Fiat Mobi Drive: motor de três cilindros, emite três vezes menos CO do que o de quatro cilindros, um dos carros poluidores
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Fiat Mobi Drive: motor de três cilindros, emite três vezes menos CO do que o de quatro cilindros, um dos carros poluidores

Se você é daqueles que não dão a mínima para o aquecimento global, talvez possa ser convencido a prestar atenção nos índices de poluição dos carros quando se trata de sua própria saúde ou de seus familiares. Além do conhecido CO 2 (dióxido de carbono), que causa o efeito estufa da Terra, os automóveis com motores de combustão interna emitem também gases venenosos para a saúde humana. Esses gases são o CO (monóxido de carbono), o NOx (óxido de nitrogênio) e o NMHC (hidrocarboneto não metano). Há 30 anos o governo lançou o Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores) e há 25 anos obrigou a indústria automobilística a usar catalisadores em todos os carros. Sem esses dois movimentos, que foram aprimorados, o ar das cidades brasileiras seria irrespirável, pois a frota circulante é de 51 milhões de veículos. Então, vamos falar de carros poluidores.

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Por isso, a indústria automobilística cada vez mais trabalha com um olho no desejo dos consumidores e outro nos índices de emissões do PBEV (Programa Brasileiro de Emissão Veicular), uma parceria entre o Inmetro e o Conpet. Entre os 10 modelos mais vendidos do Brasil,  entre os carros poluidores temos Volkswagen 1.6 e o Toyota Corolla 1.8 são os que mais emitem o monóxido de carbono, que é difícil de ser percebido porque é incolor, não cheira e de início não irrita a garganta. Mas calma! Assim como todos os outros carros, esses dois também estão dentro das regras que protegem a saúde dos brasileiros.

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Volkswagen Gol: tudo bem se estiver com o motor 1.0 de três cilindros, mas o velho motor 1.6 8V faz dele um carro muito mais poluente

A lei atual (Proconve 6) permite até 1.300 mg/km de monóxido de carbono. O Gol 1.6 emite 778 mg/km e o Corolla 1.8 solta 730 mg/km. Estão dentro da lei. Em seguida, na lista dos 10 modelos mais vendidos, vêm os seguintes carros que mais jogam partículas de CO no ar: Fiat Mobi 4cil. 1.0 (631 mg), Jeep Compass 2.0 Flex (625 mg), Chevrolet Onix 1.4 (549 mg), Ford Ka 1.5 (545 mg), Chevrolet Prisma 1.4 (501 mg), Hyundai HB20 1.6 (500 mg), Renault Sandero 1.6 (483 mg) e Honda HR-V 1.8 (170 mg). Mas isso quando são novos. Basta estarem com o catalisador vencido para que a emissão de poluentes estoure o limite estabelecido como seguro pelo Ministério da Saúde.

“Sem o catalisador, os veículos poluiriam, em média, cinco vezes mais”, afirma Stephan Blumrich, vice-presidente da Umicore Brasil, empresa especialista em tecnologias de controle de emissões. “O catalisador é responsável por converter até 98% dos gases tóxicos em substâncias inofensivas, por isso é fundamental para que os carros consigam se adequar aos limites de emissões exigidos pelo Proconve”, afirma. Essa peça dura cerca de 80.000 km.

Santo Catalisador

As reações do catalisador: o desenho acima mostra como os gases venenosos são transformados em emissões em risco para a saúde
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As reações do catalisador: o desenho acima mostra como os gases venenosos são transformados em emissões em risco para a saúde


Apesar do “Santo Catalisador”, a indústria também faz sua parte. Mesmo na linha Gol e Corolla existem exemplos muito melhores – exatamente naqueles motores que são os mais procurados pelos consumidores. O Gol 3cil. 1.0, por exemplo, emite apenas 357 mg/km de CO. E as emissões do Corolla 2.0 caem para 452 mg/km. Outro bom exemplo é o Mobi, que reduz a emissão de CO de 631 para 195 mg/km se a versão escolhida for a que usa motor 3cil. 1.0 e não o velho 4cil. 1.0. A gente não vê, mas a verdade é que o Mobi 4 cilindros emite três vezes mais desses gases tóxicos do que o Mobi Drive, que usa o novo motor 3 cilindros Firefly. Não é muito diferente quando se trata da emissão de hidrocarbonetos: 31 mg/km para o Mobi 4cil. contra 14 mg/km para o Mobi Drive (menos da metade). A situação só fica parelha na emissão de óxido de nitrogênio: 21 mg/km (4cil.) contra 20 (Drive). Detalhe: as emissões do Mobi 4 cilindros foram feitas sem ar-condicionado, ao contrário do Mobi Drive. Todos esses níveis estão dentro dos parâmetros de segurança, mas demonstram claramente a importância das tecnologias de controle de emissões.

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Segundo Blumrich, “o nível de emissões do Brasil é similar ao de países como Argentina e México e mais restrito quando comparado ao de outros países da América Latina”. Mas quando se fala do Primeiro Mundo a situação é diferente. “Os limites impostos na Europa e nos Estados Unidos são mais rígidos que os do Brasil.” Ele também revela que nessas regiões todo o sistema de controle de emissões deve durar pelo menos 160.000 km, o dobro daqui. Eis o problema! O brasileiro médio não tem costume de fazer manutenção preventiva. “O catalisador é uma peça que pode ser afetada pela falha de outros itens, como velas, cabos, baixa qualidade de combustível e carbonização do motor”, diz Blumrich.

