Maven da GM: compartilhamento de carros está sendo testado também no Brasil
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Maven da GM: compartilhamento de carros está sendo testado também no Brasil

A velocidade com que a revolução digital está mudando todos os hábitos da sociedade contemporânea também modifica radicalmente os negócios. Até mesmo as pessoas que vivem conectadas estão sendo surpreendidas com o fenômeno. Sociólogos tentam entender e explicar essa revolução da conectividade, mas até eles são “atropelados” pelos acontecimentos. No caso dos carros, as montadoras deixaram de ser as protagonistas principais do negócio e estão se aliando às empresas de inteligência digital.

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Tudo isso afeta a forma como nos relacionamos com nossos carros . Para os mais velhos, é espantoso ver os filhos mostrarem pouco interesse em tirar carteira de motorista, por exemplo. Para muitas gerações, os carros significaram emancipação e liberdade. Hoje, cada vez mais, significam apenas uma forma de se locomover do ponto A para o ponto B. Não por coincidência, nos últimos dias participei de dois eventos sobre esse fenômeno: um na sede do Google, com a FCA, e outro no evento MeliXP, no São Paulo Expo, com executivos do Mercado Livre, do Waze e da GM.

Debate sobre o setor de carros no MeliXP: Caio Ribeiro (Mercado Livre), Douglas Tokuno (Waze) e Marcelo Santiago (GM)
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Debate sobre o setor de carros no MeliXP: Caio Ribeiro (Mercado Livre), Douglas Tokuno (Waze) e Marcelo Santiago (GM)

Essas cinco empresas estão ao mesmo tempo criando e participando da revolução digital, mas também correndo atrás dela. A razão de tudo não são apenas os smartphones, os computadores e a inteligência artificial, mas sim o fato de que a famosa geração Y (os millenials) já está envelhecendo. “Quem compra carro hoje são os millenials, que estão quase fazendo 40 anos”, disse João Ciaco, diretor de marketing da FCA. A geração Y é formada por pessoas nascidas de 1980 a 1994. Os hábitos da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) são ainda mais digitais.

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Isso explica o sucesso do MeliXP. O Mercado Livre Experience aconteceu pela terceira vez e teve um aumento de 70% na participação do público (cerca de 10 mil pessoas interessadas em novas tecnologias). O próprio Mercado Livre saiu na frente ao oferecer a possibilidade de comprar carros pelo smartphone, desde a escolha do veículo até o sinal de R$ 1.000, que vale como uma reserva. “Só não fazemos a venda do carro 100% digital porque ainda existe algum tabu sobre isso”, afirma Caio Ribeiro, diretor da Área de Classificados do Mercado Livre.

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O “Tinder” dos carros

Executivos do Waze divulgam o Waze Carpool: a ideia é que a cidade se movimente em carros por meio de caronas
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Executivos do Waze divulgam o Waze Carpool: a ideia é que a cidade se movimente em carros por meio de caronas

De sua parte, o Waze acaba de lançar o aplicativo Waze Carpool. É uma espécie de Tinder dos carros. Da mesma forma que o app de relacionamentos encontra pessoas próximas que queiram se relacionar, o Waze Carpool permite que você encontre pessoas que pretendem fazer o mesmo caminho de carro. Ao participar de um debate sobre o futuro do setor automotivo no MeliXP, Douglas Tokuno, head do Waze Carpool, explicou o sentido do negócio: “Até 2030 as cidades brasileiras abrigarão 90% da população. Hoje 80% das ruas são ocupadas por carros, a maioria com apenas uma pessoa. Mesmo que a indústria fizesse carros voadores, teríamos congestionamentos. Falta espaço nas cidades. Então o Waze não quer só oferecer atalhos, pois os caminhos estão congestionados, mas sim tirar os carros das ruas e colocar as pessoas dentro dos carros”.

Algo possível, considerando que cada vez mais as pessoas estão olhando os carros não como posse, mas como serviço. Isso é um problema para a indústria automobilística? Não necessariamente. “Se os carros podem ser comprados por pessoas que não precisam dirigir, podemos vendê-los para qualquer um”, diz Marcelo Santiago, gerente de desenvolvimento de projetos digitais da GM. Ele se referia principalmente à evolução dos carros autônomos. A GM também trabalha forte no serviço de concierge On Star e no compartilhamento de carros, por meio de um programa chamado Maven.

Ciaco, da FCA, disse que 90% das pessoas que compram carros da Fiat ou da Jeep fazem a escolha primeiro em seus smartphones. E que 63% dos compradores querem continuar conectados dentro de seus carros. Trabalhando em parceria com o Google, a FCA detectou que 65% da decisão de compra acontece sem o contato com o carro. Isso explica, por exemplo, o crescimento dos vídeos online em detrimento das tradicionais revistas especializadas.

FCA e Google: parceria para entender as mudanças nos hábitos dos consumidores de carros
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FCA e Google: parceria para entender as mudanças nos hábitos dos consumidores de carros

“Estamos vivendo um momento disruptivo e essa revolução está só começando”, observa Caio Ribeiro, do Mercado Livre. Ele disse que o mercado digital de carros a ser explorado é tão grande que nem uma eventual queda na venda de veículos, no futuro, afetará os negócios. O mais interessante disso tudo é que a combinação das tecnologias digitais com os carros permite que os proprietários ganhem dinheiro com o veículo. Seja na forma de venda por classificados online ou dando uma carona pelo Waze Carpool, a revolução digital propicia novas formas de receita. Sem contar os serviços de táxi por aplicativo, como Uber , 99, Cabify e Easy Taxi, além dos serviços de locação online, como o Vai.Car e a Zazcar.

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E você? Em que parte desse mundo está? Naquele mais tradicional, em que o carro é um bem para cuidar com carinho e no qual ninguém põe a mão? Ou nesse novo mundo digital, em que os carros são compartilhados de alguma forma? De um jeito ou de outro, todos estamos sendo afetados. OU no dia a dia com o carro, ou nos negócios no setor automotivo.

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