Fiat Cronos: com motores 1.3 e 1.8 e cinco versões que vão de R$ 53.990 a R$ 69.990, tem potencial para roubar vendas do Prisma 1.4 e do Cobalt 1.8.
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Fiat Cronos: com motores 1.3 e 1.8 e cinco versões que vão de R$ 53.990 a R$ 69.990, tem potencial para roubar vendas do Prisma 1.4 e do Cobalt 1.8.

Depois de passar décadas comendo poeira no segmento de sedãs, parece que a Fiat finalmente acertou a mão. Muito mais do que fazer concorrência ao Volkswagen Virtus, que também é novo no mercado, o Cronos tem potencial para sangrar as vendas do Prisma e do Cobalt, a dupla da Chevrolet que lidera os dois nichos de sedãs nas categorias que ficam abaixo dos sedãs médios (onde está o imbatível Toyota Corolla). Na esteira do sucesso do Fiat Argo e do Volkswagen Polo, o Cronos e o Virtus chegaram para se impor, mas a estratégia da FCA é muito mais agressiva do que a da VW. Dinamicamente, os dois carros já mostraram que são bons. Se vão vender bem ou não, é uma questão de posicionamento no mercado.

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O Cronos nos parece mais bem posicionado do que o Virtus. Embora o Volkswagen possa ser superior nos aspectos de motorização, segurança e espaço interno, talvez falte a ele o requinte de um acabamento superior na versão de entrada, enquanto sobra tecnologia nas versões superiores (mas elas são caras). Não basta motor, segurança e espaço para reivindicar a fantástica posição ocupada hoje pelo Prisma, que vende 69 mil unidades/ano. Seu mais próximo seguidor, o VW Voyage, não chega a 41 mil/ano. Depois vem o Hyundai HB20S (32 mil/ano) e o Toyota Etios Sedã (31 mil/ano). Justamente por ter o Voyage bem colocado nesse nicho, a Volkswagen tratou de colocar o Virtus numa briga superior. Mas a Fiat se interessa por esse nicho de entrada dos sedãs – e muito, pois ele vende mais de 275 mil carros/ano.

Chevrolet Prisma: com quase 69 mil unidades vendidas por ano, é o quinto carro mais procurado do país e tem uma versão 1.0 que custa R$ 47.490.
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Chevrolet Prisma: com quase 69 mil unidades vendidas por ano, é o quinto carro mais procurado do país e tem uma versão 1.0 que custa R$ 47.490.

Já o nicho liderado pelo Chevrolet Cobalt é bem menor, pois tem só dois concorrentes de peso e as vendas são de 40 mil carros/ano. O Cobalt vende 23 mil unidades/ano e o Honda City fica um pouco abaixo de 16 mil/ano. Só que os carros são mais caros, por isso o Virtus mira nesse nicho. Ao contrário do Prisma, que está na lista dos top 5 mais vendidos, o Cobalt é líder de sua categoria apesar de ocupar apenas o 35º lugar no ranking brasileiro (incluindo as picapes). A vantagem do Cronos é que ele pode roubar vendas tanto do Prisma quanto do Cobalt.

A guerra dos preços

Volkswagen Virtus: devido ao seu posicionamento de preços, tem mais potencial para atacar diretamente o Cobalt, num nicho com menores vendas.
Carlos Guimarães
Volkswagen Virtus: devido ao seu posicionamento de preços, tem mais potencial para atacar diretamente o Cobalt, num nicho com menores vendas.

Para ser um dos cinco carros mais vendidos do país, o Prisma tem uma versão Joy 1.0 de R$ 47.490 e três 1.4 de R$ 57.190, R$ 58.690 e R$ 63.190. O Cronos tem uma versão de entrada de R$ 53.990 que poderá seduzir clientes do Prisma 1.0 que queiram passar para um carro superior, com motor 1.3. Mas não conseguirá competir diretamente com o Prisma Joy. Porém, para brigar contra o Prisma 1.4 de R$ 57.1980 a R$ 63.190, o Cronos tem uma versão 1.3 de R$ 55.990, uma 1.3 automatizada de R$ 60.990 e uma 1.8 manual de R$ 62.990.

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Quanto ao Virtus 1.6, somente a versão de R$ 59.990 poderá fazer frente ao Prisma 1.4, mas aí estaremos falando de um carro básico, com poucos equipamentos e acabamento espartano, contra um topo de linha, bem equipado. É mais provável que o Virtus 1.6 ataque diretamente os clientes do Cobalt 1.8 que desejam um carro espaçoso e não queiram pagar R$ 66.590 por um sedã. O Cobalt tem também um versão de R$ 73.890. Contra esses dois Cobalt 1.8, o Cronos tem uma versão 1.8 automática de R$ 69.990. Ou seja, situa-se no meio das duas versões do Cobalt (manual e automática), com um design mais emocional e outros apelos, por ser um lançamento.

Chevrolet Cobalt: apesar de estar em 35º lugar no ranking, é o sedã mais vendido numa categoria que só tem ele e o Honda City, mas sofrerá ataque do Virtus.
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Chevrolet Cobalt: apesar de estar em 35º lugar no ranking, é o sedã mais vendido numa categoria que só tem ele e o Honda City, mas sofrerá ataque do Virtus.

Já o Virtus, para brigar com as duas versões do Cobalt 1.8, tem duas versões 1.0 turbo, excelentes, uma com preço similar (R$ 73.490), mas câmbio automático, e outra mais cara (R$ 79.990), já próxima do Honda Civic de entrada, que é de outra categoria. Se com o Polo a estratégia da Volks foi ganhar mercado, com o Virtus parece ser outra – ganhar dinheiro e insinuar-se com um carro mais barato aos clientes dos sedãs médios, que custam o olho da cara. Pode ser que dê certo também, pois o carro é bom.

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O fato é que os exércitos dos sedãs estão no campo de batalha para uma das guerras mais interessantes de 2018 no mundinho dos carros. Todos têm seus trunfos e não podemos esquecer dos coadjuvantes. Mas, considerando os dois líderes da Chevrolet e os dois novatos da praça, acredito que o Cronos tem mais potencial de vendas a médio prazo. Saberemos quem tem mais munição ao longo da temporada, mas, como observador, num ranking de vendas anual, eu apostaria na seguinte sequência: Prisma, Cronos, Virtus e Cobalt, com o carro da Fiat muito mais próximo do sedã da Chevrolet do que a GM poderia imaginar.

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