Segundo dados do livro “25 Anos do Catalisador Automotivo e 30 anos do Proconve: Uma Estratégia de Sucesso”, produzido pela Umicore, principal fabricante do setor, sem o catalisador, só de 1992 a 1996 a quantidade de CO emitida pelos automóveis chegaria a quase 20 g/km. “A evolução dos motores permitiu diminuir esse índice para cerca de 5 g/km, o que tornou possível atingir valores próximos de zero com a aplicação de catalisadores modernos na saída do escape”, explica Blumrich. Vale dizer também que a melhoria dos motores nos últimos anos é um dos méritos do programa Inovar-Auto, instituído pelo governo em 2012.

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Volkswagen Up: com dois motores modernos, de três cilindros, emite pouca poluição, mas sem o catalisador estaria fora do padrão permitido por lei

Estudos da Umicore estimam que cada catalisador em atividade e durante sua vida útil evita que, em média, mais de 1 tonelada de poluente por veículo chegue até o meio ambiente. Nesse período de 25 anos foram produzidas cerca de 47 milhões de peças. Mas, apesar disso, é o próprio usuário que precisa mudar um pouco a forma de olhar para os carros no momento da compra.

Hoje, a maioria dos consumidores – e dos jornalistas especializados também – só tem olhos para a parte de consumo quando analisa a etiqueta emitida pelo Inmetro/Conpet. E a indústria, que não é boba, usa todos os artifícios possíveis para dizer que seus carros são nota A. Então, a primeira pergunta tem que ser: nota A no geral ou na categoria? Para a maioria dos especialistas, o que realmente conta é a nota no geral. Porém, mais do que a nota de eficiência energética (uma combinação de baixo consumo com baixa emissão de CO 2 fóssil, aquele do efeito estufa), é preciso ficar de olho na nota de emissão de gases poluentes: os tais NMHC, CO e NOx. Essa classificação aparece claramente na etiqueta do carro e também vai de A até E.

Os limites brasileiros para o NMHC são de 50 mg/km e para o NOx são de 80 mg/km. Vamos pegar o caso do Volkswagen Up, um carro que tem dois tipos de motor 1.0 de três cilindros, um aspirado e outro turbinado (TSI). Na emissão de hidrocarbonetos não metanos (NMHC), o Up emite 37 mg/km contra 27 do Up TSI. Sem catalisador, o Up iria para 185 mg/km e o Up TSI emitiria 135 mg/km (ambos cerca de três vezes acima do limite de 50). Quanto ao óxido de nitrogênio (NOx), a emissão do Up é de 18 mg/km e a do Up TSI é de 31. Sem catalisador, esses números iriam para 90 no caso do Up (10 acima do limite de 80) e para 155 no caso do Up TSI (quase o dobro do permitido por lei). Para além da questão de saúde, isso pode pesar no bolso quando as cidades decidem multar os carros que ultrapassam os níveis de emissão permitidos. Em São Paulo, por exemplo, essa lei caiu mas deve voltar.

O vilão do meio-ambiente

O modulo de injeção: a ilustração mostra como as sondas lambda trabalham junto aos catalisadores para fazer o ajuste da relação ar/combustível
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O modulo de injeção: a ilustração mostra como as sondas lambda trabalham junto aos catalisadores para fazer o ajuste da relação ar/combustível

Considerado o vilão do meio ambiente, o CO 2 (dióxido de carbono) é um gás formado na câmara de combustão dos veículos a partir da queima do combustível. Ele é um dos responsáveis pelo aquecimento global, mas não faz mal diretamente à saúde humana e dos animais. Para diminuir a incidência de CO 2 , a indústria tem investido na eficiência energética dos veículos. “Reduzir o consumo dos automóveis resulta em uma diminuição das emissões de CO 2 . Outra forma de reduzir esse tipo de impacto ao ambiente é mudar a fonte de energia, utilizando as chamadas fontes limpas, como biocombustíveis ou sistemas de propulsão elétrica”, explica Miguel Zoca, gerente de aplicação de produto da Umicore. De novo, uma olhada nos números do PBEV revela nossa realidade.

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Peugeot 208 com motor 1.2: entre os carros só com motor de combustão interna, é o que menos emite gases que provocam o efeito estufa

Em relação à eficiência energética (economia de combustível e menor emissão de CO 2 ), somente 346 dos 1.058 carros analisados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular receberam o “Selo Conpet de Eficiência Energética”. Isso equivale a menos de 33% do total. Os carros que menos provocam o efeito estufa no Brasil são os seguintes: Toyota Prius (71 g/km), Ford Fusion Hybrid (81 g/km), Peugeot 208 1.2 (85 g/km), VW Up TSI (86 g/km), Renault Kwid (86 g/km), Lexus CT200h (87 g/km), Volvo XC90 (87 g/km), Citroën C3 1.2 (88 g/km), Fiat Mobi Drive (89 g/km) e VW Up (89 g/km).

Nenhum deles está na lista dos 10 carros mais vendidos do país. Isso mostra como nosso mercado ainda está atrasado na questão da poluição provocada pelos carros, apesar dos indiscutíveis avançados realizados pelo Proconve e pelo uso dessa peça que muita gente nem sabe que existe no carro, o catalisador. Agora, empurrado pelos movimentos da indústria global nos últimos salões de Frankfurt e Tóquio, a indústria automobilística brasileira discute de que forma a eletrificação será colocada no programa Rota 2030, que substituirá o Inovar-Auto a partir de 1º de janeiro. Mas isso é assunto para outro dia.

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