O setor automobilístico aguarda com expectativa a aprovação de um programa que pode impulsionar as linhas de montagem. O chamado Rota 2030, elaborado pelo Governo Federal, está em discussões com as fabricantes. É um novo regime industrial marcado basicamente pela concessão de incentivos fiscais para as marcas que alcançarem metas de eficiência energética e realizarem investimentos em produção, pesquisa e desenvolvimento de novos carros no país.
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O consumidor, claro, sempre fica em dúvida. O governo abre mão de recolher impostos de gigantes e contrapartidas são esperadas. Só o tempo dirá se as promessas serão atendidas na íntegra. A indústria de carros ressalta que irá se debruçar em novos projetos de produção local de veículos, que geram empregos.
A ideia também é permitir o surgimento de modelos com tecnologias avançadas, carros híbridos, elétricos, motores mais eficientes, menos poluentes e o que o brasileiro mais espera: preços mais baixos. O próprio governo busca um consenso do tamanho dos benefícios tributários, e a aprovação pode ocorrer em breve. As fabricantes argumentam que podem acelerar a chegada de modelos inovadores.
Uma das novidades pode ser o novo Toyota híbrido, apresentado semana passada no Salão de Pequim (China), na versão plug-in, ou seja, o sedã vai combinar um motor a combustão com outro elétrico que pode ser recarregado numa tomada elétrica.
No Brasil, o novo Corolla deverá ser produzido na fábrica de Porto Feliz, no interior de São Paulo, em 2020 com um inédito motor híbrido flex, o primeiro dessa geração no mundo movido com gasolina, etanol e eletricidade, com excelentes índices de eficiência energética, segundo a montadora.
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O elétrico Chevrolet Bolt poderá ser o primeiro carro dessa categoria produzido no Brasil, feito na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista. A GM espera que possa também contar com uma política fiscal que desonere a carga tributária cobrada de modelos com propulsão alternativa. Esse modelo elétrico está previsto para chegar em 2019.
O Bolt é um hatchback com um motor elétrico equivalente a 200 cv (150 kW) de potência e 36,8 mkgf de torque. Ele é alimentado por uma bateria de íons lítio de 60 kW que permite uma autonomia de 383 km por carga completa. A montadora americana diz que quer ser líder do mercado de elétricos na América Latina.
Com um design completamente renovado e uma nova plataforma modular surge o Nissan Micra V. Ele tem itens de segurança avançados para o segmento popular. Usa um motor de 0,90 litros turbo e tem uma característica de direção esportiva. O Micra V deverá substituir o atual March da montadora japonesa.
Na categoria de SUVs, o BMW X2 nacional poderá ser produzido na fábrica brasileira de Araquari, em Santa Catarina. Ele chama a atenção pelo seu novo design onde predomina a grande grade dianteira. Na Europa, o modelo é oferecido com os motores a gasolina 2.0 para versões 4x2 e 4x4, e 2,5 com 231 cv, além de um diesel de 190 cv.
O BMW X2 é equipado com o sistema Driving Experience, voltado para a eficiência que permite selecionar o modo de condução Eco-Pro, Comfort e Sport, alterando a resposta do acelerador, da direção, da transmissão automática, do som do motor e do sistema de ar-condicionado No momento, tem sido mais negócio para a marca importar o SUV do que montá-lo localmente.
A FCA (Fiat-Chrysler) já domina o mercado de picapes pequenas e compactas. Agora, a empresa admite produzir na sua fábrica de Goiana em Pernambuco, a RAM 1500 uma picape média-grande, completando a gama de produtos neste segmento.
A nova geração da RAM 1500, apresentada no Salão de Detroit no início do ano,, ficou mais moderna e eficiente como resultado de seu design aerodinâmico. No Brasil, o mais provável é que seja equipada com o motor V6 EcoDiesel combinado com um câmbio automático de oito marchas.
Esses projetos estariam aguardando a definição do programa Rota 2030. Se não acontecer, os modelos correm o risco de não sair sair do papel para o Brasil, dizem as montadoras. Como estes veículos há outros na fila.
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Na primeira etapa, o Rota 2030 deve estabelecer uma meta de 12% de evolução em eficiência energética de nossos automóveis e comerciais leves para os próximos cinco anos, replicando o mesmo índice imposto pelo Inovar, o programa anterior do Governo Federal que acabou em 31 de dezembro de 2017. O novo regime deve vigorar até 2032 e será dividido em três fases de cinco anos cada: de 2018 a 22; de 23 a 27; de 28 a 32. Mas os fabricantes e o governo conseguirão resolver os entraves?
História de 99 anos
Vale lembrar que há 99 anos, num 1° de maio - dia do trabalho, o então presidente Epitácio Pessoa assinou um decreto que permitia à Ford Motor Company instalar uma filial de montagem do Modelo T, em São Paulo. A data foi considerada um marco na produção nacional de automóveis.
Na prática, a Ford foi a primeira montadora a vir para o Brasil. Em 1919, com investimento de US$ 25 mil aprovado por Henry Ford, fundador da empresa, instalou uma pequena linha de montagem num armazém na região central da então incipiente cidade de São Paulo. O Modelo T chegava por navio desmontado dos Estados Unidos e o processo era finalizado aqui.
Em 1921, a Ford inaugurava uma fábrica própria na Rua Solon, no bairro paulista do Bom Retiro. O prédio existe até hoje. Lá chegou a produzir 25.000 veículos por ano. A linha de montagem do Modelo T recebia centenas de visitantes, atraídos pelo fascínio do automóvel, uma novidade no Brasil.
Nessa história, a marca foi responsável por importantes lançamentos como o Galaxie. o Maverick e o Escort. Como relato pessoal, posso dizer que desde 1978, passei cerca de 40 anos na empresa, dois terços de minha vida. Vi de perto a chegada do Ka, Focus, Fiesta, EcoSport, Fusion e Mustang, entre outros.
Atualmente, a Ford disputa o quarto lugar com a novata Hyundai no mercado brasileiro. E alguns de seus modelos atuais correm o risco de deixar de existir. Algo até certo ponto normal. A grande diferença é que há dúvidas se serão substituídos.
Nos Estados Unidos, a montadora anunciou que vai abandonar os modelos sedãs e outros veículos de sua linha, concentrando-se basicamente na produção de SUVs, picapes e carros elétricos. Os únicos automóveis serão um crossover chamado Focus Active e o Mustang, esportivo de baixo volume de produção. Mas ainda não foi divulgado o plano para os demais países.
De qualquer forma, são os novos tempos em que surgem estratégias ousadas e radicais no setor de carros . Assim como o Rota 2030, só o tempo irá dizer se as promessas e os planos são acertados. Uma coisa é certa, como em qualquer atividade econômica, quem não investir em seu negócio tende a perder seu lugar no mercado.