A Honda já mostrou, na Europa, a sucessora da Africa Twin 1000, a Honda CRF 1100L Africa Twin DCT , e já faz um bom tempo. Atrasada, mas prestes a ser lançada também no Brasil, a nova motocicleta deverá chegar no primeiro trimestre de 2021, na versão convencional, e, alguns meses depois, na versão com transmissão DCT.
Além da maior cilindrada, que passará de 998 cm3 para 1.084 cm3, com os devidos acréscimos também em potência e torque (ainda indefinidos, pois dependem de alguns acertos), e de pequenas melhorias funcionais, a maior novidade para a nova Africa Twin sera mesmo a opção da transmissão automatizada DCT, a mesma que equipa a Honda Gold Wing Tour e o scooter/motocicleta Honda X-ADV 750 .
Em uma rápida explicação, o câmbio DCT – que significa Dual Clutch Transmission, ou transmissão de dupla embreagem – tem dois eixos de engrenagens, um para as marchas pares e outro para as marchas ímpares, cada um com uma embreagem independente. Com esse recurso, as marchas são trocadas com maior rapidez.
As embreagens são automáticas, de forma que não há manete de embreagem, sendo que as marchas podem ser trocadas manual ou automaticamente, conforme a escolha do piloto, sempre de forma eletrônica. Um motor de passo acoplado à transmissão seleciona as marchas que deverão ser engrenadas, e as embreagens são acionadas hidraulicamente, controladas por solenóides que controlam a passagem do óleo.
A primeira motocicleta que a Honda lançou no Brasil com transmissão DCT foi a VFR 1200F , há cerca de dez anos. Aquela primeira geração do DCT era precária e por esse motivo não era prazeroso pilotar a motocicleta. Em uma segunda geração do sistema, a Honda VFR 1200X Crosstourer já era bem melhorzinha no funcionamento da transmissão automatizada, mas muito ainda haveria de melhorar.
E foi o que aconteceu. Confesso que achei aquela primeira VFR muito ruim de pilotar, ficando até com uma certa precaução a respeito desse tipo de câmbio para motocicletas. Mas, como aconteceu com os automóveis, quando os primeiros câmbios automatizados também eram muito ruins, o DCT melhorou, e muito.
Minha primeira experiência com a terceira geração do DCT foi com a Honda GL 1800 Gold Wing Tour , que tem um câmbio desses, mas com sete marchas. Ficou ótimo, bem melhor do que a versão bagger da mesma motocicleta, que ainda tem o câmbio de seis marchas e embreagem manual.
Depois, foi a vez do scooter/moto Honda X-ADV , que tem esse câmbio, só que com seis marchas. Dessa vez foi possível constatar que esse câmbio automatizado também funcionava a contento em um veículo mais leve. Na Europa há uma versão da Honda NC 750 com essa transmissão.
Na nova Africa Twin, serão seis marchas, e a motocicleta terá ainda melhorias no quadro, no peso, na ergonomia, nos sistemas eletrônicos inerciais e no painel de instrumentos.
Experimentei a Africa Twin com transmissão DCT no centro de pilotagem da Honda, em uma antiga versão experimental ainda com motor de 998 cm3, para compará-la com a nossa versão com transmissão convencional. Apesar da brevidade da experiência, deu pra notar que o sistema funcionará bem também no fora de estrada. Em algumas situações, o controle da motocicleta poderá ser até melhor.
Quando as duas versões da nova Honda CRF 1100L Africa Twin estiverem disponíveis em nosso mercado, a maior diferença entre elas sera mesmo o preço, uma vez que a Africa “comum”, com câmbio manual, continuará a ser produzida em Manaus, AM, enquanto que a Africa DCT virá completamente montada, importada do Japão.
No final, serão quatro as opções do modelo: a Africa Twin CRF 1100L, a Africa Twin CRF 1100L Adventure Sports, a Africa Twin CRF 1100L DCT e a Africa Twin CRF 1100L Adventure Sports DCT. Todas ainda sem preço definido. Atualmente, a Africa Twin CRF 1000L custa R$ 61.214 e a Africa Twin CRF 1000L Adventure Sports custa R$ 68.603. Não haverá mais as respectivas versões Travel Edition, mas o conjunto de malas de alumínio continuarão a ser oferecidos como acessórios.