Dizem que os números não mentem. Eu acrescento: se soubermos analisá-los, eles nos revelam o futuro. Por isso, arrisco a dizer que em poucos anos a Caoa Chery será uma das 10 maiores marcas de carros do Brasil. Se conseguir isso, será um feito extraordinário, pois há menos de um ano a Caoa Chery era uma raquítica 21ª colocada no ranking de vendas da Anfavea, com uma fábrica subaproveitada em Jacareí (SP).Ontem a Caoa apresentou o segundo fruto da parceria entre as duas marcas: o novíssimo Caoa Chery Arrizo 5.
LEIA MAIS: Toyota vence Honda na briga de longo prazo
Criado em Xangai por um ex-designer da Porsche, o Chery Arrizo 5
estreará no Salão de São Paulo na categoria do VW Virtus, do Toyota Yaris e do Honda City. Inicialmente, não será um carro de grande volume: a previsão é de 7.000 unidades vendidas na primeira temporada (2019). Porém, o Arrizo 5 é só um soldado no exército da Caoa Chery. Sua frente de batalha serão os SUVs Tiggo 2
, Tiggo 4 e Tiggo 7. O primeiro deles já está à venda; os outros dois serão revelados no salão.
LEIA MAIS: Renault Twizy tem potencial para resolver o problema do trânsito
Durante a apresentação do Arrizo 5 em Jacareí (SP), onde fica a principal fábrica da Caoa Chery, o presidente da empresa, Marcio Alfonso, falou sobre o crescimento da marca. Em novembro de 2017, o Tiggo 2 vendia apenas 285 unidades/mês. Isso dava a ele 0,16% de participação no mercado de SUVs. Este mês ele fechará na casa de 1.200 unidades, passando a deter 0,59% desse nicho. Somente por causa do Tiggo 2, a Caoa Chery passou de 21º para 15º lugar no ranking mensal de vendas. Mas tem mais. Além do Tiggo 2, do Arrizo 5 e do pequenino QQ, que são fabricados em Jacareí, a Caoa Chery também começará a produzir dos SUVs Tiggo 4 e Tiggo 7 em Anápolis (GO).
Chery Arrizo 5: nenhum carro parado
Alfonso disse que a previsão de vendas para 2019 é de 34.000 carros. Um crescimento e tanto para quem saiu de apenas 3.734 em 2017 e fechará este ano em cerca de 10.000. Novos parceiros estão se juntando no desenvolvimento e fornecimento para a marca. Hoje a empresa já tem Bosch, Magneti Marelli e Delphi como parceiros na área de equipamentos eletrônicos e conta com Pirelli, Continental e Michelin como fornecedoras de pneus. A área de depósito e distribuição de peças em Barueri (SP) foi ampliada para 14.000 m2. O objetivo é atender todos os casos em até 36 horas e os urgentes em até 24 horas, de forma que nenhum carro da marca fique parado por causa de peças. Alfonso disse que o carro parado gera custo e afeta o valor do seguro.
Projetando os 34.000 carros que a Caoa Chery pretende vender em 2019, nessa altura do ano (fechamento de setembro) ela estará com 25.000 unidades vendidas. Esse número já é suficiente para colocar a Caoa Chery em 11º no ranking de vendas do Brasil, ultrapassando, pela ordem, Peugeot, Citroën, Mercedes, Mitsubishi, BMW, Kia, Audi e Land Rover. Mas arrisco a dizer que não vai parar por aí. Assim que o Arrizo 5 estiver consolidado, a empresa iniciará também a fabricação do Arrizo 7, um sedã médio que competirá diretamente com Toyota Corolla e Honda Civic, entre outros.
Apesar de o objetivo da Caoa Chery ser oferecer a mais completa linha de SUVs do mercado brasileiro, ela está de olho também no apetitoso mercado de sedãs, que responde por mais de 500.000 carros/ano. Segundo o diretor de marketing da Caoa Chery, Henrique Sampaio, o Arrizo 5 terá uma rica oferta de equipamentos e duas versões com motor 1.5 turbo posicionadas entre R$ 69 mil e R$ 79 mil.
LEIA MAIS: Tiggo 2,4 e 7 mostram que o rei dos SUVs ataca novamente
Até 2020 o 11º lugar da Caoa Chery deverá estar consolidado. Porém, para figurar entre as top 10 do mercado brasileiro, a marca terá de apostar em um modelo que, por enquanto, está operando no “piloto automático”, o QQ, o carro mais barato do Brasil. A distância para a Nissan, décima colocada no ranking, é grande. Por isso, a Caoa Chery precisará apostar num carro de grande volume a médio ou longo prazo. E o QQ pode ser esse carro, desde que não tenha sua produção interrompida na China, onde passou a vender mal. Também não é exagerado imaginar que o próprio Tiggo 2, o SUV de entrada, se torne o carro-chefe da marca.