O segmento dos scooteres nunca esteve tão concorrido. Veículos leves, compactos, fáceis de serem pilotados – basicamente, basta apenas acelerar e frear – e relativamente acessíveis. Tanto é que existe um scooter para cada gosto e para cada bolso.
Entre os modelos convencionais de entrada, o Honda Elite reinava praticamente solo, disputando o mercado com veículos parecidos, como os cubs. Mas que não são scooteres.
Agora sua vida será chacoalhada com a chegada do novo Yamaha Fluo , que tem porte e visual muitíssimos parecidos, só que custando 24% a mais. Vamos, então, conferir se esse investimento adicional pode ser compensado por um scooter mais equipado.
Para início de conversa, destacamos, no Yamaha Fluo, alguns equipamentos até agora só encontrados em scooteres de maior valor, como o sistema ABS no freio dianteiro, a chave presencial e o sistema Stop & Start. Tudo de série.
Os dois scooteres são muito parecidos, em especial quanto às dimensões. Quanto aos detalhes, provavelmente eles serão confundidos entre si em uma rápida olhada, mas, nesse quesito, o desafiante leva uma enorme vantagem.
No peso, Honda Elite e Yamaha Fluo têm um empate técnico: 104 kg contra 102 kg. Nas dimensões, praticamente o mesmo resultado, com o Yamaha medindo 180 mm a mais no comprimento.
A altura do assento é apenas 8 mm menor no Honda e no vão livre (distância minima do solo) a diferença é ainda menor, 2mm. Com isso, podemos considerar que os dois scooteres são idênticos, sob o ponto de vista das dimensões responsáveis pelo conforto do piloto.
Outras dimensões determinam a dirigibilidade, aspecto que começa a distanciar os dois contendores. O Yamaha Fluo tem exatos 57 mm a mais na distância entreeixos, o que, face ao tamanho das rodas dos scooteres, pode fazer alguma diferença.
E é fato: o Fluo é ligeiramente mais estável em pisos irregulares do que o Elite. As rodas também influem nesse sintoma, outra vez com vantagem para o Yamaha, que tem rodas de 12 polegadas (dianteira e traseira), enquanto que o Honda tem roda dianteira de 12 polegadas e traseira de apenas 10 polegadas.
Em pisos perfeitos, essas diferenças sequer são notadas, mas no padrão Brasil de asfalto de ruas, cheias de buracos e remendos, ambos sofrem demais. Nesse caso, as suspensões mais macias do Honda Elite disfarçam um pouco melhor, enquanto que as suspensões mais firmes do Yamaha Fluo tornam as irregularidades do piso ainda mais ameaçadoras. Na dianteira, as suspensões de ambos têm o mesmo curso de 90 mm e, na traseira, o Honda tem 70 mm e o Yamaha tem 80 mm.
Mas chega de números e mais números, vamos descobrir o porquê de o scooter da Yamaha custar 24% a mais. A começar, pelo freio dianteiro, equipado com sistema anti-bloqueio ABS no Yamaha Fluo. O Honda Elite tem o sistema de acionamento simultâneo CBS, que também é interessante mas não evita o travamento da roda.
O painel de instrumentos de ambos é de LCD, 100% digitais e cada um com suas particularidades. Faróis de leds também são de série nos dois scooteres. Mas o Yamaha Fluo tem duas conveniências que, acostumando-se com elas, nota-se a falta no Honda Elite.
São o sistema Smart Key, que aciona o sistema elétrico por aproximação, e o sistema Stop & Start, que desliga o motor em paradas rápidas (depende do ritmo de pilotagem, em tráfego urbano normal ele desliga em 1,5 segundos e, em tráfego mais intenso, ele desliga em 5,0 segundos).
Por fim, detalhes menores, como o espaço mais adequado para um capacete fechado embaixo do banco no Yamaha Fluo do que no Honda Elite, ponto de energia de 12 volts no anteparo da Yamaha e acesso rápido ao bocal de abastecimento no Fluo (no Elite é necessário abrir o banco). Por outro lado, o Fluo não tem porta-objetos no anteparo, o que dificulta muito manter um celular carregando, mesmo com o ponto de força.
É preciso, no entanto, destacar um detalhe excelente do Yamaha Fluo: as pedaleiras retráteis do garupa, reguláveis em duas posições de altura, que permitem conforto para quem vai de carona com o piloto. Em oposição, a (falta de) pedaleira para o garupa no Honda Elite transforma qualquer pequeno trajeto em uma verdadeira tortura para o caroneiro.
No desempenho, o motor do Yamaha Fluo com seus exatos 124,86 cm3 de cilindrada desenvolve a potência de 9,5 cv a 8.000 rpm, com torque de 1,0 kgfm a 5.500 rpm, contra os 9,34 cv a 7.500 rpm e os 1.05 kgfm a 6.000 rpm do motor de mesma cilindrada do Honda Elite (ambos têm 52,4 mm X 57,9 mm de diâmetro e curso).
São valores muitíssimo parecidos, um empate técnico, mas que não impedem que o Honda Elite reaja com notável melhor resposta ao acelerador do que o Yamaha Fluo. Por outro lado, em velocidades mais elevadas (para um scooter urbano, bem entendido), o Yamaha Fluo funciona com maior suavidade e conforto dinâmico.
Honda Elite e Yamaha Fluo, dois scooteres essencialmente muito práticos e versáteis, são algumas das as melhores ferramentas de locomoção que alguém poderia querer para se movimentar em grandes cidades.
A plataforma plana para os pés e o cavalete central confirmam esse atributo, em ambos. Com muito mais semelhanças do que diferenças, a única restrição para quem entra no notável mundo dos scooteres compactos e evitar o uso em vias de grande velocidade, como as expressas e as autoestradas.
Por tudo isso que foi visto, e apesar das semelhanças, o novo Yamaha Fluo não briga diretamente com o scooter Honda Elite, uma vez que está mais próximo, em termos de preço, do cub Honda Biz 125. O novo Yamaha Fluo custa R$ 13.390, valor mais próximo do Honda Biz 125, que custa R$ 12.360, do que do Elite, que custa bem menos, R$ 10.850. O scooter Yamaha Neo custa R$ 11.090.