Após 20 anos parado em uma garagem em São Paulo, um Opel Kadett 1968 foi restaurado no Rio Grande do Sul e acabou sendo comprado para o filme Ainda Estou Aqui. O modelo, que ficou em exposição no Dream Car Museum, em São Roque (SP), até 17 de março, agora será leiloado no próximo dia 22. Esse Kadett, estima-se, deve ter chegado ao Brasil importado da Alemanha ainda zero-quilômetro, e foi descoberto em 1990 pelo colecionador Ricardo Antônio Amoedo, conhecido no meio do antigomobilismo como Ricardo Jacó, e bem ao acaso, quando andava por uma rua no bairro de Pirituba, em São Paulo. “O carro estava parado na rua, mas gostei. Aí descobri o dono, um barbeiro da região, fiz a proposta de compra e ele topou.  O valor foi barato, cerca de R$ 1,5 mil. Fiz alguns ajustes no carro, usei durante um tempo, mas logo depois, acabei o deixando parado de novo, uma mania minha, comentou Jacó.”

Mas quis o destino que, em 2015, um colecionador da cidade de Carazinho, no Rio Grande do Sul, visitasse o galpão e o tirasse daquela situação. Três meses depois, ele foi adquirido pelo vice-presidente Financeiro do Veteran Car Club de Novo Hamburgo, o médico Alexandre Gireli Colcete. “O veículo tinha muita ferrugem e precisou ser restaurado, recebendo nova pintura. Além de retificar o motor, fizemos toda a suspensão e uma revisão geral. Já o interior estava em ótimo estado e foi mantido todo original”, relembra Alexandre. Em 2016, o Opel Kadett foi premiado na Expoclassic, maior exposição de veículos antigos em área coberta do Brasil, realizada em Novo Hamburgo, RS. Segundo Alexandre, o desempenho do Opel Kadet 1968 – equipado com o motor 1.1 de 4 cilindros a gasolina refrigerado a ar e com câmbio manual de 04 marchas - não empolga muito com seus 60 cavalos de potência e 8,6 Kgfm de torque. “O carro é bom de dirigir, apesar de ser um pouco lento, resolve bem nos pequenos deslocamentos. E na época dele, no final dos anos 60, era o que tínhamos no mercado”.

O início do estrelato no cinema

Em 2023, quando a produção procurava por um Kadett vermelho para o filme, Fábio Costa Martins, dono da empresa Veículos de Cena, encontrou o modelo e abriu uma negociação de compra com Alexandre e intermediada por Jacó, o antigo dono paulista. Fábio e o filho Gabriel fecharam compra, mas o pedido da produção do filme era bem específico: o Opel tinha que ser vermelho, desafio que Fabio resolveu em apenas cinco dias. E o restante é história. O carro foi usado em diversas cenas, incluindo a última vez que Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, o dirige antes de sua prisão.

Após sete meses de gravação, o carro ganhou ainda mais expressão como um dos importantes coadjuvantes da obra nacional que conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacionalem 2025.

Como é fácil de imaginar, hoje na condição de estrela de cinema, esse Opel Kadet 1968 teve seu passe supervalorizado. A expectativa é que sua venda alcance valor acima dos R$ 300 mil. Um desfecho e tanto para um veículo que estava fadado à ferrugem.

 *Agradecimento: Dream Car Museum (www.dreamcarmuseu.com.br)