Ah, anos 70! Tudo parecia novo, moderno, irresistível. E era. As novas motocicletas japonesas dominavam o mercado internacional e a mente dos motociclistas e pretendentes a motocicistas de então. Havia uma motocicleta adequada para cada tipo de pessoa – e de bolso.
As médias cilindradas tinham oferta muito mais abundante do que as grandes, que ainda eram poucas. Claro, a Honda CB 750 Four de 1969 ainda era a referência de beleza e tecnologia, mas as marcas rivais não ficaram paradas.
Em 1971, a Suzuki contra-atacou com a GT 750, com a grande novidade da refrigeração a água em seu motor tricilíndrico dois tempos, mas essa motocicleta ainda era pesadona e cara demais para ter um bom volume de vendas. Assim surgiram, em 1972, as suas duas irmãs menores, a GT 550 e a GT 380, ambas tricilíndricas dois tempos porém com refrigeração a ar.
Visualmente bem mais atraentes que a linha T anterior, que pecava pelo magrelo tanque de combustível, as novas Suzuki emplacaram de cara. Para compensar a refrigeração a água perdida, elas vinham com outra novidade, a refrigeração a ar Ram-Air, inspirada dos modelos de competição.
Esse sistema fazia com que o ar passasse por dutos acima do cabeçote, ajudando a controlar a temperatura do cilindro central, sempre mais quentes que os externos. O mais bacana é que esse sistema deixou o motor das motos muito bonito, valorizando o conjunto.
Das duas novas Suzuki, GT 380 e GT 550, a menor foi a preferida da maioria, logicamente menos potente porém mais leve e mais acessível. A 380 tinha como vantagem, também, o câmbio de seis marchas (cinco na 550) e o tão valorizado indicador digital de marchas no painel. Só não tinha... partida elétrica.
Você viu?
Mas tudo bem, o motor era leve e fácil de fazer funcionar – obviamente quando os três carburadores Mikuni de 24 mm estavam perfeitamente regulados. O motor tricilíndrico dois tempos, que tinha três blocos de cilindro separados e um único cabeçote para os três, tinha potência de 38 cv e torque de 3,8 kgfm.
A Suzuki GT 380 foi produzida de 1972 a 1979, cada ano-modelo representado por uma letra, como era costume na Suzuki. A primeira foi a GT 380 J, que pode ser identificada pelo freio dianteiro a tambor – incompatível com o desempenho da moto – e o suporte do farol na cor do tanque.
Mais detalhes da Suzuki GT 380
O freio a disco veio na GT 380 K, de 1973, com. A GT 380 L, de 1974, ganhou suportes de farol cromados e experimentou novos carburadores, que não emplacaram. Havia também uma ventoinha elétrica como opcional, para ajudar na refrigeração do motor. Foi nesse ano que a motocicleta ganhou seu item mais charmoso, o indicador digital das marchas no painel. A Suzuki GT 380 M, de 1975, voltou a ter os carburadores originais.
A letra do ano seguinte não seguiu a sequência: a Suzuki GT 380 A de 1976 não teve grandes alterações, mas foi o início do fim da saga. Ainda potente, ágil e confiável, o mundo já começava a torcer o nariz para os motores dois tempos, principalmente devido ao maior consumo de combustível em uma época de crise do petróleo (a preocupação com as emissões ainda era incipiente).
E a concorrência estava mais evoluída, a Honda CB 400F , quadricilíndrica de quatro tempos, era mais potente, mais leve e tinha partida elétrica. A GT 380 havia ficado fora de moda.
Ainda assim a produção continuou. A Suzuki GT 380 B, de 1977 – que não veio para o Brasil, devido à proibição das importações em 1976 – podia ser identificada pelas laterais pretas e não na cor do tanque. O resto era tudo igual. Nesse ano foi descontinuada a Suzuki GT 550. A última da saga, a GT 380 C, foi produzida até o fim de 1978 e encerrou a história do modelo, com as tampas laterais voltando a ter a mesma cor do tanque.
As pressões crescentes pelo aspecto ambiental, principalmente nos Estados Unidos, um de seus principais mercados, decretaram o fim da série GT da Suzuki . E ela própria ajudou a enterrar seus modelos de dois tempos, com o lançamento da linha GS, com motores quatro tempos.