Toyota ou Honda? Para alguns brasileiros, essa questão provoca mais emoções do que a disputa presidencial entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Desde o final dos anos 1990, quando as duas empresas passaram a fabricar carros no Brasil, a preferência por uma ou outra marca japonesa mexe com os brios dos consumidores de automóveis. Porém, a longo prazo, já podemos dizer que a Toyota está vencendo sua disputa particular com a Honda em território brasileiro. Atualmente, a Toyota ocupa a sétima posição no ranking, com 143 mil carros vendidos e 8% de participação de mercado. A Honda vem logo em seguida, com 96,2 mil carros e 5,4% do mercado. Os números são de setembro.
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Embora esteja apenas uma posição à frente, a verdade é que a Toyota não é mais ameaçada pela Honda. São quase 47 mil carros de diferença e até o final do ano deve passar de 62 mil. Mas nem sempre foi assim. Se recuarmos dez anos, até setembro de 2008, quem estava na frente era a Honda. Naquela altura, a Honda vinha em sexto lugar, com 85,3 mil carros vendidos e 4,1% de participação no mercado. A Toyota aparecia em oitavo, com 57,3 mil emplacamentos e 2,7% do mercado. Esses números mostram como o salto da Toyota foi muito maior entre as marcas de carros japonesas . Ela praticamente triplicou suas vendas no Brasil em apenas dez anos, dando um salto superior a 85 mil veículos, enquanto o aumento da Honda foi de apenas 11 mil carros.
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E se recuarmos quinze anos, quando a Honda e Toyota ainda estavam nas primeiras temporadas de fabricação da dupla Civic/Corolla, as duas juntas haviam vendido pouco mais de 50 mil carros até setembro (a Toyota em sexto, com 3,2% do mercado, e a Honda em oitavo, com 2,2%). O Civic chegou primeiro, passando a ser fabricado no Brasil em 1997. Um ano depois foi a vez de o Corolla passar a ser produzido no Brasil. Mas a história da Honda e da Toyota vem de muito antes.
A primeira a chegar foi a Toyota, em 1959, com a fabricação do “jipe” Land Cruiser. Em 1962, o Land Cruiser foi substituído pelo Bandeirante, que ao longo de décadas construiu uma reputação de carro confiável para a Toyota. Já a história da Honda começou com as motos. Em 1976, a marca japonesa passou a fabricar a moto CG 125 em Manaus e até hoje tem um domínio impressionante nesse segmento. Quando estreou com os carros no Brasil, a Honda gozava de alto prestígio por causa das motocicletas e também pelos títulos de Nelson Piquet e Ayrton Senna na Fórmula 1 com seus motores, em 1987, 1988, 1990 e 1991.
Toyota e Honda têm táticas diferentes
Curiosamente, a Toyota já abriu 47 mil carros de vantagem sobre a Honda sem ter uma forte participação entre os SUVs, o segmento que mais cresce no Brasil. Atualmente, 24,2% dos carros vendidos no Brasil são SUVs. E nele a Honda dá uma surra na Toyota, pois tem o HR-V em segundo lugar com 35,6 mil vendas e o WR-V em décimo com 11,4 mil. O primeiro Toyota a aparecer é o antiquado SW4 (um dos poucos que ainda utilizam carroceria sobre chassi), na 11ª posição, com 9,7 mil emplacamentos. A Honda ainda tem o CR-V e a Toyota comercializa o RAV4, mas nenhum deles faz muito sucesso no Brasil, embora estejam entre os SUVs mais vendidos do mundo.
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A Toyota dá o troco nos sedãs médio e grande, com o domínio absoluto do Corolla (42,9 mil vendas) e uma discreta participação do Camry, enquanto o Civic ainda não atingiu 20 mil emplacamentos e tem o segundo lugar ameaçado pelo Chevrolet Cruze e pelo novo Volkswagen Jetta. Porém, esses sedãs superiores representam apenas 7,5% do mercado brasileiro. Da mesma forma, o domínio da Honda entre os monovolumes com o Fit não faz muito efeito nessa briga, pois a categoria é preferida por ínfimos 2,6% dos consumidores.
A Toyota compensa a fraca participação entre os SUVs com uma forte presença entre os sedãs compactos. Essa categoria tem 18,3% da preferência dos consumidores e nela a Toyota briga com o Etios (mais barato) e o Yaris (mais caro), enquanto a Honda aposta todas as suas fichas no City. Mas a grande diferença entre as duas marcas japonesas está nos hatches compactos. Também aqui a Toyota joga com a dupla Etios/Yaris, enquanto a Honda não tem nenhum modelo. Esse mercado representa 46,1% das vendas de carros no Brasil, quase a metade de tudo que se vende.
A Honda pode virar esse jogo, mas para isso terá de ser mais ousada na parte industrial. Enquanto a Toyota tem três fábricas de carros (São Bernardo do Campo, Indaiatuba e Sorocaba) e uma de motores (Porto Feliz), a Honda continua com apenas uma unidade em operação, em Sumaré. A fábrica de Itirapina foi concluída em 2017, mas só a partir de 2019 começará a produzir. As linhas de produção serão gradativamente transferidas para Itirapina e a fábrica de Sumaré será utilizada para a produção de motores. Também pesa a favor da Toyota o fato de as suas operações na América do Sul serem mais focadas na produção de automóveis do que as da Honda, divididas entre carros e motos.