Palavra de quem frequenta há, pelo menos, três décadas: o Salão Internacional do Automóvel de Detroit, nos Estados Unidos, sempre foi uma fria. Não no sentido de lançamentos. Isso jamais. Lá tiveram modelos memoráveis. É que costuma ocorrer em pleno inverno, com temperatura média de seis graus negativos. A partir de 2020, vai esquentar: passará para o mês de junho, no começo do verão americano. E ganhará também um foco mais moderno. Se antes toda a atenção estava voltada aos motores potentes de carrões e superpicapes, agora há espaço para os lançamentos de carros elétricos.
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Antes as montadoras tendiam a fazer a estreia desses carros, os chamados EVs, em Los Angeles, na Califórnia, onde é grande a popularidade dos veículos com emissões zero. Mas o show de Detroit mostrou estar apto a receber também carros elétricos , híbridos e conceitos com essa tecnologia.
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Para a indústria automobilística o futuro está aí. O Chevy Bolt, primeiro EV a entregar cerca de 372 km de autonomia, continua a ser o mais popular. A Chevrolet também divulgou como será seu futuro SUV elétrico baseado no Bolt.
Mas a versão elétrica do Hyundai Kona
também mereceu atenção. Tem a maior autonomia - 415,3 km - da categoria, oferece uma quantidade surpreendente de equipamentos e pode muito bem ser o EV do futuro - um SUV compacto totalmente convencional, comum e acessível.
A Kia mostrou a versão elétrica do Niro, um crossover que chega este ano ao mercado e oferece 383 km de autonomia. Outra novidade da empresa coreana é o Kia Soul elétrico, previsto para 2020.
Já a Nissan mostrou o Leaf e-Plus Long-Range, um modelo maior que o atual e que tem 226 km de autonomia. Vai competir com o Bolt e o Kona Electric. Há ainda o e-Golf 2019, da Volkswagen, um EV muito funcional e ágil, mas com uma gama de autonomia de 200 km, a menor entre os do Salão de Detroit.
Aliás, por lá, difícil de acreditar, mas até a Cadillac, marca símbolo máximo da cultura americana, revelou as primeiras imagens renderizadas de um grande SUV movido a eletricidade, que deve ser um dos primeiros veículos a usar a futura plataforma elétrica da General Motors.
Conceitos e carros elétricos
A Infinity, marca de luxo da japonesa Nissan, revelou o carro-conceito QX Inspiration que antecipa as linhas do primeiro SUV elétrico da montadora. Além do carro EV, essa mesma plataforma comportará modelos híbridos e híbridos plug-in, ou seja, com motores a gasolina funcionando em conjunto com a bateria elétrica.
A Nissan apresentou o conceito IMX de sedã esportivo. Seu motor de propulsão de motor duplo (híbrido) de 483 hp, com tração nas quatro rodas, promete um desempenho impressionante. A bateria de 115 kWhé tem autonomia de cerca de 600 km.
A montadora chinesa GAC mostrou um carro-conceito chamado Entranze - veículo SUV de sete lugares, previsto para o segundo semestre deste ano. Também trouxe ao Salão um carro compacto já de produção chamado GE3 que tem um motor elétrico de 132 kW (177 hp) e uma velocidade máxima de 97 mph.
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Produzido desde 1990, o Ford Explorer , de fato, foi o primeiro SUV da marca e é um dos mais tradicionais veículos do mercado americano. Já foi vendido no Brasil até o ano 2000 com relativo êxito.
Essa nova versão passou por um processo de modernização e terá uma da suas versões com motor híbrido. Segundo a montadora, ele pertence à nova geração de híbridos da marca para 2020.
Com motor de 3.3 litros, o Explorer Hybrid tem potência combinada de 322 cv e autonomia de mais de 800 km na versão com tração traseira. Sua transmissão híbrida modular conta com 10 velocidades.
Enquanto isso no Brasil seguimos contando com a dependência total da indústria petrolífera e do etanol ao invés de carros elétricos . Que os investimentos e a mudança venham em breve - em termos de comportamento, inspirado nos novos costumes europeus e americanos, e de economia, para que os modelos sustentáveis tenham preços competitivos também por aqui.