sem motorista) responderão por 6% das viagens percorridas pelos usuários de veículos elétricos .
Perspectiva para os veículos elétricos
Cerca de 50% dos veículos vendidos em 2030 serão eletrificados, sendo que alguns países proibirão a venda de veículos apenas a combustão. No mundo, 66% dos eletrificados vendidos hoje têm apenas motor elétrico , enquanto 34% são híbridos plug-in – e essa participação dos puramente elétricos tende a aumentar. O Brasil, porém, deverá privilegiar modelos híbridos de propulsão, de acordo com a McKinsey. Em 2030, os híbridos elétricos responderão por algo entre 10% e 30% das vendas totais de veículos em nosso país, dependendo do custo dos veículos e do nível de emissões exigido pelo governo federal. Carros compartilhados responderão por algo entre 10% e 15% da frota.
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Haverá três fases na eletrificação da frota brasileira. A primeira será impulsionada por clientes de maior poder aquisitivo e alto grau de consciência ambiental, já no início da próxima década. A segunda onda, em meados da década, será a de veículos compactos de uso urbano, mais acessíveis, usados por particulares ou oferecidos por locadoras e aplicativos de compartilhamento. Finalmente, a terceira onda será a dos veículos de uso familiar elétricos ou híbridos, sobretudo SUVs, mais perto de 2030.
Em 2022, o Brasil deverá adotar um limite de emissões similar ao da Euro 6 (120 g de CO2 por km). Para um passo além desse, os carros só conseguem reduzir emissões com algum nível de eletrificação. O custo das baterias tem caído em média 10% por ano, fenômeno acompanhado de constantes ganhos de eficiência e autonomia. Nesse ritmo, a tendência é que em 2029 os carros elétricos se tornem mais baratos que os modelos a combustão nos países mais desenvolvidos, mesmo sem incentivos fiscais, de acordo com o estudo. No Brasil, vai demorar mais um pouco.
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Outra conclusão curiosa da consultoria é que o crescimento de vendas de SUVs e picapes no Brasil gera um paradoxo, já que eles emitem mais poluentes do que os carros de passeio, num momento em que as leis exigem menos emissões. Isso obrigará as montadoras a acelerar o uso de motores mais limpos (Euro 6) e, num segundo momento, o de sistemas híbridos ou elétricos. Não por acaso, o lançamento de SUVs elétricos no mundo tem crescido tanto. A Audi acaba de apresentar o SUV de luxo e-tron, totalmente elétrico, enquanto a BMW promete para 2021 o SUV iNext, elétrico e com alto grau de automação.
Complementando o estudo da McKinsey, o instituto Ipsos apresentou no mesmo seminário uma pesquisa feita com consumidores brasileiros. Ela apontou que 82% se preocupam com aquecimento global e 75% com a poluição nas grandes cidades. Além disso, 90% colocaram no topo da lista de preocupações o preço dos combustíveis, no caso dos carros convencionais. Por isso, 40% já buscaram algum tipo de informação sobre veículos elétricos . A janela de oportunidades para a eletrificação está escancarada. Só depende de uma conjunção de investimentos privados com uma agenda política consistente.
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