Com a Triumph Street Twin os amantes das clássicas já podem desfilar por aí com o charme das antigas e a confiabilidade de uma moto nova. As motocicletas que começaram a revolucionar o mundo nos anos 60, feitas no Japão, nada mais eram do que reproduções dos modelos europeus até então produzidos. Algumas delas, a exemplo da Kawasaki Série W , cópia descarada da inglesa BSA A7 , tinham até o pedal do câmbio do lado direito,como era comum nas motos européias.
A maior parte dessas motocicletas eram inglesas e quase todas tinham uma aparência que hoje chamamos de naked retrô. Naked porque eram nuas, sem carenagem ou qualquer roupagem externa, e retrô porque naquele tempo quase não existiam artifícios estéticos, todas as motocicletas tinham faróis circulares e tanques de formato arredondado, como o modelo da Triumph .
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Depois de um período em que a moda visual eram motocicletas esportivas e carenadas, as naked voltaram com toda a força. Agora, com o movimento saudosista que se instala em todos os segmentos da nossa vida – será saudade dos “bons tempos”? –, as motocicletas atravessam uma exagerada febre do passado. Nada contra, pelo contrário, se eu gosto das motocicletas antigas, também acho ótimo que as atuais, cheias de conforto e tecnologia, também se pareçam com motocicletas de outrora.
Não preciso dizer, então, de como gostei da Triumph Street Twin. O renascimento da marca Triumph, certamente a mais popular entre as inglesas dos anos 50, trouxe muita tecnologia aos novos modelos, que sempre mantiveram a tradição dos antepassados. A Bonneville , que surgiu em 1959 e teve sua reedição primeiramente com uso de carburadores e depois se rendeu à tecnologia e à funcionalidade da injeção eletrônica, sempre manteve sua aparência original. Até agora, era a Bonnie a retrô da marca que mais prazer fornecia no estilo e na pilotagem sossegada, porém a chegada da Street Twin tomou-lhe esse status. Mais simplificada, de estilo minimalista, conforme diz o próprio fabricante, a Twin surpreende até quem estava bem preparado para uma surpresa.
Como anda a moto da marca inglesa
Extremamente suave, desde os comandos até o funcionamento de seu motor bicilíndrico de 900 cm 3 e 55 cv, ela leva a pensar que se trata da motocicleta definitiva para aqueles que curtem um passeio sem pressa. O seu próprio nome, no entanto, alerta para sua maior limitação: é uma motocicleta para as ruas (street). Não que seja impossível viajar, mas que seja um roteiro curto, sem que se precise manter maiores velocidades por longo tempo. O motor da Street Twin tem potência reduzida mas o torque é fabuloso para a cilindrada (cerca de 8 kgfm), o que o habilita preferencialmente a baixas rotações.
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Quem sabe uma sexta marcha (são cinco, apenas) fizesse os viajantes ficarem mais satisfeitos na estrada. Depois dos scooteres, provavelmente a Triumph Street Twin seja a melhor motocicleta para o dia a dia no cenário urbano. Banco de boa altura, nem alto nem baixo demais, guidão confortável e posição de pilotagem excelente. Debaixo do banco, que abre com a chave, um item simples e fundamental que os fabricantes têm esquecido de forma negligente: um gancho para capacete. Poderiam ser dois, um de cada lado do quadro, afinal, é uma motocicleta que leva garupa sem grandes constrangimentos.
Outro item que mostra a preocupação do fabricante com os pequenos detalhes que incomodam os motociclistas há décadas é o bico de ar dos pneus, saindo pela lateral das rodas. Quem já sofreu para calibrar os pneus de uma motocicleta saberá o que estou dizendo. E assim para vários detalhes que já existiram e que foram inúmeras vezes desprezados pelos projetistas, como a posição da trava do guidão que mantém as lanternasdianteira e traseira acesas. Só devemos ter o cuidado de não travar nessa posição sem querer, para não ficar sem bateria.
Estilo nostálgico com toques de modernidade
A Triumph Street Twin mescla o visual retrô com a tecnologia, como se pode notar no velocímetro analógico com display eletrônico, no farol redondo porém moderno, de refletor multifacetado e suporte de alumínio. De eletrônica, ela tem ainda freios ABS e controle de tração como item de série.
Embaixo do banco, inclusive, há um ponto USB para carregar um celular. Só não tem um lugar embaixo da banco que caiba um celular. Mas isso é caso para a criatividade de cada um, o que não deverá faltar entre os aspirantes a proprietários: a Street Twin conta com acessórios e kits de personalização originais da marca, para que ninguém pare em um semáforo ao lado de uma motocicleta igualzinha à sua.
Quer comprar uma naked retrô para uso urbano? A Triumph Street Twin está aí para isso. Só que ela custa R$ 36.500, o que a deixa bem longe das utilitárias urbanas de baixa cilindrada e mesmo dos mais caros dos scooteres urbanos. Mais barata, no entanto, que as suas duas principais concorrentes, a Ducati Scrambler
,
que custa R$ 38.900 na versão Icon e R$ 41.900 nas demais versões, e da Harley-Davidson Iron 883
, que custa R$ 42.900.