Certamente já contei muito sobre a Yamaha MT-07. Já disse que é uma funbike das mais divertidas, leve e super ágil, com entrega de potência na medida certa, além de ter um visual bastante agressivo. E que a apresentação da versão 2019 dessa motocicleta ocorreu no fim do ano passado, em um passeio pela noite paulistana.
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Na ocasião, expliquei que, apesar de sua irmã maior, a Yamaha MT-09 , ser mais potente, a MT-07 é mais fácil de ser domada e, dependendo da situação, até mais eficiente em termos de desempenho. Tanto é que o piloto Rafael Paschoalin a escolheu para participar do Pikes Peak deste ano, depois de experimentar por três vezes as duas motocicletas em uma das mais difíceis e perigosas provas de subida de montanha, no estado norte-americano do Colorado. Resultado: ele venceu a prova na categoria Middleweight, com um “caminhão” de vantagem sobre o segundo colocado.
Paschoalin, que já havia conquistado a pole position, percorreu os 20 quilômetros e 156 curvas do percurso em 10m43s880, abrindo grande vantagem sobre Richard Kay, segundo colocado com o tempo de 11m20s959, e Jimi Heyder, o terceiro, com 12m58s629.
Para o piloto, muitos foram os fatores responsáveis por sua vitória. “Este ano cheguei em Pikes Peak mais preparado, tanto no aspecto físico quanto psicológico, e tive a oportunidade de ir para os Estados Unidos algumas semanas antes da corrida para treinar e realizar os acertos finais na minha nova Yamaha MT-07. Começamos a desenvolvê-la cedo, após o lançamento de sua nova geração em outubro de 2018, e acertamos em cheio em sua preparação e na estratégia de levarmos uma moto fabricada no Brasil pronta para competir”.
O que torna a vitória de Paschoalin mais importante é o fato de essa competição ser uma das mais difíceis do motociclismo mundial. Neste ano, a Pikes Peak International Hill Climb, como a prova é chamada, completou 97 edições, em 103 anos de existência.
Trata-se da subida de uma estrada sinuosa em Colorado Springs (EUA), com 156 curvas em um percurso de 20 km. A largada acontece a cerca de 2.300 metros de altitude, com a chegada a mais de 4.500 metros de altitude, colocando pilotos e máquinas à prova em função do ar rarefeito.
Bem, cá estamos nós aqui novamente, falando dessa divertidíssima motocicleta. Só que, desta vez, eu pude experimentar a própria motocicleta do Paschoalin, em uma modesta comparação com a Yamaha MT-07 original, no circuito da fazenda Capuava, interior de São Paulo.
A motocicleta utilizada é basicamente a mesma vendida na rede da marca no Brasil, mas com muitas modificações com o objetivo principal de torná-la mais leve. Foram retirados, entre outros itens, o suporte da placa, piscas, espelho e farol, com as rodas originais trocadas pelas mesmas que equipam a Yamaha R1M.
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No motor, as alterações ficaram restritas ao trabalho no cabeçote e mapeamento do sistema de injeção, com a retirada do filtro de ar e com a adoção de um escapamento de maior vazão. Tudo sem alterar a cilindrada original da moto, que é 689 cm3.
Para reduzir ainda mais o peso, foi retirado o estator e todo o sistema elétrico que recarrega a bateria, esta substituída por uma de lítio, extremamente leve. Essa bateria tem autonomia de apenas 20 minutos, o suficiente para uma corrida, que dura pouco mais de 10 minutos. É claro que a motocicleta deve estar permanentemente ligada à rede elétrica, para manter a bateria sempre carregada, da mesma forma que um telefone celular.
Quanto às suspensões, elas foram adequadas para uso extremo em competição, assim como a relação de transmissão, que passou por um trabalho de fino tuning com o objetivo de reduzir ao máximo as perdas por atrito. A bomba do freio dianteiro e os pneus também foram substituídos por componentes de competição.
Um aspecto curioso foi bastante trabalhado na Yamaha MT-07 do Paschoalin: a posição de pilotagem. Alturas e distâncias foram minuciosamente medidas e ajustadas para sua melhor postura, incluindo a fixação das pedaleiras. Para isso, foi instalado o guidão de uma Yamaha MT-03, só que invertido, ou seja, “de cabeça para baixo”. Para o piloto, essa era a melhor posição, o que exigiu que o tanque de combustível original tivesse que ser rebaixado em alguns centímetros.
Com todo esse trabalho, é claro que a Yamaha MT-07 ficou perfeita para o Rafa. E para conhecer melhor a moto vencedora do Pikes Peak , eu e minhas medidas muito diferentes fomos dar um passeio pelo circuito da Fazenda Capuava. Antes, é claro, algumas voltas na MT-07 original, para sentir a diferença.
A Yamaha MT-07 original já é divertidíssima em uma pista sinuosa com essa. Ao sentar na motocicleta do Rafa, no entanto, é claro que a posição de pilotagem é o que se destaca de imediato, mas em poucas voltas, pude notar facilmente as diferenças, principalmente nas reações, já que, logicamente, eu não iria acelerar nem perto do limite com uma motocicleta única como essa. Pena que no momento em que eu fui pra pista com a motocicleta, o fotógrafo estava almoçando!
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Um dia pra lá de interessante, não apenas pela pista, mas pela história do Rafael Paschoalin, que mostrou que um objetivo pode ser alcançado com muito trabalho e talento. Parabéns, Rafa!