E aí colega! Já estou aqui de novo para mais um bate-papo descontraído sobre carros nesta minha coluna. Eu estava pensando numa situação atual que vejo, em até alguns colegas um pouco mais novos, que não estão nem aí para tirar a carteira de motorista, mais conhecida por CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Quer saber, acho até normal. Mais antigamente, muito na época do meu pai e um pouco ainda na minha, o pessoal torcia para fazer 18 anos e tirar a carta. Hoje em dia, apareceu o Uber e outros aplicativos de locomoção tão eficientes e fáceis de usar, que a maioria não quer saber de dirigir no trânsito. É tanto tráfego numa cidade, como São Paulo, por exemplo, que a pessoa fica até com raiva de ficar no volante. É uma pena, mas essa é a nova realidade.
Acredito que para você que está comigo na coluna e provavelmente lendo outras matérias legais no iG Carros , não via a hora de fazer 18 anos e tirar a carteira. Eu também, mas como piloto de kart desde os 13 anos, eu sempre quis fazer rápido os 18 para parar de vez com as caronas do meu pai, da minha mãe e até de amigos que me levavam quase que diariamente entre os percursos de casa, oficina, kartódromo ou autódromo , durante treinos e corridas.
O dia em que finalmente você tem a CNH na mão, o primeiro carro a gente nunca esquece. Eu fiz 18 anos no dia 24 de março de 2015. Tinha terminado a temporada de 2014, no meu primeiro ano de automobilismo, como campeão sul-americano da nova Fórmula 4, uma categoria de iniciantes recém-lançada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo), o que me levou diretamente para um teste gratuito na Europa de Fórmula Renault , onde fiz a minha corrida de debutante no circuito de Alcañiz, na Espanha, no dia 25 de abril.
Assim, logo após tirar a carteira de motorista no Brasil, advinha onde eu fui ter o primeiro carro da minha vida? Lá mesmo, na Europa. Mais precisamente em Barcelona, êta cidade boa, onde passei a morar e viajar principalmente para os locais onde foram realizadas as corridas, como Spa (Bélgica), Budapeste (Hungria), Silverstone (Inglaterra), Nürburg (Alemanha), Le Mans (França) e Jerez de La Frontera, também na Espanha, a cerca de 900 km de minha casa Barcelona, onde terminou a minha primeira temporada europeia, em fins de outubro.
Se a cidade era boa de morar, o carro tinha que ser bom também para viajar, principalmente para levar todas as minhas "tralhas" de piloto. Tinha que ter um bom porta-malas. Eu escolhi, assim, uma perua Mercedes-Benz C 220 com motor diesel, mas antes de falar mais sobre ela, gostaria de fazer um parêntesis para explicar que um carro premium na Europa, que aqui é muito mais caro, nem custa tanto assim.
Além disso, desde que fiz a minha primeira coluna do iG Carros, falei que tive a sorte de ter um pai que é um empresário bem-sucedido, que corre de carro e, principalmente, naquela época, me ajudou bastante.
Bem, na semana passada, você viu a minha coluna sobre o Mercedes-AMG GT3, que correrei no GT World Challenge Europe Endurance Cup (antigo Blancpain GT Series). Imagine, eu volto a falar que o meu primeiro carro de rua foi a perua Mercedes C 220, também lá na Europa. Pior que não estou ganhando nada por isso e, para ser bem sincero, nem conheço o pessoal de marketing da fábrica alemã no Brasil e, muito menos, nem lá na Alemanha.
Mas isso nem vem ao caso porque eu gostaria de comentar aqui alguns pontos que fizeram eu escolher uma perua em vez de um SUV que, nestes últimos anos, sem dúvida, vem sendo o maior sucesso de mercado de toda a indústria automobilística mundial.
Além de um bom porta-malas, com capacidade para 490 litros e 1.510 litros com o banco rebatido, eu optei pela C 220 State da fábrica alemã porque ela oferece mais prazer de dirigir do que o utilitário da moda.
Você viu?
Isso por conta de um centro de gravidade mais baixo, que permite você contornar as curvas com mais facilidade. A perua rola menos do que o SUV, que tem aquela inclinação meio incômoda nas curvas feitas em velocidades um pouco mais elevadas.
Outra coisa que diferencia a perua é a sua melhor aerodinâmica provocada pelo seu teto longo, que evita até turbulência lá atras. É um carro muito estável. A minha C 220 State , daquela época, era equipada com motor turbo diesel de 2.143 cm³, de injeção eletrônica, que oferecia cerca de 180 cavalos de potência máxima e ótimo torque. Lembro que tinha boas arrancadas e retomadas de velocidades para ultrapassagens mais seguras. Acredito que acelerava de 0 a 100 km/h perto dos 8 segundos.
Para um primeiro carro de rua , mostrava ser rápida e ágil pelo seu peso total aproximado de 1.500 kg. Quando eu pisava mais fundo no acelerador, ela rapidamente respondia com boa entrega de torque, trabalhando com um câmbio automático de sete marchas com possibilidade de trocas manuais pelas aletas atrás do volante.
Lembro que tinha também o sistema dynamic select, que permitia escolher cinco tipos de utilizações em seus módulos: Eco, Confort, Sport, Sport+ e Individual. Eu, não sei por que, sempre gostei mais de utilizar o Sport Plus, que esticava as marchas em rotações mais elevadas e a respostas de acelerações eram mais imediatas.
A suspensão também é muito bem acertada, independente nas quatro rodas, com four link na dianteira e cinco braços atrás. É um carro que oscila muito pouco, que oferece conforto e segurança, ao mesmo tempo. Com tração traseira, a Mercedes C 220 State pode ser divertida para quem gosta de uma dirigibilidade esportiva quase no limite de aderência nas curvas.
Outro grande lance das peruas é o espaço interno que oferecem. Com seu perfeito cumprimento e largura é o veículo ideal para uma família, assim como foi para mim que tinha sempre muitas "tralhas" para carregar.
Em termos de segurança, a Mercedes C 220 era equipada com airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para o motorista. Felizmente, nunca precisei deles e vou te falar que, desde que tirei a minha carteira de motorista , nunca tive uma batida mais séria com nenhum dos meus carros de ruas. Tipo daquela que judia de vez da sua carroceria.
Mas confesso que já dei duas ou três raspadas dentro de garagem. Uma delas num poste de rua por total distração. A minha C 220 ainda tinha distribuição eletrônica da força de frenagem, controle de tração e estabilidade e até alerta de colisão.
Como é um carro que visa mais conforto, o banco era um pouco mais aberto e não abraçava tão bem o motorista. Um piloto já repara, logo de cara isso, porque dentro de seu carro de corrida utiliza um banco especial feito para ele, que praticamente o prende até mesmo sem usar o próprio cinto de segurança, de quatro pontos.
Para finalizar, lembro que a perua tinha ainda direção elétrica, belo e completo painel de instrumentos, acabamento de primeira linha de carros alemães, enfim, tudo aquilo que eu precisava para os meus dois anos seguidos de residência na Europa.
Assim, termino essa coluna te esperando para a próxima da semana que vem. E se quiser saber mais me acompanhe também no Instagram @brubap. Afinal, tamo mais junto do que nunca.