Apesar de serem usadas para transportar pessoas e coisas, não apenas para trabalho, todas as picapes figuram no segmento de comerciais leves. É um mercado diferente do de automóveis de passageiros, embora muitos consumidores comprem picapes com esse objetivo. É um segmento importantíssimo para a indústria automobilística mundial, pois só nos primeiros cinco meses de 2018 já vendeu 2,4 milhões de unidades – um crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado.
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No ranking global das picapes , existe um modelo que não dá chances para ninguém. Trata-se da Ford F-Series, formada pelas picapes F-150 (modelo grande que já foi vendido no Brasil) e F-250 (quase um caminhão). É uma picape que faz sucesso principalmente nos EUA e no Canadá. Apenas esses dois países respondem por 98% das vendas da Ford F-Series, que cresceu 3,7% este ano. Segundo a consultoria Focus2Move, as F-Series já emplacaram 440,6 mil unidades de janeiro a maio.
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Para se ter uma ideia da força da Ford F-Series (que inclui a desejada versão Raptor), as três picapes que vêm a seguir no ranking ainda estão na casa das 200 mil unidades, nessa ordem: Chevrolet Silverado (263,9 mil), RAM Pick-up (230,7 mil) e Toyota Hilux (215,6 mil). Das três, a só a RAM vem perdendo vendas (-9,5%). A Silverado cresceu 9,8% e a Hilux subiu 6,4%. O brasileiro conhece as três, pois a Silverado já foi vendida por aqui, a RAM é comercializada na versão 250 e a Hilux é uma das líderes do mercado – não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina.
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Como já foi anunciado pela FCA, a picape RAM ficará mais forte no mercado brasileiro a partir de 2019, quando a versão 150 será importada do México, para completar a estratégia da montadora junto com as picapes Toro e Strada (que logo vai ganhar uma nova geração). É possível até que no futuro ela seja fabricada no Brasil. Atualmente, a Strada e a Toro são líderes do mercado, com 27 mil e 20,5 mil emplacamentos, respectivamente, de janeiro a maio. Dos 2,4 milhões de picapes vendidas no mundo, o Brasil contribuiu com 122,7 mil, ou seja, apenas 0,5%. É muito pouco e isso demonstra o potencial que ainda tem esse mercado.
Picapes são fundamentais para a Ford
A importância das picapes no mercado automotivo é tão grande que a Ford Motor Company decidiu concentrar seus esforços nos EUA quase todo nas F-Series. Num movimento surpreendente, a Ford anunciou recentemente que não vai mais fabricar veículos familiares como o Fusion e o Focus em seu país-sede. Este último ainda terá sobrevida com a comercialização do Focus Active (versão aventureira). O esportivo Mustang também permanece. A ideia da Ford é atuar em segmentos que são altamente lucrativos – e o de picapes é um deles.
No Brasil, entretanto, a Ford perdeu a importância que já teve nas picapes. Sem uma picape pequena, derivada de carro compacto, como eram a Pampa e a Courier, a Ford briga no segmento somente com a Ranger. Mas ela nem sequer figura no ranking das cinco mais vendidas. Além da Strada e da Toro, o ranking é completado pela VW Saveiro (18,4 mil vendas até maio), Toyota Hilux (14,4 mil) e Chevrolet S10 (12,4 mil). A Ranger aparece num distante sexto lugar (6,6 mil emplacamentos).
A importância da Ranger é bem diferente quando analisamos o ranking global. A posição é a mesma (sexto lugar), mas com vendas robustas (107,9 mil), logo atrás da Isuzu D-Max, que é a quinta colocada (111,2 mil). A lista das dez picapes mais vendidas do mundo é completada por Toyota Tacoma (103,6 mil), GMC Sierra (99,9 mil), Chevrolet Colorado (62,2 mil) e Toyota Tundra (51,2 mil). É um mercado tão relevante que até a Mercedes-Benz entrou nele, como a picape Classe X.
Outro movimento muito importante no mercado é a união da Volkswagen e da Ford na fabricação de veículos comerciais. Ainda é cedo para pensar numa Saveiro da Ford. Mas não é absurdo pensar que, no futuro, a Volks e a Ford podem criar juntas um modelo para bater de frente com a Fiat Toro e a Renault Duster Oroch, por enquanto as únicas picapes médias com chassi monobloco no mercado.