O Volkswagen T-Cross pede passagem. O compacto de origem alemã, fabricado em São José dos Pinhais, já é o quarto SUV mais vendido nas concessionárias do país. Segundo o ranking da Fenabrave, em maio o T-Cross perdeu apenas para Honda HR-V, Nissan Kicks e Hyundai Creta. A diferença para o Kicks e o Creta foi inferior a 260 unidades.
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Essa diferença é menor do que a distância que o T-Cross abriu para os famosos Jeep Renegade e Compass e Ford EcoSport nas vendas de varejo.
O T-Cross vem tendo um bom desempenho também no total de emplacamentos, quando são somadas as vendas para uso privado e para uso comercial (locadoras, aplicativos, táxis etc.). O SUV da Volkswagen passou da décima posição, em abril, para a sexta, em maio.
Ele ultrapassou o Chevrolet Tracker, os Renault Captur e Duster e o Ford EcoSport . Pela força das vendas diretas, os Jeep Renegade e Compass continuam na liderança das vendas totais. O T-Cross também já deixou para trás carros importantes como o Citroën C4 Cactus e o Toyota SW4.
No último trimestre do ano passado, quando estive na pista da Fazenda Capuava, em Indaiatuba (SP), para conhecer o T-Cross ainda em fase final de testes, o presidente da Volkswagen, Pablo De Si, não titubeou quando perguntei a ele qual seria o objetivo do T-Cross: “Ser líder”. Simples assim.
O executivo da Volks só não quis dar previsão de vendas, mas podemos estimar algo entre 66 mil e 72 mil carros quando o T-Cross atingir seu nível de voo de cruzeiro. Este ano não vai dar tempo de o T-Cross roubar a liderança da dupla da Jeep, mas em 2020 a briga promete ser boa. Com os números atuais de venda (3 mil unidades/mês), o T-Cross ainda está na fase de subida. Seu potencial de voo é no nível 5,5 ou 6 mil.
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A Volkswagen demorou para entrar no segmento de SUVs compactos. Mas, de alguma forma, isso talvez tenha sido positivo para ela, pois o mercado está mais maduro e as preferências do consumidor estão mais bem definidas. Não há necessidade de ter um carro muito alto ou capaz de subir paredes, com tração 4x4. Isso é apenas um nicho. O grande volume está concentrado em carros discretamente elevados, com posição de dirigir mais alta, porém com conforto e dinâmica de carro de passeio.
Fórmula vencedora do VW T-Cross
Faz algum tempo que a fórmula vencedora é essa, mas somente o T-Cross e o Cactus apostaram com maior ênfase em tal receita. O T-Cross tem a vantagem de ser um carro compacto com soluções contemporâneas. Seu motor mais potente é o 1.4 turbo. Na versão de entrada, utiliza um motor 1.0 turbo de apenas três cilindros. Tudo isso dá leveza ao carro e eficiência ao motor, que consegue combinar boa potência com baixo consumo. O Renegade, por exemplo, sofre com seu ultrapassado motor 1.8, pois o carro é pesado.
Outro fator que aparece nitidamente na gestão Pablo De Si é a redução de versões. Houve um tempo em que era preciso ter uma planilha de computador para entender todas as configurações dos carros da Volks.
Hoje, não. O T-Cross, por exemplo, tem apenas quatro versões. A topo de linha é a única a usar motor 1.4. As outras três são 1.0, mas somente a de entrada tem câmbio manual, e mesmo assim com seis marchas.
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Perfeito. Nada daqueles complicados câmbios I-Motion ou versão da versão da versão. O T-Cross nem sequer é o carro mais bonito das ruas. Seu design é tecnicamente correto, mas incapaz de disfarçar a frieza dos estúdios da Volkswagen. O que lhe falta em charme, todavia, sobra em racionalidade. E assim é a nova Volkswagen. Para o bem ou para o mal.
No caso do T-Cross , essa fórmula está dando muito certo. A resposta está nas vendas, em ritmo de subida.